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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mudanças climáticas provocam extinção local da biodiversidade



Que o aquecimento global está ameaçando a existência de diversas espécies de animais e aves é algo conhecido e apontado por inúmeros estudos. Ocorre que o fenômeno é mais grave do que se supunha, como apontam os resultados de pesquisa recente.

Em estudo publicado na revista Plos Biology em sua edição de 08 de dezembro deste ano fica evidenciado que quase a metade (47%) das espécies de animais e plantas pesquisados sofreram extinções locais recentes no mundo todo devido às mudanças climáticas. Os mais afetados são os animais das zonas tropicais e em habitats de água doce. 

A pesquisa realizada pelo professor John J. Wiens, da Universidade do Arizona, Estados Unidos, constatou a extinção local de 47% de 976 espécies de animais e vegetais estudados. Foram objeto do estudo 716 animais e 260 plantas de diversas regiões da Ásia, Europa América do Norte, Oceania e América do Sul.  A pesquisa considerou como extinção local quando desaparecem as populações em um ou mais lugares de suas distribuições regionais e se deslocam a latitudes mais altas do planeta em busca de habitats mais frios. 

O estudo confirma a suspeita dos cientistas chineses de que o coelho lli PIka (Ochotona Iliensis), uma das criaturas mais belas e mais raras do mundo é uma das prováveis vítimas da extinção local provocada pelo aquecimento global. O coelho, que inspirou o personagem Pikachu, foi descoberto em 1983 nas montanhas do noroeste da China e sua população foi reduzida em 70% durante esses anos. 

No Brasil foram descobertas várias espécies de pequenos anfíbios nas áreas de Mata Atlântica nos últimos anos em regiões mais altas de montanhas. Estes pequenos animais têm distribuição restrita e tem seu habitat continuamente modificado pelas mudanças climáticas. A opção desses pequenos anfíbios é migrarem para latitudes mais altas ou se adaptarem à novas condições climáticas. 

Nas regiões de altitude da Mata Atlântica, que por si só é um bioma ameaçado, muitas espécies desconhecidas pela ciência poderão desaparecer sem nunca se tornarem conhecidas. Há diversos anfíbios que foram descobertos que se encontram em perigo de extinção.

 Em 2015, pesquisadores brasileiros publicaram um artigo científico na revista Peerj comunicando a descoberta de sete novas espécies de minúsculos sapos endêmicos da Mata Atlântica e que habitam as montanhas da Serra do Mar, entre Paraná e Santa Catarina. Segundo o relato os animais são altamente sensíveis às mudanças climáticas e já são considerados ameaçados de extinção. 

O estudo revelando que a extinção local da biodiversidade motivada pelas mudanças climáticas é importante para se reavaliar as políticas de conservação no Brasil, considerando áreas até então ignoradas como morros e montanhas que formam ecossistemas localizados contendo espécies animais e vegetais endêmicas e de distribuição restrita. Essa necessidade de reavaliação dos critérios para criação de unidades de conservação se impõe de forma mais contundente pelo fato de que, por exemplo, dos sete anfíbios descobertos somente um deles habita uma unidade de conservação. 

 A persistente extinção localizada de espécies, confirmada pelo estudo do pesquisador John Wiens, indica a importância de se acelerar a pesquisa em locais de altitude levando em consideração as possibilidades maiores de extinção relacionadas ao aquecimento global.





Reinaldo Dias - professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.




Entenda porque incentivar o seu filho a cursar uma qualificação técnica diante das mudanças do Governo



É fato que a educação está intrinsecamente ligada ao governo. Independente do ensino ser público ou privado há decisões políticas que interferem na forma de aprendizado de crianças e jovens. Os motivos para esta interferência estatal no conteúdo educacional são as métricas de avaliação dos nossos jovens e como está o nível de assimilação dos conteúdos destes estudantes. Logo, no caso do Brasil, a Medida Provisória(MP), proposta pelo atual presidente Temer, oferece algumas mudanças no sistema de educação do ensino médio. 

As mudanças foram propostas porque é neste estágio que há mais desistência dos estudantes e devido ao país não ter conseguido, por dois anos seguidos, cumprir as metas estabelecidas. Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino no país, o ensino médio é o que está em pior situação.

As principais medidas envolvendo a MP são: A implementação do ensino médio integral com currículo flexibilizado, a ampliação da carga mínima anual de 800 horas para 1400 horas, e o currículo composto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com disciplinas comuns para a primeira metade do ensino médio, e por cinco áreas específicas - linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas- e formação técnica profissional. O aluno poderá optar pelas disciplinas que deseja cursar conforme sua área de interesse a partir da segunda metade do ensino médio. 

Pensando nessas mudanças que já poderão ser implementadas a partir do primeiro semestre de 2017, inclusive a previsão é que 50% das escolas de ensino médio no Brasil sejam contempladas pelo ensino integral até 2024, a especialista Sandra Puga, do Grupo Educacional Flamingo, elucida aos pais o porquê incentivar os seus filhos a cursarem o ensino médio com uma qualificação técnica:


1.Livre arbítrio orientado pode render um bom emprego para o seu filho
Uma das propostas da Medida Provisória da educação é a possibilidade dos estudantes montarem a sua própria grade estudantil. É fato que essa liberdade trará benefícios aos jovens quanto ao direcionamento das áreas - Humanas, Exatas e Biológicas – entretanto, é necessário estar atento quanto a quantidade e qualidade das horas desta grade. Logo, optar por um ensino médio técnico integrado agregará valor a formação e ao currículo deste aluno, pois o aluno cursa de forma integrada o ensino médio e a qualificação técnica em uma única matrícula. 

