Campanha Novembro Azul Pet alerta tutores sobre a importância do diagnóstico precoce em machos
Assim
como acontece com os homens, cães e gatos têm um mês dedicado à conscientização
sobre a saúde masculina. O Novembro Azul Pet chama a atenção para o bem-estar
dos animais machos e reforça a importância de falar abertamente, sem vergonha e
sem tabu, sobre exames preventivos, castração e câncer de próstata. Para
Fabiana Volkweis, docente do curso de Medicina Veterinária do Centro
Universitário de Brasília (CEUB), cuidar da saúde integral e reprodutiva dos
pets é uma atitude que pode salvar vidas.
De
acordo com a Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet), o câncer
de próstata em cães é considerado raro, atingindo 4% dos animais com mais de
sete anos. Porém, o risco cresce significativamente entre os machos não
castrados, que respondem por até 80% dos casos registrados. A condição é mais
frequente em cães idosos e de grande porte, como Doberman, Rottweiler e Pastor
Alemão, embora raças menores também possam ser afetadas. Entre os gatos, é
ainda mais incomum, representando menos de 1% dos tumores malignos na espécie.
Fabiana
explica que, nos cães, especialmente os não castrados e mais velhos, problemas
como hiperplasia prostática benigna e tumores testiculares ou prostáticos são
mais comuns do que se imagina. O desafio é que, muitas vezes, o animal sofre em
silêncio. “A hiperplasia prostática prejudica bastante a qualidade de vida. O
aumento da próstata pode gerar dificuldade para urinar, evacuar e causar dor.
Já as neoplasias, geralmente malignas, acometem cães entre 8 e 11 anos”, detalha.
Os
sintomas, alerta a docente do CEUB, podem ser sutis, mas nunca devem ser
subestimados. Sangue na urina, dificuldade ou dor para urinar, infecções
urinárias recorrentes e desconforto ao defecar são sinais de alerta. “A
recomendação é clara: procure o veterinário o quanto antes. O diagnóstico
precoce faz toda a diferença no tratamento e na qualidade de vida do pet”,
afirma.
O tabu entre os tutores
Fabiana
reconhece que ainda há resistência quando o assunto é o exame de próstata em
animais. O toque retal, por exemplo, causa estranhamento em parte dos tutores,
mas continua sendo um método importante para identificar alterações. “Com
diálogo e informação, o tutor entende a relevância do exame e o tabu diminui. É
um procedimento rápido, seguro e que pode evitar muito sofrimento”, explica.
Além
do toque, a ultrassonografia abdominal é o principal método para avaliar a
próstata e identificar alterações precocemente. Exames de sangue, urina,
tomografia e ressonância magnética também podem ser solicitados para confirmar
o diagnóstico. “O ideal é que cães não castrados iniciem a avaliação urológica
a partir dos cinco anos, especialmente os de grande porte, que envelhecem mais
rápido”, orienta a especialista.
Castrar ou não castrar?
Embora
a castração seja associada à prevenção de doenças reprodutivas, a relação entre
o procedimento e o câncer de próstata ainda é objeto de estudo. “Os tumores
prostáticos não são hormônio-dependentes, e os dados sobre o impacto da
castração não são conclusivos. Há indícios de que cães castrados tenham
ligeiramente menos casos, mas, quando ocorre, o câncer tende a ser mais
agressivo”, afirma Fabiana.
A
professora ressalta que a castração precoce está sendo revista pela comunidade
científica, já que estudos apontam possíveis impactos na saúde óssea quando
realizada muito cedo. Por isso, ela não recomenda a castração precoce, mas
reforça que a castração em idade adulta pode trazer benefícios importantes,
como menor risco de hiperplasia prostática, prevenção de tumores testiculares e
contribuição para o controle populacional — o que também é relevante para a
saúde pública e o bem-estar animal. “Cada caso é único. O tutor deve conversar
com o veterinário e avaliar o melhor momento para o procedimento”, orienta.
Tratamentos e cuidados contínuos
Nos
casos confirmados de câncer, o tratamento pode incluir cirurgia, radioterapia e
terapias mais recentes, como a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico
do animal a combater as células tumorais. O acompanhamento deve ser feito por
um veterinário especializado em oncologia, capacitado para definir a abordagem
mais adequada. “Os exames de imagem evoluíram muito e têm possibilitado
diagnósticos mais precoces. Já se discute, inclusive, o uso de marcadores
biológicos para identificar a doença em fases iniciais”, revela Fabiana
Volkweis.
No
dia a dia, práticas simples fazem diferença: alimentação equilibrada, água
fresca, peso adequado, atividade física regular e consultas periódicas ao
veterinário. Esses cuidados são essenciais para a saúde urinária e reprodutiva,
além de influenciarem o comportamento, a energia e a longevidade dos animais.
“Prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para um bom prognóstico. O
acompanhamento com médico-veterinário é a melhor forma de garantir o bem-estar
do seu companheiro”, conclui.

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