O valor das
mensalidades das escolas particulares deve subir em média 9,8% em 2026, segundo
levantamento da consultoria Rabbit, que ouviu 308 instituições de ensino em
todas as regiões do país. Esse índice é bem alto, principalmente considerando
que é mais que o dobro da inflação projetada para 2025 (4,83%, de acordo com a
pesquisa Focus do Banco Central) e deve trazer forte impacto ao orçamento das
famílias brasileiras.
Diante desse
cenário, especialistas em educação financeira reforçam que não basta apenas se
preparar para o pagamento das mensalidades: é essencial planejar, negociar e
reorganizar as finanças familiares para absorver os aumentos sem comprometer
outras áreas da vida.
“Investir na
educação dos filhos deve ser uma prioridade financeira, mas prioridade não
significa desorganização. É preciso fazer um diagnóstico da vida financeira,
refazer as contas mensais já considerando os novos valores e avaliar onde será
possível reduzir gastos para equilibrar o orçamento. Só assim o aumento não
desregula toda a estrutura financeira da família”, afirma Reinaldo Domingos,
presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira
(ABEFIN).
Prevenção
antes da crise
Para Domingos, o
grande problema é que a maioria das pessoas só se preocupa com questões
financeiras quando já está enfrentando dificuldades. “Muitos pais só começam a
buscar soluções depois que o reajuste já está pesando no bolso. O ideal é se
antecipar, se planejar agora, e não deixar que o aumento das mensalidades vire
um problema de endividamento lá na frente”, alerta.
Segundo ele,
revisar despesas fixas e variáveis, eliminar gastos supérfluos e até renegociar
contratos de serviços podem ser caminhos para liberar recursos e absorver
melhor o reajuste.
Negociação
como ferramenta estratégica
Além do diagnóstico financeiro, a negociação direta com a escola é outra medida essencial.
“Negociar não é vergonha, é inteligência financeira. Pais podem propor
parcelamento da matrícula, solicitar descontos ou até mesmo oferecer
antecipação de mensalidades. O importante é conversar de forma transparente com
a instituição e buscar soluções que sejam viáveis para ambos os lados”,
recomenda Domingos.
Ele ainda ressalta
que pesquisas de mercado são aliadas. “Ter dados de mensalidades em escolas
semelhantes ajuda a fortalecer a negociação, mostrando que o pedido da família
não é apenas uma reclamação, mas um pleito fundamentado em informações
concretas.”
Ao escolher um
colégio ou renovar a matrícula, Domingos defende que a decisão vá além de
localização e tradição. “É preciso avaliar o projeto pedagógico, os valores da
instituição e até diferenciais como a inclusão da educação financeira no
currículo. Essa é uma habilidade fundamental para preparar jovens a lidar com o
dinheiro de forma saudável e realizar seus sonhos”, diz.
Ele também destaca
a importância de envolver a família. “Ouvir os filhos é importante, mas a
decisão final deve estar equilibrada com a sustentabilidade financeira do lar.
Educação é um investimento de longo prazo e deve ser conduzida com
consciência”, completa.
Embora o reajuste
de quase 10% seja um peso considerável, Domingos defende que ele também pode
ser um catalisador para mudanças positivas. “O aumento das mensalidades pode
servir como um chamado à reflexão. É a chance de reorganizar as finanças, rever
hábitos de consumo e colocar em prática um planejamento estruturado. A educação
é um dos investimentos mais importantes da vida, mas, para que seja
sustentável, precisa andar de mãos dadas com a saúde financeira da família”,
conclui.
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