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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Igualdade feminina: o que o mundo e Aghaia têm em comum?

Agosto. Dia 26. Uma data relevante para mim. Aniversário da minha mãe, nascimento do meu romance distópico “A Rainha Perdida” (Ed. Opala). Mas é também Dia Internacional da Igualdade Feminina e Dia Internacional dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Diferente dos aniversários, por que precisamos de um dia que lembre tantos direitos?

Há mais de 2000 anos, o mundo era um lugar horrível. O bicho “homem”, do sexo masculino, agia de forma irracional, sem medidas, respeito pelo próximo ou ética. Mulheres, crianças, pobres, empregados eram vistos como objetos, seres inferiores. Todos “escravos” deste “ser horrendo”.

Mas o mundo evoluiu. Mulheres mostraram força. Algumas se destacaram. Então, durante a Revolução Francesa, em 26 de agosto de 1789, é anunciada a Declaração Universal do Homem e do Cidadão. O Dia Internacional da Igualdade Feminina nasce em 26 de agosto de 1920, quando os EUA permitem o voto feminino.

O artigo 1º da declaração diz que os homens são livres e iguais em direitos. Mas ainda existiam muitos “bichos homens” que fingiam que o texto não se referia a “seres humanos”. Ainda era preciso lutar. No Brasil, por exemplo, apesar de algumas mulheres terem conseguido votar e eleger, no Rio Grande do Norte, em 1928, a 1ª prefeita brasileira, a mulher só teve o voto reconhecido em 1932, com um adendo: mulheres casadas precisavam ter a “permissão” dos maridos. A obrigatoriedade do voto feminino se deu, apenas, em 1965. Na Arábia Saudita, este direito só foi liberado há 9 anos.

Bom, voltemos à declaração que deveria ser de qualquer ser humano. Aprovada pela ONU, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos deixou isso bem claro. Todo ser humano é igual e livre, sem distinção de espécie, raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política etc.  Caso você nunca tenha lido a Declaração da ONU, sugiro que o faça.

Mas, no Brasil, ainda precisava mais. Em 1990, precisou do ECA. Sobre as mulheres, antes e depois de 1948, novas lutas garantiram ao público feminino o direito de estudar; trabalhar fora; não ser tratada como “propaganda enganosa” no casamento; não sofrer violência doméstica. Sem contar outras leis contra o racismo e homofobia.

Olhando para o mundo atual, tive a ideia de uma sociedade distópica onde a liberdade tivesse sido tirada não só fisicamente, mas também moralmente, pois foi excluída até do dicionário. Há no livro uma frase marcante: “Você não pode desejar o que não conhece”. E nisto se baseia o governo autoritário de Aghaia. Mas é um governo que, metaforicamente, poderia ser nossa sociedade. Todos seguem a Grande Lei e o povo acha que está correto trabalhar 14 horas por dia, idosos serem levados pela Guarda da Assistência porque estão doentes demais para continuar trabalhando, que basta a cada família receber a dose de comida e educação que a Capital determina. É triste pensar que Aghaia pode ser qualquer parte do mundo, pode estar aqui, no Brasil, ou em qualquer país que manipula as leis à vontade dos governantes.

Lá nas aulas de Biologia, aprendi sobre a hierarquia da classificação dos animais: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Tinha uma sequência que era muito fácil de identificar. O Reino Animal. Classe dos mamíferos. Ordem dos primatas (macacos e seres humanos). Família dos Hominídeos. Gênero homo. Espécie Humano (ou Homo Sapiens). Eis nós. Ser humano, “homem sábio”. Não lembro de serem citados a cor de pele, classe social ou gênero feminino ou masculino. Aprendi que somos eu e você (homem ou mulher; criança, adolescente, adulto ou idoso), todos seres humanos. Todos sábios, iguais.

Não tiro o mérito dos tratados e leis que conseguiram a igualdade das mulheres, crianças, raças. Mas isso tudo não vai adiantar nada se não mudarmos a semente cerebral do “bicho ser humano”. Se persistirem as discriminações e preconceitos, virá um novo século, e ainda estaremos lutando contra o que é humanamente hediondo.

Acredito que está na hora de mudarmos nosso foco de luta. Porque, hoje, o “bicho ser humano” continua sendo racionalmente um ser irracional. As diferenças nos tornam únicos, especiais e capazes de mudar o mundo e se conectar com o próximo. A igualdade pela qual precisamos lutar hoje é que tenhamos seres com a mesma educação, bom senso, ética, respeito e empatia. Isto nos iguala a seres humanos. Qualquer coisa diferente é bicho irracional.

 




Ana Cristina Melo - uma escritora carioca, com 20 livros publicados, e acaba de lançar A Rainha Perdida pela Editora Opala. É também publisher do Grupo Editorial Bambolê.

 

Casos de ansiedade e estresse mais que dobraram durante o período da pandemia. Veja como identificar os sinais e buscar o tratamento adequado

 Neste mês de agosto, completam-se 5 meses desde o início da quarentena no Brasil, e neste período, os casos de ansiedade e estresse mais que dobraram. Segundo um estudo da Universidade do Estado do Rio (UERJ), os números correspondem à constante sensação de medo e incerteza do futuro, além do acúmulo de tarefas por grande parte das pessoas.


Mas como diferenciar estresse e ansiedade?

