Foi assim que dois especialistas muito conhecidos nas redes, o neurologista Dr. Saulo Nader e a psiquiatra Dra.
Maria
Fernanda Caliani, resumiram a polêmica envolvendo o episódio de alucinações
relatado por Jair Bolsonaro após o uso de pregabalina e sertralina, dois
medicamentos amplamente prescritos, considerados seguros, mas que, em situações
raras, podem provocar efeitos neuropsiquiátricos importantes.
“A
alucinação é quando a mente cria algo que não existe (vê algo que não existe,
ouve vozes que não existem, por exemplo) Já o delírio são ideias fora da
realidade, como de estar sendo perseguido, de alguém querer lhe fazer mal, por
exemplo. Ambos ocorrem no que chamamos psicose” explica a psiquiatra Dra Maria
Fernanda Caliani.
A combinação
desses remédios virou pauta quando Bolsonaro afirmou ter visto e ouvido coisas
inexistentes, acreditando haver um microfone dentro da tornozeleira eletrônica.
O que dominou o debate foi: isso é possível apenas com medicação?
Segundo os
especialistas, sim. Bem improvável, mas possível.
Tanto
pregabalina quanto sertralina possuem, na literatura médica, relatos de reações
psiquiátricas incomuns.
Os dois
médicos reforçam que a classe médica consulta frequentemente bases
internacionais como o site Drugs.com, que reúne dados de bulas, ensaios
clínicos e vigilância pós-comercialização.
O que diz a
referência médica (Drugs.com) é que tanto a sertraliba quanto a pregabalina
podem em 0,1% ou menos de casos gerar alucinação e delírio.
Esses
números são pequenos, mas não são zero.
E é
justamente nessa lacuna, estreita, improvável e estatisticamente quase
invisível, que podem ocorrer episódios atípicos como o relatado.
O que cada especialista explica
Dra. Maria
Fernanda Caliani – Psiquiatria
Ela reforça que medicamentos considerados seguros “podem, em casos raríssimos, desencadear percepções distorcidas da realidade”, especialmente quando há interação com outras substâncias, alteração de dose ou uso sem supervisão contínua.
“O
diagnóstico definitivo, porém, exige avaliação completa ,ninguém diagnostica um
caso assim pela imprensa. Precisa de avaliação psiquiátrica e neurológica
pormenorizada do caso”.
Para a psiquiatra, é essencial contextualizar: a maioria das pessoas utiliza esses medicamentos sem qualquer problema. São remédios seguros.
Já o Dr. Saulo explica: “Prescrevo muito essas medicações. Na minha carreira, não vi nenhum caso, mas eles existem”. Ele destaca um ponto importante: a pregabalina, quando iniciada abruptamente ou associada a outros fármacos que deprimem o sistema nervoso central, pode aumentar o risco de efeitos colaterais, inclusive psiquiátricos.
Medicamentos
seguros, mas não infalíveis A mensagem dos dois especialistas é clara e neutra:
não é preciso politizar o episódio, é preciso entender o que a medicina já sabe.
- A sertralina é um dos antidepressivos mais prescritos
do planeta.
- A pregabalina é usada para dor neuropática, ansiedade,
alguns casos de vertigem e distúrbios neurológicos.
- Ambas têm amplo histórico de segurança.
Mas, como em qualquer tratamento, reações muito raras podem acontecer, inclusive as descritas no caso. Ambos reforçam necessidade de acompanhamento médico rigoroso para o uso desses remédios.
Isenção é
essencial. Nenhum dos dois médicos avalia ou diagnostica o ex-presidente. Eles
apenas explicam, de forma técnica, como reações extremamente incomuns podem
surgir em qualquer paciente, independentemente de quem seja.
“Improvável
não é sinônimo de impossível. E medicina boa é medicina sem lado político.” –
dizem ambos em seus canais.
Canal do Youtube Neurologia e Psiquiatria, desmistifica
esses temas com linguagem fácil e acessível: https://neurologiaepsiquiatria.com.br/
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