Estudo realizado em 21 estados revela que falta ou interrupção no fornecimento de suplementos nutricionais impactam a saúde, qualidade de vida e geram custos elevados
Uma pesquisa mostrou que mais de 80% das pessoas com
fibrose cística vivem em situação de alto risco, frustração ou desamparo pela
falta de acesso a terapia nutricional especializada, parte essencial para o
tratamento e controle da doença. O estudo foi realizado com cerca de 100
pessoas de 21 estados no Brasil1, intitulado “Panorama da Jornada de
Acesso das Pessoas com Fibrose Cística à Nutrição Especializada no Brasil”,
pelo Instituto Unidos pela Vida, integrante do Movimento Nutrindo Vidas
– coalizão que reúne representantes dos setores público e privado e luta pelo
direito à assistência nutricional especializada no país.
A pesquisa ouviu pacientes, cuidadores, profissionais da saúde, associações, gestores, indústria entre julho de 2024 a julho de 2025.
A nutrição adequada influencia diretamente a função pulmonar, o crescimento e a sobrevida de pacientes com fibrose cística. As Diretrizes Nacionais ² recomendam ingestão calórica de 110% a 200% superior à população saudável e está associada a melhor função respiratória, ganho de peso, crescimento e redução no número de internações. Na prática, os entrevistados que conseguem manter a suplementação nutricional relatam ganhos de energia, melhora na qualidade de vida e maior controle da doença.
A fibrose cística é uma doença genética rara que faz com que toda a secreção do organismo seja mais espessa que o normal, dificultando sua eliminação. Estima-se que atualmente 6.400 pessoas no Brasil têm a doença. O Movimento Nutrindo Vidas ressalta a importância de dar visibilidade ao tema para ampliar o debate sobre políticas públicas, desigualdades regionais e o papel da nutrição no tratamento. Nesse contexto, a nutrição especializada é essencial para garantir sobrevida e qualidade de vida.
O levantamento aponta também que apenas 2%
das pessoas entrevistadas vivem em cenário considerado ideal. Mais da metade
convive com interrupções no fornecimento, e famílias gastam, em média, R$255,74
por mês, impacto maior nas regiões Norte e Nordeste e nas classes mais
vulneráveis.
Outros
dados da pesquisa “Panorama da Jornada de Acesso das Pessoas com Fibrose
Cística à Nutrição Especializada no Brasil”:
- Maiores obstáculos no acesso:
- 51% custo
- 40% falta de acesso regular
- 20% falta de variedade
- Problemas estruturais:
- 59% relataram atrasos na
distribuição
- 44% enfrentam burocracia nos
processos
- 32% enfrentam dificuldades
financeiras/demanda de recursos externos
- 48% relatam acesso
difícil/moderadamente difícil na sua região
- 65% sofrem interrupções de
fornecimento
- 76% apontam burocracia como entrave
- 64% discordam que políticas públicas
garantam acesso em todas as regiões
- 81% avaliam integração
governo–pacientes–indústria como razoável/ruim
- 95% defendem inclusão da nutrição
como prioridade nos Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Fibrose
Cística (já existem atualmente e reconhecem a importância da nutrição, mas
não contemplam a nutrição especializada)
- 69% avaliam negativamente a
disponibilidade de suplementos e serviços nutricionais
- Fontes de acesso:
- SUS (principal)
- Doações
- Compra direta
- 22% judicializaram (37%
avaliaram negativamente)
- Impactos das interrupções:
- 49% impacto negativo no tratamento
- 83% impacto emocional negativo (mais forte nas classes D/E e
regiões Norte/Nordeste/Centro-Oeste)
Movimento
Nutrindo Vidas

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