A confusão entre os dois é muito comum. O estresse se dá devido à falta de capacidade adaptativa, ou seja, nem sempre conseguimos nos adaptar ou organizar nossas atividades, muitas vezes por acúmulo de funções. Já a ansiedade é uma preocupação excessiva e negatividade, que muitas vezes podem ser causadas devido a grandes níveis de estresse.

Com a quarentena, muitos começaram a trabalhar no sistema de home office. Porém, com o trabalho em casa, veio também o acúmulo de funções. A alteração da rotina não foi exatamente benéfica a todas as pessoas, uma vez que o excesso de trabalho, o cuidado e a atenção com os filhos e com a casa, tarefas que antes eram normais, porém mais facilmente separadas e concluídas, com o home office se tornaram mais difíceis e constantes. Além disso, outros fatores como o longo período de isolamento e a falta de socialização têm forte influência no psicológico.

Mas o estresse e a ansiedade não afetam somente aqueles que estão trabalhando em casa. Os trabalhadores que precisaram continuar seguindo suas rotinas nas ruas, também sofrem. O medo e a preocupação com o vírus, além da incerteza de estabilidade no emprego são fatores causadores do estresse. Mais ainda para os profissionais da área da saúde, que estão na linha de frente do combate à pandemia. O excesso de trabalho, a exaustão emocional e mental têm afetado grande parte dos profissionais.

E para identificar esses sinais de estresse e/ou ansiedade, é importante ficar atento a alguns sintomas físicos e psíquicos que acometem os pacientes e procurar ajuda médica:

  • Dores de cabeça e musculares
  • Alergias e problemas na pele
  • Alterações no sistema digestivo
  • Alteração no apetite
  • Taquicardia
  • Tonturas e tremores
  • Sensação de falta de ar
  • Alterações no sono
  • Cansaço frequente
  • Dificuldade de concentração
  • Insônia
  • Inquietação
  • Irritabilidade
  • Preocupações excessivas
  • Pensamentos catastróficos

Estes são alguns sintomas que podem significar um quadro de estresse e/ou ansiedade. E é de extrema importância buscar ajuda médica para cuidar desses sintomas.

O atendimento médico irá nortear um tratamento adequado para cada situação. Por isso, é fundamental que os sintomas não sejam ignorados, pois os quadros também podem evoluir para outros problemas, como depressão ou síndrome do pânico. No geral, algumas ações simples podem auxiliar e, muitas vezes, mitigar os sinais. Neste sentido, a prática de atividades físicas regulares, uma dieta saudável e exercícios de relaxamento para regular o sono podem ajudar a reduzir a ansiedade, além de técnicas de respiração e relaxamento, meditação e terapia, para contribuir na regulação emocional do paciente. Participar de um grupo de apoio, mesmo que virtual, também pode ajudar. Para controlar os sintomas de forma eficaz, é recomendável evitar a cafeína, o álcool e a nicotina.

 


Trasmontano Saúde

https://www.trasmontano.com.br/


Falta de libido pode ser causada por problemas hormonais ou questões emocionais

Segundo a psicóloga Naiara Mariotto, disfunção acomete majoritariamente mulheres, mas homens também podem sofrer com falta de resposta sexual. 

 

A falta de libido, popularmente conhecida como falta de desejo sexual, afeta grande parte das mulheres ativas sexualmente. Diretamente ligada ao hormônio estrogênio, a queixa pode evoluir para um quadro mais grave que pede a investigação dos motivos ou, até mesmo, um tratamento com um psicoterapeuta especialista.  

De acordo com a psicóloga e sexóloga Naiara Mariotto, a perda ou diminuição da libido pode ser causada por alterações hormonais que resultam em problemas nas respostas sexuais e refletem em disfunções relacionadas à libido, à ereção e ao orgasmo. 

“Entre as causas, algumas medicações, como o ansiolítico e o antidepressivo, podem ocasionar um corte instantâneo ou gradual da fabricação do estrogênio, que é o hormônio provedor da libido no caso das mulheres. A fase do ciclo menstrual, o uso de drogas, o alcoolismo, a diabetes desregulada e problemas cardíacos também são possíveis motivos da disfunção”, afirma. 

Além da questão fisiológica, Naiara explica que o estado emocional da paciente também pode interferir na produção e estímulo da libido, seja porque a mulher não está bem com ela mesma ou porque não está à vontade com o parceiro ou parceira. 

“O próprio vaginismo, por exemplo, não afeta diretamente a libido, mas deixa a mulher tão apreensiva com a dor durante o ato sexual, que antes, quando ainda está na preliminar, ela fica tensa e perde o desejo”, explica. 

Apesar de acometer majoritariamente as mulheres, a falta de libido também tem sido uma queixa bastante comum aos homens em clínicas de psicoterapia. Segundo a sexóloga, os motivos, geralmente, são parecidos aos das pacientes mulheres. 

“Se for algo emocional, é recomendável entrar com a psicoterapia ou terapia sexual para trabalhar essas questões, porque pode afetar ainda as outras fases da resposta sexual, como o orgasmo, e virar uma bola de neve”, disse. 

