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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Pesquisa mostra que 80% das pessoas com fibrose cística vivem em risco de desnutrição por falta de acesso a tratamento nutricional

Estudo realizado em 21 estados revela que falta ou interrupção no fornecimento de suplementos nutricionais impactam a saúde, qualidade de vida e geram custos elevados


Uma pesquisa mostrou que mais de 80% das pessoas com fibrose cística vivem em situação de alto risco, frustração ou desamparo pela falta de acesso a terapia nutricional especializada, parte essencial para o tratamento e controle da doença. O estudo foi realizado com cerca de 100 pessoas de 21 estados no Brasil1, intitulado “Panorama da Jornada de Acesso das Pessoas com Fibrose Cística à Nutrição Especializada no Brasil”, pelo Instituto Unidos pela Vida, integrante do Movimento Nutrindo Vidas – coalizão que reúne representantes dos setores público e privado e luta pelo direito à assistência nutricional especializada no país.

A pesquisa ouviu pacientes, cuidadores, profissionais da saúde, associações, gestores, indústria entre julho de 2024 a julho de 2025.

A nutrição adequada influencia diretamente a função pulmonar, o crescimento e a sobrevida de pacientes com fibrose cística. As Diretrizes Nacionais ² recomendam ingestão calórica de 110% a 200% superior à população saudável e está associada a melhor função respiratória, ganho de peso, crescimento e redução no número de internações. Na prática, os entrevistados que conseguem manter a suplementação nutricional relatam ganhos de energia, melhora na qualidade de vida e maior controle da doença.

A fibrose cística é uma doença genética rara que faz com que toda a secreção do organismo seja mais espessa que o normal, dificultando sua eliminação. Estima-se que atualmente 6.400 pessoas no Brasil têm a doença. O Movimento Nutrindo Vidas ressalta a importância de dar visibilidade ao tema para ampliar o debate sobre políticas públicas, desigualdades regionais e o papel da nutrição no tratamento. Nesse contexto, a nutrição especializada é essencial para garantir sobrevida e qualidade de vida.

O levantamento aponta também que apenas 2% das pessoas entrevistadas vivem em cenário considerado ideal. Mais da metade convive com interrupções no fornecimento, e famílias gastam, em média, R$255,74 por mês, impacto maior nas regiões Norte e Nordeste e nas classes mais vulneráveis.

Outros dados da pesquisa “Panorama da Jornada de Acesso das Pessoas com Fibrose Cística à Nutrição Especializada no Brasil”:

  • Maiores obstáculos no acesso:
    • 51% custo
    • 40% falta de acesso regular
    • 20% falta de variedade
  • Problemas estruturais:
    • 59% relataram atrasos na distribuição
    • 44% enfrentam burocracia nos processos
    • 32% enfrentam dificuldades financeiras/demanda de recursos externos
  • 48% relatam acesso difícil/moderadamente difícil na sua região
  • 65% sofrem interrupções de fornecimento
  • 76% apontam burocracia como entrave
  • 64% discordam que políticas públicas garantam acesso em todas as regiões
  • 81% avaliam integração governo–pacientes–indústria como razoável/ruim
  • 95% defendem inclusão da nutrição como prioridade nos Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Fibrose Cística (já existem atualmente e reconhecem a importância da nutrição, mas não contemplam a nutrição especializada)
  • 69% avaliam negativamente a disponibilidade de suplementos e serviços nutricionais
  • Fontes de acesso:
    • SUS (principal)
    • Doações
    • Compra direta
    • 22% judicializaram (37% avaliaram negativamente)
  • Impactos das interrupções:
    • 49% impacto negativo no tratamento
    • 83% impacto emocional negativo (mais forte nas classes D/E e regiões Norte/Nordeste/Centro-Oeste)

 

Movimento Nutrindo Vidas

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