Dr. Marco Aurélio Guidugli,
membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica os tipos
de cirurgia para pacientes oncológicas e reforça a importância do cuidado
emocional e estético após o câncer de mama
O câncer de
mama é hoje o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo,
excluindo o câncer de pele não melanoma. De acordo com dados atualizados do
INCA, são estimados mais de 73 mil novos casos por ano no país. Só em 2023,
mais de 20 mil mulheres perderam a vida para a doença.
Apesar dos
números ainda alarmantes, a boa notícia é que os avanços no diagnóstico precoce
e nos tratamentos oncológicos vêm aumentando significativamente as taxas de
cura e sobrevida. E junto a essa evolução, a medicina também avançou em uma
área fundamental e, muitas vezes, negligenciada: a reconstrução mamária.
Segundo o
cirurgião plástico Dr. Marco Aurélio Guidugli,
especializado em reconstrução mamária e conhecido por aplicar o conceito da Divina
Proporção em suas técnicas, a reconstrução das mamas vai além
da estética: é parte essencial do processo de cura física e emocional da
mulher.
“A cirurgia
reparadora tem um impacto direto na autoestima, na segurança e no bem-estar das
pacientes. Sentir-se inteira novamente é tão importante quanto tratar a doença
em si”, afirma o especialista.
Quando é feita a reconstrução?
O
procedimento pode ser realizado em dois momentos:
- Reconstrução imediata:
feita no mesmo ato da mastectomia (retirada da mama). Nesse caso, a
paciente acorda da cirurgia já com a mama reconstruída, o que reduz o
impacto emocional do pós-operatório.
- Reconstrução tardia:
indicada quando existem limitações clínicas ou necessidade de tratamentos complementares
antes da reconstrução. Pode ser feita semanas, meses ou até anos após a
mastectomia.
A decisão
depende de diversos fatores: o estágio do tumor, localização, tipo de
tratamento oncológico e as condições de saúde geral da paciente. Por isso, a
avaliação deve sempre ser feita em conjunto com uma equipe multidisciplinar:
oncologista, mastologista, cirurgião plástico e psicólogo.
Tipos de reconstrução mamária
O Dr.
Guidugli explica que existem várias técnicas possíveis, e a escolha deve ser
totalmente individualizada. A seguir, os principais tipos de cirurgia
reparadora:
- Implantes Mamários
Utiliza
próteses de silicone ou solução salina para reconstruir o volume da mama. É uma
das opções mais simples e rápidas em termos de recuperação. Geralmente indicada
quando a pele e o tecido mamário foram preservados.
“Apesar da
praticidade, vale lembrar que com o passar do tempo pode ser necessário
realizar ajustes ou trocar o implante”, orienta o cirurgião plástico.
- Retalhos de Tecido Autólogo
Envolve o
uso de tecidos da própria paciente, como pele, gordura e até músculo,
retirados de outras áreas do corpo, como abdômen, costas ou coxa. Essa
técnica costuma oferecer resultados mais naturais e duradouros, mas envolve uma
cirurgia mais complexa e tempo maior de recuperação.
“É uma
alternativa excelente para quem não deseja utilizar prótese, ou quando a
qualidade da pele da região da mama foi comprometida”, explica Guidugli.
- Expansores Teciduais
Indicados
para pacientes que passaram por mastectomia e têm pouca pele disponível. Um
expansor (uma espécie de balão de silicone) é colocado sob a pele ou o músculo,
e aos poucos é inflado com soro fisiológico, criando espaço para a colocação
posterior de uma prótese definitiva.
“É uma
técnica gradual, segura, e muito útil em casos com limitações anatômicas”,
afirma o cirurgião.
- Reconstrução da Aréola e Mamilo
Fase final
do processo de reconstrução. Pode ser realizada com enxertos de pele ou por
meio de tatuagem médica, promovendo um acabamento estético mais completo e
ajudando na percepção de naturalidade.
Além da cirurgia: a reconstrução da mulher
A reconstrução
mamária impacta diretamente a forma como a mulher se vê e se sente após o
tratamento do câncer. Não se trata apenas de estética, mas de identidade,
pertencimento e dignidade.
“Muitas
pacientes relatam que só conseguiram se sentir curadas de verdade depois da
reconstrução. Ela simboliza o fechamento de um ciclo. É quando elas olham no
espelho e conseguem se reconhecer novamente”, conclui Dr. Marco Aurélio.
Neste Outubro
Rosa, é fundamental reforçar que o acesso à cirurgia reparadora é um direito e deve
ser tratado como parte do cuidado integral à mulher. Assim como a prevenção e o
diagnóstico precoce, a reconstrução também salva vidas: emocionalmente,
psicologicamente e socialmente.
https://www.marcoaurelioguidugli.com.br
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