 

Dicas para estimular a libido 

            Segundo a sexóloga, muitas mulheres que sofrem com a falta ou diminuição da libido ainda se sentem constrangidas em procurar ajuda com um psicoterapeuta especialista. Por isso, ela separou algumas dicas importantes que ajudam no estímulo do desejo. Veja abaixo: 

Faça um exame geral: a primeira dica é procurar um médico de confiança para pedir um exame hormonal que ajude a investigar se a causa é fisiológica ou emocional; 

Faça atividades físicas: é importante que a mulher esteja bem e cuide da sua autoestima, pois ela está diretamente ligada à autoestima sexual, à libido, ao desejo e às fantasias; 

Cuide de você: faça coisas prazerosas visando o autocuidado para ter mais motivação. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer você valorizar o seu eu; 

Tente realizar exercícios vaginais: estimular os músculos da vagina pode fazer com que a mulher se sinta mais confortável na hora da relação sexual. Para isso, pratique o exercício de Kegel ou o pompoarismo, que são técnicas de contração e relaxamento da musculatura vaginal; 

Conheça seu corpo: o toque é importante para que a mulher entenda quais movimentos provocam mais sensações. Nós vivemos em uma sociedade que não deixa a mulher se conhecer, se tocar, se entender e isso pode gerar limites sexuais na fase adulta. Se você não consegue proporcionar prazer a si mesma, como o outro vai conseguir? 

Pense sobre seus desejos e fantasias: logo cedo quando acordar, comece a estimular a sua imaginação e alimente seus próprios desejos durante o dia. Quando chegar a noite, você estará mais preparada para o ato.  

 

 



Naiara Mariotto - atua há 12 anos como psicóloga clínica, seguindo a abordagem cognitivo comportamental. É especialista em relacionamentos e equilíbrio emocional, psicoterapeuta, sexóloga, supervisora clínica e palestrante. É fundadora da Clínica Naiara Mariotto, em Araraquara (SP), onde oferece atendimentos para crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias, além das terapias corporais e relaxantes. 


Atividades on-line aliviam a tensão e ajudam a evitar transtornos psicológicos

Com o isolamento social necessário devido à Covid-19, a prática de atividades em casa via plataformas on-line está em alta. E não é só para entreter e espantar o tédio: trata-se de valorosa contribuição com a saúde mental, que ajuda a evitar quadros de ansiedade e depressão. 


Yoga, meditação, exercícios funcionais, a exemplo do que a CAASP oferece para a advocacia, exercem esse papel.

"Essas atividades são maravilhosas, e podem ser usadas como coadjuvantes no tratamento de sintomas de transtornos psiquiátricos. Claro, nos quadros diagnosticados de transtorno, não substituem o acompanhamento psicológico e farmacológico", explica Sibele Faller, diretora científica Bee Touch, parceira da Caixa de Assistência na plataforma de saúde mental CAASPsico.

"É importante que essas atividades tenham regularidade, que componham realmente a rotina das pessoas e não sejam apenas algo esporádico", salienta a psicóloga.

Coordenadas pelo Departamento de Esportes e Lazer da CAASP, sob responsabilidade do diretor Roberto Araújo, as aulas de yoga e os treinos funcionais disponibilizados no Mês da Advocacia mobilizaram 809 pessoas. Já as sessões de meditação realizadas pelo Instituto Evoluir para a advocacia, iniciativa do setor de Eventos da Caixa, área sob responsabilidade da diretora Andréa Regina Gomes, tem reunido 100 advogados, advogadas, estagiários e estagiárias de Direito a cada seção, sempre às segundas-feiras, às 20 horas, para a prática milenar.

No caso dos treinos funcionais, soma-se ao fator antiestresse a necessidade de manter músculos e articulações em dia, evitando-se lesões. Foi essa a preocupação que levou as advogadas Leda Maria de Andrade, de Ribeirão Preto, e Inês Ferreira da Silva, de Taboão da Serra, a aderirem ao programa de exercícios da Caixa. Ambas participam das aulas de treino funcional da educadora física Andréa Gomes, ministradas às terças e quintas-feiras, às 19h30.

"Os exercícios respeitam o grau de dificuldade os participantes e são desafiadores. A professora, além de notável conhecimento e experiência na área, está sempre de bom humor, incentiva e corrige a execução dos nossos movimentos de forma muito atenciosa", observa Leda.

"Achava que treinos em casa e on-line não dariam certo, justamente por conta das correções que podem se fazer necessárias. Mas fui surpreendida pela atenção com que a professora conduz a aula e faz todas as correções em nossos movimentos", registra Inês.

Quem também quebrou paradigmas foi a advogada Christina Alexandra Telles da Silva, de São Paulo. Ela aderiu às aulas de SwáSthya Yôga às segundas, quartas e sextas-feiras, às 20h, com instrutores da Pura Vida On-line, parceira da CAASP.

"Confesso que, no início, fiquei imaginando como seriam as aulas e se conseguiria acompanhar, mas, realmente, o fato de estar praticando os exercícios com o professor em tempo real, ainda que on-line, traz sensação de segurança e motiva, diz Christina.

Manter-se ativas de modo on-line tem sido uma ferramenta importante para as advogadas Paula Tateishi Mariano, de Campinas, Adriana Ribas Fukushima, de Ipiguá. Elas diminuíram o estresse e a ansiedade potencializados pelo isolamento social.

"Eu estava numa rotina de trabalho muito intensa e de certa forma nociva. Desde que iniciei as aulas encontrei um equilíbrio entre o trabalho, o descanso, a boa alimentação e o sono", conta Paula, que aderiu ao yoga.

"São inúmeros os benefícios. Sinto-me muito mais disposta fisicamente e incentivada. A mente fica mais leve, o cansaço mental some nas aulas", salienta Adriana, que integra o grupo de treino funcional.

