Brasil é o sexto
em ranking "Índice da Ignorância", sobre distorção entre percepção e
realidade, atrás de Índia (1º), China (2º), Taiwan (3º), África do Sul (4º) e
EUA (5º)
Para entender o quanto a pessoas conhecem da
realidade social em que estão inseridas, a Ipsos entrevistou 27,5 mil pessoas
em 40 países, incluindo o Brasil, entre 22 de setembro e 6 de novembro. A
pesquisa “Os Perigos da Percepção” revelou que a maioria dos países pesquisados
acredita que a população mulçumana é maior do que realmente é. Além disso,
acham que essa população vem crescendo num ritmo mais acelerado do que de fato
vem. Todos os países pensam que sua população é menos feliz do que afirma ser.
A maioria dos países aceita melhor homossexualidade, aborto e sexo antes do
casamento do que imaginam. Em relação à desigualdade social, eles acham que as
riquezas são menos concentradas do que realmente são.
O Brasil é o sexto país no ranking “Índice da
Ignorância", sobre distorção entre percepção e realidade, atrás de Índia
(1º), China (2º), Taiwan (3º), África do Sul (4º) e EUA (5º). Holanda, Grã-Bretanha,
Coreia do Sul, República Tcheca e Malásia, respectivamente, estão em outro
extremo, com as opiniões mais precisas sobre os dados de seus países.
O ranking “Índice de Ignorância” é formado a partir
da média computada dos resultados do estudo Ipsos – “Perigos da Percepção”. Por
resultado, a empresa de pesquisa entende a diferença entre as respostas
fornecidas pelos entrevistados do estudo (percepções) e os dados oficiais de
cada país (realidade). Quanto maior a diferença entre percepção e realidade,
pior é a classificação do país. Todas as questões têm o mesmo peso.
A pesquisa revela que há problemas sérios com
percepções erradas em vários países. Na França, os entrevistados acham que 31%
da população é muçulmana, quando é apenas 7,5%. E os franceses pensam que 40%
de sua população será muçulmana até 2020, quando as estimativas indicam que
será cerca de 8,3%. Os entrevistados brasileiros também acham que o país tem
uma população mulçumana muito maior do que realmente tem. Atualmente, menos de
0,01% da população no país segue a religião de Alah, mas a percepção é de que
são 12%.
Distribuição de renda também foi um tema que mostrou
grande divergência entre percepção e realidade. Na Índia, os respondentes
pensam que 70% dos mais pobres possuem 39% da riqueza nacional, quando, na
verdade, possuem apenas 10%. Os americanos acham que os 70% mais pobres possuem
28% da riqueza do país, quando é, na realidade, ainda menor do que a Índia, com
apenas 7%. Os brasileiros, por sua vez, acham que os 70% mais pobres possuem
24% da riqueza do país, mas na realidade só possuem 9%.
“Uma leitura geral da pesquisa mostra um mundo (e
particularmente o ocidental) mais cheio de medo e intolerância do que é
justificado pelas realidades. É muito 2016. A pesquisa também reforça o porquê
de "pós-verdade" ser a palavra do ano. A pós-verdade é definida por
Oxford Dictionaries como circunstâncias em que fatos objetivos são menos
influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crença
pessoal. E esta é exatamente a explicação para muitos dos padrões que vemos em
nosso estudo”, analisa Bobby Duffy, diretor da Ipsos Mori, unidade da Ipsos no
Reino Unido e responsável pelo levantamento “Perigos da Percepção”.
A pesquisa mostrou que as pessoas pensam que a
população de seus países são mais infelizes e intolerantes à diferença do que
realmente relatam. Em média, os entrevistados responderam que apenas 40% dos
brasileiros estão felizes, mas o número correto é 92%. Em todos os países, o
resultado foi discrepante. A maior diferença foi na Coreia do Sul, onde os
respondentes pensam que 24% é feliz, quando o número é 90%. A menor, no Canadá,
onde pensam que 60% da população é feliz, quando, na verdade, 87% se declaram
felizes.
Os brasileiros superestimam também o número de
pessoas no país que acham a homossexualidade moralmente inaceitável (51%), quando
muito menos pensam assim (39%). Na Indonésia, país mais intolerante ao tema, o
número é subestimado: pensam que o número é 79%, mas na verdade é 93%.
Da mesma forma, os brasileiros superestimam a
preocupação com o sexo antes do casamento no Brasil. Não casar virgem é
considerado moralmente inaceitável por 35% da população, mas os entrevistados
pensam que esse número é 43%.
Já em relação ao aborto, acontece o fenomeno
oposto: os brasileiros que responderam à pesquisa pensam que 61% consideram a
interrupção da gravidez inaceitável, mas na realidade o número é 79%.
A pesquisa “Perigos da Percepção” foi realizada em
40 países. A metodologia de painel online da Ipsos foi utilizada na: Alemanha,
África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Cingapura, Chile,
China, Colômbia, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Filipinas,
Grã-Bretanha, Hong Kong, Hungria, Índia, Indonésia, Israel, Itália, Japão,
Malásia, México, Peru, Polônia, Rússia, Suécia, Taiwan, Tailândia, Turquia e
Vietnã. Holanda, Montenegro, Noruega, República Tcheca e Sérvia utilizaram
metodologia online e entrevistas pessoais. As respostas sobre percepção foram
comparadas com dados de diversas fontes, incluindo: The World Values Survey (http://www.worldvaluessurvey.org/wvs.jsp)
e Pew Research Center (http://www.pewresearch.org/).
A lista completa das fontes está disponível em: http://perils.ipsos.com/.
Ipsos
www.ipsos.com.br,
www.ipsos.com, https://youtu.be/QpajPPwN4oE, https://youtu.be/EWda5jAElZ0 e https://youtu.be/2KgINZxhTAU