2. É possível estagiar e ser menor aprendiz
O que qualifica um currículo e torna-o diferenciado é experiência aliada ao conhecimento. Assim, por mais que o aluno tenha maior quantidade de horas exigidas para assimilação de conteúdos, liberdade para montar sua própria grade, a aprendizagem somente será significativa e relevante para o aluno quando aliar à teoria a prática, ou seja, “colocar a mão na massa”. O ensino técnico integrado consegue abrir oportunidades no mercado de trabalho para o jovem e propiciar interessantes experiências profissionais.

3. É possível fazer ensino técnico após a conclusão da primeira série do ensino médio: E vale a pena!
Algo que poucos pais sabem é que o estudante pode fazer o ensino técnico após ter concluído o primeiro ano do ensino médio. Não necessariamente ele tem que começar na primeira série a qualificação técnica integrada com o médio. A carga será superior para os alunos que entraram depois do que os que começaram o ensino técnico com o médio desde o primeiro ano letivo. Inclusive, o aluno que não tem condição de arcar com uma mensalidade para cursar o ensino médio comum, pode cursar apenas o ensino técnico pago. Há diversas instituições que oferecem esta modalidade e o que muda é a carga horária.

4. Os materiais usados no ensino técnico são mais em conta
A maioria das instituições que oferecem a qualificação técnica, como focam em determinado nicho a ser estudado, conseguem utilizar materiais mais compactados, priorizando conteúdos realmente relevantes e de qualidade. Logo, o preço também é mais acessível.

5. O ensino técnico prepara para a universidade
O estudante aprende a realizar trabalhos em equipe, desenvolve o pensamento e postura multidisciplinar, articula saberes do ensino regular e o técnico. Essa habilidade será muito utilizada ao ingressar em uma faculdade, pois a carga horária e as disciplinas são mais extensas na maioria das vezes. Outro benefício relacionado com a Medida Provisória do atual governo é a possibilidade de aproveitamento dos créditos adquiridos durante o ensino médio técnico no ensino superior. No entanto, essa medida ainda deve ser regulamentada e homologada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelo Ministério da Educação (MEC).




A corrupção, o Congresso Nacional e o brasileiro



O levantamento “Retratos da Sociedade Brasileira - Problemas e Prioridades para 2016”, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que 65% dos brasileiros consideram a corrupção o principal problema do Brasil. 

Além disso, o cidadão olha com desconfiança as instituições políticas que governam o Brasil. É isso que mostra o estudo do Instituto Ipsos, divulgado em maio de 2016. Após entrevistar 1,2 mil pessoas em 72 cidades do país, o levantamento aponta que oito em cada dez brasileiros afirmam que não há um político de confiança e 79% afirmaram que não se sentem representados por nenhum partido político. Esses resultados vão ao encontro do Índice de Confiança na Justiça, levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas e divulgado em outubro último. Segundo o índice, a instituição Presidência da República tem confiança de apenas 11% dos brasileiros, o Congresso Nacional 10% e os partidos políticos, 7%. 

Mudanças observadas no comportamento dos eleitores são algumas das causas responsáveis pela queda da importância e da confiança nestas instituições. É o caso, por exemplo, da queda no número de votos para legenda. O voto de legenda é aquele em que o eleitor vota no partido, sugerindo que qualquer candidato da legenda partidária pode desempenhar a função em disputa. Em 2014 o voto de legenda obteve 8,37% dos votos válidos para deputados federais. Em 2010, representou 9,35% dos votos válidos e em 2006, 9,83%. Esses números sinalizam a perda da importância dos partidos políticos como critério usado pelo eleitor para definir o seu voto.  Contudo, em meio à crise política que atualmente presenciamos no Brasil, observamos também outra causa, já prevista por vários filósofos políticos desde o século XVII: a tendência de o representante agir contra os interesses dos representados. No Brasil acompanhamos esta situação nos últimos dias por meio do esforço contínuo do Congresso Nacional em agir contra o interesse do brasileiro no controle e no combate à corrupção na política. 

No mês passado o presidente da Câmara dos Deputados apresentou na Casa uma emenda alinhavada com os principais partidos políticos, e tinha como objetivo anistiar o uso do caixa dois eleitoral. No mesmo mês os deputados alteraram um conjunto de medidas de combate à corrupção propostas pelo Ministério Público Federal. Como se não bastasse, recentemente o presidente do Senado agiu com afinco para aprovação do projeto de Lei de Abuso de Autoridade, que limita a atuação do Judiciário em investigações que vão além da esfera judicial. Estas ações movidas pelos representantes maiores do Congresso Nacional têm como objetivo fragilizar os avanços das investigações anticorrupção da Operação Lava Jato, que envolve deputados e senadores em crimes de corrupção.

Rousseau, filósofo político do século XVIII, afirmava que a propensão a contrariar os anseios populares seria fruto da apatia política, que consiste na falta de interesse do povo em fiscalizar e controlar as ações e decisões de seus representantes. Um dos remédios para coibir essa tendência, segundo Rousseau, é o que acompanhamos no Brasil desde junho de 2013 e que, apesar de ter caído no esquecimento dos representantes dos brasileiros no Congresso Nacional, deve ressurgir com grande força nos próximos dias: o brasileiro saindo às ruas se mobilizando contra as decisões tomadas à revelia dos seus interesses de cidadãos.



Doacir Quadros - professor do curso de Ciência Política e do mestrado em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter



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