Laís Fichina, de Ribeirão Preto, destaca o ganho motor e a consciência corporal adquiridas com as aulas de yoga: "Hoje, meu corpo está muito mais alongado e flexível do que na primeira aula. São ganhos que vão além do momento de aula, pois percebo que minha postura durante as horas de trabalho também melhorou".

Adepta das sessões de meditação, a advogada Juliana Romani Cagnacci, de São Paulo, diz que o maior benefício dessa atividade "é a capacidade de nos fazer abster por alguns momentos dos problemas do dia a dia, de trazer uma paz interior que nos reconectarmos conosco. Essa percepção de que a meditação é um momento de conexão comigo mesma foi algo que só percebi durante as sessões guiadas oferecidas pela CAASP e, no final das contas, é algo de suma importância".

Para Andréa Aparecida Tessaro, os maiores benefícios da meditação são a calma, o equilíbrio e o controle das emoções, especialmente da ansiedade, e o aumento da concentração". Segundo a advogada de Mairiporã, trata-se de "experiência única, difícil de descrever, mas que eu encorajo os colegas, advogados e advogados , a experimentarem".

 

Brincar sozinho estimula a criatividade e a imaginação das crianças

Gus Benke

É importante momentos de diversão entre pais e filhos, mas é essencial dar espaço para a criança brincar sozinha para o seu desenvolvimento social e afetivo


Brincar é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento cognitivo, emocional, físico e social de qualquer criança. Brincar é imaginar um mundo com diversas estórias e personagens, como super-heróis, princesas, monstros e muito mais. E brincar sozinho é essencial para a evolução das crianças e os pais não devem se sentir culpados se não participarem das brincadeiras dos pequenos. 

Neste período de isolamento, em que as crianças estão em casa por conta da COVID-19, os pais podem incentivar os filhos a brincarem sozinhos e a desenvolverem sua imaginação. “Reforço que o principal trabalho da criança é brincar. E um dos aspectos essenciais das brincadeiras é que elas estimulam a imaginação, isto é, constroem uma realidade, se inserem nela e vivem intensamente”, afirma o psicólogo da Clínica de Terapia Cognitiva AMI, Ary Maoski.

“No primeiro ano de vida, a criança faz brincadeiras sozinhas explorando e manipulando objetos, propiciando o desenvolvimento dos seus órgãos sensoriais motores. Após esta etapa, a criança começa a construir coisas com objetos e brinquedos e começa a perceber que é capaz de interferir, criando coisas novas, seja na sua imaginação ou na realidade concreta”, explica o psicólogo. Maoski também ressalta que, conforme a criança amadurece, ela entra em um “mundo do faz de conta”, onde experimenta objetos, como “usar parte de um brinquedo para ‘fazer de conta’ que está penteando os cabelos ou está comendo algo com uma colher de brinquedo”.


Como os pais devem incentivar as crianças a brincarem sozinhas

Primeiramente, estimular a criança a brincar sozinha não significa largar a mesma em um canto e abandoná-la em um mundo imaginário. A supervisão e o acompanhamento dos pais ainda é importante. Caso o pequeno tenha alguma dificuldade em iniciar a brincadeira, os pais podem se envolver nas atividades iniciais e ir se distanciando aos poucos.

“Se a criança não tem vontade de brincar, se repete seguidas vezes, consideramos que seja adequado realizar acompanhamento e uma avaliação do que pode estar ocorrendo. Entender o momento pelo qual a criança está passando, reforçar os laços afetivos e estimular seu aprendizado é o nosso desafio como pais”, complementa Ary, psicólogo da Terapia AMI.

Para desenvolver a criatividade, o ideal é substituir brinquedos tecnológicos (vídeo games, tablet, TV) por objetos que podem ser usados de diferentes formas, como peças de montar. Outro ponto importante é criar um espaço para as brincadeiras, em um local seguro e com um adulto por perto, com brinquedos apropriados para a idade da criança, para que ela tenha autonomia e brinque de forma independente. É importante nunca interromper quando a criança estiver brincando sozinha, pois é neste momento que ela está imaginando, exercitando a criatividade, a autonomia e aperfeiçoando diversas habilidades, inclusive a de resolver problemas.


Principais benefícios do brincar sozinho

 De acordo com Ary Maoski, psicólogo da Terapia AMI, existem inúmeros benefícios das crianças brincarem sozinhas, entre os principais estão:

- Apoia o desenvolvimento das funções executivas, tais como planejamento, organização, controle, tomada de decisão, memória operacional, entre outros (importantes funções para a vida adulta);

- Fortalece a autoestima, pois a criança percebe que consegue realizar atividades por conta própria, dando um sentido de autonomia e independência;

- Ajuda a desenvolver a identidade pessoal;

- Aprende a lidar positivamente com a solidão;

- Incentiva a imaginação e a criatividade;

- Explora o ambiente a sua volta.

 



Terapia AMI

 www.terapiaami.com.br


COISAS DA VIDA BANAL

A relação conjugal, o cotidiano de um par amoroso forma cumplicidades, cria segredos, inventa dizeres só seus. Também mostra o avesso de cada qual e suprime inibições. Após algum tempo, segundo me contam, na intimidade de um casal quase tudo está exposto por um diante do outro.

 

Não se trata de perder a vergonha. Parece que a vergonha perde o sentido. Ora, vergonha é falta de confiança em si ou escrúpulo diante do outro, o que leva à repressão de grandes e pequenas vontades. O cotidiano vai dando jeito nessas coisas. Num dia atos contidos; noutro tudo é trivial.

