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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

1 a cada 1000: neurologista e psiquiatra explicam sobre o “bem improvável, mas não impossível” efeito colateral em Bolsonaro

Foi assim que dois especialistas muito conhecidos nas redes, o neurologista Dr. Saulo Nader e a psiquiatra Dra.

 

Maria Fernanda Caliani, resumiram a polêmica envolvendo o episódio de alucinações relatado por Jair Bolsonaro após o uso de pregabalina e sertralina, dois medicamentos amplamente prescritos, considerados seguros, mas que, em situações raras, podem provocar efeitos neuropsiquiátricos importantes.

“A alucinação é quando a mente cria algo que não existe (vê algo que não existe, ouve vozes que não existem, por exemplo) Já o delírio são ideias fora da realidade, como de estar sendo perseguido, de alguém querer lhe fazer mal, por exemplo. Ambos ocorrem no que chamamos psicose” explica a psiquiatra Dra Maria Fernanda Caliani.

A combinação desses remédios virou pauta quando Bolsonaro afirmou ter visto e ouvido coisas inexistentes, acreditando haver um microfone dentro da tornozeleira eletrônica. O que dominou o debate foi: isso é possível apenas com medicação?

Segundo os especialistas, sim. Bem improvável, mas possível.

Tanto pregabalina quanto sertralina possuem, na literatura médica, relatos de reações psiquiátricas incomuns.

Os dois médicos reforçam que a classe médica consulta frequentemente bases internacionais como o site Drugs.com, que reúne dados de bulas, ensaios clínicos e vigilância pós-comercialização.

O que diz a referência médica (Drugs.com) é que tanto a sertraliba quanto a pregabalina podem em 0,1% ou menos de casos gerar alucinação e delírio.

Esses números são pequenos, mas não são zero.

E é justamente nessa lacuna, estreita, improvável e estatisticamente quase invisível, que podem ocorrer episódios atípicos como o relatado.


O que cada especialista explica

Dra. Maria Fernanda Caliani – Psiquiatria

Ela reforça que medicamentos considerados seguros “podem, em casos raríssimos, desencadear percepções distorcidas da realidade”, especialmente quando há interação com outras substâncias, alteração de dose ou uso sem supervisão contínua. 

“O diagnóstico definitivo, porém, exige avaliação completa ,ninguém diagnostica um caso assim pela imprensa. Precisa de avaliação psiquiátrica e neurológica pormenorizada do caso”.

Para a psiquiatra, é essencial contextualizar: a maioria das pessoas utiliza esses medicamentos sem qualquer problema. São remédios seguros. 

 Já o Dr. Saulo explica: “Prescrevo muito essas medicações. Na minha carreira, não vi nenhum caso, mas eles existem”. Ele destaca um ponto importante: a pregabalina, quando iniciada abruptamente ou associada a outros fármacos que deprimem o sistema nervoso central, pode aumentar o risco de efeitos colaterais, inclusive psiquiátricos. 

Medicamentos seguros, mas não infalíveis A mensagem dos dois especialistas é clara e neutra: não é preciso politizar o episódio, é preciso entender o que a medicina já sabe.

  • A sertralina é um dos antidepressivos mais prescritos do planeta.
  • A pregabalina é usada para dor neuropática, ansiedade, alguns casos de vertigem e distúrbios neurológicos.
  • Ambas têm amplo histórico de segurança. 

Mas, como em qualquer tratamento, reações muito raras podem acontecer, inclusive as descritas no caso. Ambos reforçam necessidade de acompanhamento médico rigoroso para o uso desses remédios. 

Isenção é essencial. Nenhum dos dois médicos avalia ou diagnostica o ex-presidente. Eles apenas explicam, de forma técnica, como reações extremamente incomuns podem surgir em qualquer paciente, independentemente de quem seja.

“Improvável não é sinônimo de impossível. E medicina boa é medicina sem lado político.” – dizem ambos em seus canais.

  

Canal do Youtube Neurologia e Psiquiatria, desmistifica esses temas com linguagem fácil e  acessível: https://neurologiaepsiquiatria.com.br/


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