Exercício regular ajuda a regular o humor, controlar a ansiedade e melhorar o sono, segundo Bianca Bolonhezi, psiquiatra e CEO do Instituto Macabi
Em um momento em
que os índices de ansiedade e depressão crescem de forma expressiva, a ciência
aponta caminhos eficazes e acessíveis para a promoção da saúde mental. Um deles
é a atividade física regular. Mais do que cuidar do corpo, o movimento se
mostra uma ferramenta poderosa para regular o humor, controlar a ansiedade e
fortalecer a resiliência emocional.
“Quando a gente
fala de exercício físico, ele atua de várias formas no nosso organismo. A
prática libera neurotransmissores como serotonina, dopamina e endorfina —
substâncias ligadas ao bem-estar e à felicidade —, além de reduzir o cortisol,
que é o hormônio do estresse”, explica a psiquiatra Bianca Bolonhezi, CEO do
Instituto Macabi.
Além dos efeitos
diretos sobre o humor, a prática regular também estimula o aumento do BDNF
(fator neurotrófico derivado do cérebro), uma proteína fundamental para a
neuroplasticidade — a capacidade que o cérebro tem de formar e fortalecer
conexões, essencial para o aprendizado e a resiliência emocional.
Segundo a
especialista, os efeitos se estendem ao cotidiano de forma ampla. “A atividade
física reduz sintomas depressivos, melhora a autoestima e a motivação, além de
contribuir significativamente para a qualidade do sono. Ao gastar energia e
reduzir o nível de cortisol em horários inadequados, o corpo tende a descansar
melhor à noite, o que impacta diretamente na estabilidade emocional”, destaca
Bianca.
No caso da
ansiedade, o exercício também se mostra eficaz. Isso porque, ao promover uma
respiração controlada e manter o foco no momento presente — algo semelhante ao
efeito do mindfulness —, ele ajuda a aliviar sintomas como taquicardia, tensão
muscular e pensamentos acelerados.
A Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física
moderada por semana, o equivalente a 30 minutos em cinco dias. Mas, segundo a
médica, até quantidades menores já podem trazer benefícios, especialmente para
quem está começando.
A prática de
atividade física traz benefícios importantes para a saúde mental, mas é
fundamental compreender seus limites em casos mais complexos. Bianca explica
que, em quadros leves de ansiedade e depressão, mudanças no estilo de vida —
como uma rotina equilibrada e a prática regular de exercícios — podem ajudar na
melhora dos sintomas.
No entanto,
quando há prejuízo funcional, ou seja, quando a pessoa passa a ter dificuldades
para trabalhar, estudar, manter relações sociais ou cuidar de si, a intervenção
médica se torna necessária. “Em quadros moderados a graves, é comum que o
tratamento envolva o uso de medicamentos junto com a psicoterapia e a atividade
física”, afirma.
Nos casos de
transtornos mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, a atividade
física tem papel importante como coadjuvante, mas não substitui o tratamento
medicamentoso. “Nestes transtornos, o remédio é indispensável e deve caminhar
junto com o exercício físico”, completa a especialista.
Para Bianca, o
mais importante é entender que o cuidado com a saúde mental é construído no dia
a dia, e a atividade física pode ser uma aliada acessível, natural e altamente
eficaz nesse processo.
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