 

De fato, o dia a dia vai produzindo uma moralidade doméstica, com códigos para compreensão e uso do casal. Nessa moralidade caseira dia a dia se vai diluindo a moralidade individual das partes que gozam de intimidade. As partes se sabem, com tudo o que isso tem de bom e mau.

 

Entre a porta da sala e a da cozinha há mais segredos do que entre o céu e a terra. Esses segredos, claro, são para os de fora, que dentro de casa basta prestar atenção aos detalhes que uma parte saberá o que quiser e o que não quiser saber da outra. Jeitinhos e bardas falam por si.

 

Cada parte está exposta à outra de muitos modos, por muitas vezes, por muito tempo. A moral individual aberta é exposição plena. E mais do que a moral, de tanto se expor, expõe-se, também, a compostura dos modos. A correção de maneiras vai recebendo licenças até o completo abando.

 

Não demora muito e se abandona a barriga, a barba, a depilação, a tampa do bacio, os gazes, as vestes, o palavreado. Fica-se, e o que é pior, com toda a licença para ficar, relaxado. Cada parte desavista o descuido da outra para poder também se descuidar. A coisa desanda em desinteresse.

 

Exibir-se no melhor de si é coisa do namoro, obsoleta estratégia de sedução. Realizado o encanto, desanda o amor próprio; a vaidade desvia-se em desapreço esculachado. E não é por menosprezo ou desafeição; é por quedar-se desatento de cuidar e de cuidar-se. É desmazelo e só.

 

Não sou de conselhos, mas recomendei a uma amiga: viver com alguém? Mantenha o nível. Se desenhar expectativa alta, sustente a coexistência elevada. A vulgarização do comportamento no contubérnio devasta a sensação do belo, do amoroso, da graça de coexistir. Acaba o tesão.

 

Não há tesão que resista à estética do desapaixonado, inclusive por si próprio. Se o olhar-se no espelho já não acorda Narciso, não acorda mais nada. Ninguém se interessa pelo olhar do outro se não se interessa por olhar-se. Quero que o outro aprecie o que eu aprecio em mim.

 

Amigo meu segredou-me um causo de declínio de intimidade. Não era briga, o casal só não se curtia. Ele não escanhoava o rosto; ela deixou de acarinhá-lo. Ela relaxou os pelos; ele largou de afagá-la. Já ninguém passeava a mão pelo corpo de ninguém. Morreu-lhes o gosto.

 

Enfim, era triste: a coisa ia de ruim para pior. Perdurava o silêncio, a tv ainda salvava a situação. O problema, aliás, agravou-se exatamente por causa disso: a televisão. O filme tinha rapazes bonitos e gestos carinhosos. Havia sexo. Ela, tocada pelas cenas, tomou-se de vontade de namorar.

 

A transa ia boa, mas, aí, o rosto dela: olhos fechados e um sorriso gostoso que há tempos não era assim. Ele encheu-se de pensamentos. Não parou enquanto pensava, mas não dava para não pensar: não era com ele. Ela não estava com ele. Ele a conhecia bem, sabia que aquele jeito entregue, sem pressa, era qualquer coisa que não era transar com ele.

 

Para, não para, falou: abra os olhos. Ela nem se mexeu; ou não ouviu, ou desentendeu. Repetiu. Ela olhou, mas não desmanchou o sorriso. Ele foi macho: ou é comigo, ou não é com ninguém; fica de olho aberto, tem que me ver. Ela ficou, mas, olhos no teto, passeou com a imaginação. Meu amigo me disse: um com o outro, foi a última vez.

 


Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicólogo e Jornalista.


Perdão pode ser o antídoto para a intolerância nos tempos atuais

Pesquisas apontam que perdoar proporciona inúmeros benefícios à saúde


O mundo vive tempos de forte intolerância, sentimento que tem encontrado terreno fértil nas redes sociais e onde junto com discursos de ódio conquista cada vez mais adeptos. A sociedade está cada dia mais intransigente com as causas diferentes do comum. Já é tempo de repensar os posicionamentos agressivos e apostar na serenidade, empatia, afeto, e no perdão como antídotos para essa hostilidade.

É hora de aprender a perdoar. Um número cada vez maior de pesquisas indica que o perdão proporciona uma série de benefícios à saúde. Qualquer pessoa pode se tornar mais tolerante quando desenvolve hábitos como a empatia, passando a focar no lado bom das coisas.

De acordo com Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia, quando não perdoamos os outros, nos colocamos em uma escravidão mental, física e emocional. “E quando permitimos que isso ocorra, a pessoa que nos feriu pode nos colocar em uma gaiola, sendo que somos os únicos que podemos nos libertar dela”, reforça Flora.

Para a especialista, a habilidade de perdoar prevê uma saúde positiva tanto mental quanto física. O ato do perdão protege contra os efeitos negativos do estresse e faz bem tanto à saúde de quem é perdoado como, principalmente, de quem perdoa.

O Ph.D Frederick Luskin, um dos maiores estudiosos sobre o perdão e diretor do Forgiveness Projects, da Universidade de Stanford, concluiu uma extensa pesquisa sobre o treinamento e a medição da terapia do perdão. Sua pesquisa demonstra que esse ato tão importante leva a um aumento da vitalidade física, esperança, otimismo e habilidades de resolução de conflitos.

“Minha pesquisa mostrou que aprender a perdoar ajuda as pessoas a magoar menos. As pessoas que aprendem a perdoar relatam menos sintomas de estresse, como dores nas costas, tensão muscular, tonturas, dores de cabeça e dores de estômago. Além disso, descrevem melhorias no apetite, no padrão de sono, na energia e no bem-estar geral”, afirma Luskin.

Porém, ele adverte que perdoar não é fácil, mas é uma competência que pode e deve ser treinada pelas pessoas que desejam ser feliz. “Perdão não significa que você precisa se reconciliar com alguém que o tratou mal. Se você foi vítima de abuso, agressão ou está em um relacionamento difícil, pode perdoar o ofensor e, como parte dessa escolha, tomar a decisão de encerrar ou limitar o contato com ele. O perdão é principalmente para a sua paz de espírito”, esclarece Frederick Luskin.


Os 9 passos do Perdão

Se o perdão é tão bom e positivo para o ser humano, por que poucos optam por perdoar quando as pessoas as machucam? A resposta pode estar na cultura atual que valoriza mais a expressão da raiva e do ressentimento do que a paz do perdão. Além disso, a maioria das pessoas está confusa sobre o que é e o que não é perdão. As tradições religiosas, geralmente, reforçam a importância do perdão, mas não oferecem as etapas práticas de como fazer.

Em seu livro ‘O Poder do Perdão’, Luskin apresenta um processo, desenvolvido por ele, composto por nove passos que ajudam a pessoa a transformar o ato de perdoar em uma prática habitual e recuperar o controle de sua vida. São eles:

  1. Entenda exatamente como você se sente a respeito do que aconteceu e seja capaz de articular isso, falando a respeito com pessoas de sua confiança.
  2. Assuma com você o compromisso de superar. O perdão é para você, e mais ninguém.
  3. Perceba que perdão não significa, necessariamente, reconciliação.
  4. Adote a perspectiva certa: a principal fonte de sua mágoa é o sofrimento emocional e físico que você está passando agora e não a pessoa ou evento que a causou.
  5. Pratique técnicas de controle de estresse sempre que começar a se sentir irritado ou zangado.
  6. Não espere de outras pessoas aquilo que elas não têm para dar a você.
  7. Estabeleça objetivos positivos e descubra outras maneiras de atingi-los que não seja por meio da experiência que feriu você.
  8. Lembre-se de que uma vida bem vivida é a melhor vingança. Ao focar em suas feridas, você está dando poder à pessoa que o feriu. Aprecie o que se tem ao invés de concentrar-se naquilo que não tem.
  9. Dê um novo significado ao seu passado e inspire-se sempre em sua escolha de perdoar.

 

 


Flora Victoria - mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela University of Pennsylvania. Foi considerada a Embaixadora da Felicidade no Brasil por Martin Seligman. É autora de importantes obras como Semeando Felicidade (2017) e Florescimento na Prática (2019) e prepara o seu mais novo livro, editado pela Harper Collins, que será lançado no início de 2020. Possui graduações acadêmicas e especializações nas áreas de Governança Corporativa, pela Harvard Business School; MBA, pela FGV; Marketing, pela ESPM e Tecnologia, pela USCS.


10 bons motivos para você sentir raiva

 Patrícia Santos, especialista em gerenciamento da raiva


Sabemos que a raiva tem uma reputação negativa quando comparada a outras emoções e a causa pode estar nas crenças, bem como na manifestação óbvia de seus resultados quase sempre destrutivos, como agressão e violência. De fato, muitos acreditam que estaríamos melhores se a raiva não existisse. O que precisa ser entendido, no entanto, é que todas as emoções são apropriadas em determinadas circunstâncias, quando experimentadas em um nível ideal.

A raiva não é apenas uma reação agressiva, muitas vezes o seu papel principal é, na verdade, fornecer informações que permitam interagir melhor com o mundo e com nós mesmos. Até a raiva pode ter qualidades valiosas e, quando identificada ainda na intensidade leve à moderada, pode ajudar a melhorar a nossa vida e o mundo ao nosso redor. Listei aqui, portanto, dez bons motivos para sentirmos raiva e percebermos como ela pode ser benéfica, quando administrada de forma apropriada. São eles:


1. Ela promove a sobrevivência

Para que possamos nos defender de um inimigo, de um perigo, nos proteger contra uma agressão. Nesses momentos, a raiva é ativada automaticamente e, de forma muito positiva e na medida certa, pode nos levar a reagir e a agir com rapidez e força para nos proteger.


2. Conscientiza sobre a injustiça

Muitas vezes, sentimos raiva quando nos negam direitos ou quando somos confrontados com insultos, desrespeito, injustiça ou exploração. Esse tipo de raiva pode trazer mudanças positivas na sociedade e aumentar o custo social do mau comportamento.


3. Auxilia a satisfazer suas necessidades

Os indivíduos que experimentam e demonstram sua raiva adequadamente estão em uma posição melhor para satisfazer suas necessidades e controlar seu destino, muito diferente daqueles que acabam suprimindo sua raiva. A raiva está relacionada a uma profunda necessidade de controle e protege o que é nosso. Ajuda- a sentir-se responsável, ao invés de impotente.


4. Energiza e motiva a resolver problemas

Nas situações do dia a dia, a raiva serve como uma força positiva para motivar a defender o que acreditamos e encontrar, de forma criativa, soluções para os desafios e problemas do cotidiano. Se as coisas não estão do jeito que deveriam estar e precisam mudar, a raiva impulsiona a fazer algo e motiva a encontrar soluções rapidamente.


5. Ajuda a conquistar metas

A raiva impulsiona a buscar os objetivos e as recompensas desejadas. Quando não conseguimos o que queremos, a raiva é desencadeada e indica que nos afastamos de nossas metas. A raiva tenta eliminar o que impede de realizar nossos desejos, mas, isso é algo que energiza e nos leva a agir para alcançar nossos objetivos, trabalhando em direção aos ideais. Surpreendentemente, injeta otimismo.


6. Protege valores e crenças

A raiva serve como um indicador e regulador social e pessoal de valor, que é ativado quando nossos valores não estão em harmonia com aquela situação que enfrentamos. Dessa forma, nos conscientiza de nossas crenças profundas e do que defendemos. Também motiva a corrigir as discrepâncias e a tomar medidas para mudar a situação (ou crenças) para alinhar a realidade que enfrentamos com nossos valores.


7. É uma excelente ferramenta de negociação

A raiva leva a responder aos conflitos e negociações em benefício próprio. Isso faz com que outras pessoas repensem suas posições contra aquilo que estamos defendendo no momento.


8. Proteção para sentimentos dolorosos

Semelhante aos mecanismos de defesa, ela também serve para proteger de uma dor, de uma situação, de um sentimento como, por exemplo, ter sido rejeitado, abandonado, não amado; coisas que são consideradas quase que insuportáveis.


9. Coloca limites

A raiva ajuda você a descobrir seus limites e comunicá-los.


10. Autoconhecimento

A raiva fornece insights sobre si mesmo, quando há um aprofundamento para entender a sua fonte. Também é um eficaz indicador sobre falhas e deficiências. Se analisada de forma construtiva, as atitudes durante as fortes emoções e períodos de irritabilidade, podem levar a resultados positivos, melhorando a inteligência emocional.

Portanto, da próxima vez que você sentir que está ficando com raiva, pergunte-se o que ela pode estar lhe mostrando e faça o movimento sem violência para tentar contornar a situação.

 



Patrícia Santos - Consultora, escritora e palestrante, docente em cursos de pós-graduação em diversas instituições pelo país. É especialista em Anger Management (Gerenciamento da Raiva), pela National Anger Management Association - NAMA de Nova Iorque, EUA, onde também é fellow. É coautora do livro "Raiva, quem não tem?". A obra é um verdadeiro crossfit emocional que não só discorre sobre o tema, mas também ensina o leitor a medir, encarar, transformar e a seguir em frente.

 

Automutilação é um sintoma que não pode ser ignorado

Os pais precisam ficar atentos e buscar tratamento


A automutilação costuma ser um sintoma de transtornos emocionais graves, como depressão, transtornos de personalidade e alimentar. Na maioria das vezes, quem comete automutilação não tem intenção de cometer suicídio, e sim de sentir a dor física ao invés da emocional, para se punir ou esperando se sentir melhor.

Geralmente, os sintomas vêm acompanhados de pensamentos agressivos que podem ser notados por quem está a sua volta, mas como os primeiros sinais, comumente, aparecem durante a adolescência, os pais podem deixar passar.

“Infelizmente, apesar dos locais que geralmente são acometidos pela automutilação serem acessíveis, a pessoa transtornada os cobre e tenta esconder, demonstrando que precisa de ajuda de outras formas, então deve-se ficar atento”, explica Madalena Feliciano, hipnoterapeuta.

A principal forma de tratamento é a psicoterapia, mas existem outras opções, como a hipnose. Todo o tratamento é terapêutico, transformando a dor que o leva a cometer a automutilação em algo diferente, que causa bem-estar.

“Cortar o problema pela raiz é a melhor opção, ressignificando traumas, acabando com o comportamento ansioso e fazendo com que o cliente pare de se sentir aliviado com a dor”, finaliza.

 



Madalena Feliciano - Gestora de Carreira e Hipnoterapeuta

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Segundo pesquisa do DataFolha, 74% dos jovens estão mais tristes e ansiosos durante a pandemia

 

Psicóloga Ana Gabriela Andriani explica que o prolongamento do isolamento social afeta diretamente a saúde mental dos jovens e adolescentes

 

A terceira fase da pesquisa “Educação não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias” realizada pelo DataFolha aponta que de junho para julho 74% dos jovens estão mais tristes, ansiosos ou irritados. 

Segundos a psicóloga Ana Gabriela Andriani, doutora pela UNICAMP-SP, “o isolamento social afetou drasticamente a saúde mental dos jovens. A falta de convívio com os amigos, fez com que eles migrassem mais ainda para o mundo virtual e isso acabou afetando até pessoas mais equilibradas”. 

O estudo foi feito com cerca de 1.056 crianças e jovens que estudam em escolas públicas. Ainda segundo o DataFolha, os 74% fazem jus a seguinte porcentagem: de junho para julho, os irritados passaram de 45% para 48% e os tristes de 58% para 67%.

“Alunos da rede pública não recebem a mesma qualidade de ensino que os de rede privada. Logo, essa falta de auxílio nos estudos, juntando com a falta de liberdade, causa maior irritabilidade e chateação. Por isso o índice está tão alto”, destaca a psicóloga.

Além disso, a pesquisa ainda mostra que 51% dos jovens não se sentem motivados e isso resulta em 67% deles que não conseguem manter uma rotina. “É importante lembrar que adolescentes são mais frágeis emocionalmente e essa quarentena está trazendo fadiga mental para muitas pessoas”, comenta Ana Gabriela Andriani. 

Vale lembrar também que, grande parte da tristeza que os jovens estão sentindo se dá pela falta de perspectiva no futuro e pelas frustrações que eles carregam.

Porém, vale destacar que essa condição psicológica não é exclusiva de jovens da rede pública. “Atendo pacientes que estudam em colégios particulares que estão com as mesmas dificuldades. É preciso que essas pessoas procurem um bom profissional que os ajudarão a entender essa tristeza e sair dessa condição”, finaliza a psicóloga. 

 



Dra. Ana Gabriela Andriani - graduada em Psicologia pela PUC-SP e Mestre e Doutora pela UNICAMP, além disso é pós-graduada em Terapia de Casal/Família pelo The Family Institute, Northwestern University - Evanston, IL (USA). Ela também tem especialização em Psicoterapia Dinâmica Breve pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/USP e aprimoramento Clínico em Fenomenologia Existencial na Clínica Psicológica da PUC-SP. 

https://anagabrielaandriani.com.br/

 

Por que há idosos que se curam da Covid-19 enquanto jovens morrem?

Médico geriatra, nutrólogo e cardiologista Juliano Burckhardt faz uma análise da complexa e intrincada rede envolvida na imunidade do organismo no combate ao novo coronavírus



O Brasil tem mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus. Apesar de ser uma doença associada a idosos, ao analisar o perfil das vítimas é possível encontrar diversos jovens e até crianças. A mesma diversidade se observa ao analisar os pacientes que se recuperaram, há casos, inclusive, de pessoas com mais 100 anos. Surge a questão sobre como uma pessoa com mais de 90 anos se recupera da doença enquanto outra de 20 não resiste. Não existe uma única resposta, mas o nutrólogo, geriatra e cardiologista Juliano Buckhardt, que é integrante da American Heart Association - International Membership e Membro Titular da International Colleges for Advancement of Nutrology, detalha um pouco do complexo sistema de defesa do organismo e suas variáveis. “Atividade física, obesidade, alimentação, quantidade de vitaminas e minerais no corpo e microbiota do intestino são parte dos fatores”, explica o médico.

Ele destaca que o novo coronavírus ainda é um inimigo desconhecido e, portanto, a cada dia há novas surpresas e descobertas, “estamos lidando com um inimigo oculto, a comunidade científica tem se dedicado a pesquisar, não é uma tarefa fácil por ser um inimigo totalmente desconhecido e com características únicas”, destaca Burckhardt. Inicialmente eram grupo de risco os idosos e havia a crença de que o vírus se adaptaria melhor a ambientes frios, teses que caíram por terra. No Brasil, o Nordeste e o Norte apresentam números elevados, mesmo sendo regiões de clima quente durante todo o ano. Outro ponto, de acordo com o médico, foi a mudança da faixa etária: “notou-se principalmente no Brasil que a população mais afetada tem entre 50 e 59 anos, além de casos e óbitos entre jovens e crianças, enquanto que a OMS considera idoso quem tem acima de 60, foi um comportamento atípico de um vírus até então associado a pessoas mais velhas”.

O integrante de American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology fala sobre algumas pesquisas realizadas nestes meses de pandemia ao redor do mundo. Uma delas foi realizado na Alemanha, “os pesquisadores descobriram que pacientes de diversas idades com baixa vitamina D desenvolveram formas mais graves da Covid-19. Por outro lado, aqueles com níveis satisfatórios tiveram sintomas mais brandos, enquanto que quem tinha níveis elevados chegou a ficar assintomático”.


Outro estudo mencionado foi realizado nos estados Unidos sobre a relação entre obesidade e casos graves e óbitos.  “Um estudo de recente publicado no periódico científico The Lancet  afirmou que o obeso tem quatro vezes mais chances de desenvolver a forma grave da Covid-19 que alguém dentro do peso saudável”, afirma o médico. Ele explica que um estudo da Universidade norte-americana John Hopkins primeiro analisou idosos, vistos como mais suscetíveis em função das comorbidades associadas à idade. Até que surgiram diferenças significativas entre obesos e não obesos, a análise foi então ampliada para obesos não idosos e se constatou que quem está acima do peso ideal, em qualquer idade, tem mais chances de desenvolver a forma grave da Covid-19 que um idoso com peso normal, “chamou atenção que obesos jovens tinham um prognóstico tão ruim ou pior que os idosos não obesos”, explica Burckhardt.

O peso é frequentemente resultado do estilo de vida. O médico elenca a prática de atividades físicas entre fatores relevantes. “Exercícios aumentam a irisina, hormônio que que faz uma proteção natural contra o coronavírus”, afirma. Sem contar hábitos alimentares, microbiota intestinal, quantidade de vitaminas D e C e de Zinco no organismo, “o Zinco é um mineral que ninguém fala a respeito, mas ele dificulta a replicação do vírus, foi comprovado que quem tinha níveis maiores de zinco teve melhores respostas à doença”. O Dr. Juliano Burckhardt alerta, no entanto, que estes aspetos não poder ser considerados uma vacina ou a cura para a Covid-19, “são apenas estratégias que usamos para minimizar os riscos”, alerta.


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