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Em todas as regiões do país, nas grandes cidades e
nas áreas rurais, em meio aos rios da Amazônia ou aos campos de soja do Centro
Oeste, quase 180 mil escolas de ensino básico, públicas e privadas, são
responsáveis por guiar as crianças brasileiras pelos caminhos do conhecimento.
As escolas públicas, no entanto, são responsáveis pela maior parte desses
atendimentos. De acordo com o Censo Escolar 2024, dos 47 milhões de estudantes
matriculados na educação básica, mais de 37 milhões estão em escolas públicas.
Só a rede municipal de ensino concentra 49,13% de todas as matrículas.
Em um cenário tão vasto, os desafios são muitos.
Até porque há uma diversidade imensa entre essas escolas, cada uma com
particularidades inclusive culturais. Para a doutora em Educação e pesquisadora
do Instituto Positivo (IP), Maíra Weber, é nas escolas públicas que reside a
grande potencialidade da educação brasileira. “O volume de matrículas do ensino
público é o principal indicador de que é preciso investir na qualidade de
ensino dessas escolas. Só assim conseguiremos transformar o futuro do país”,
ressalta. Algumas iniciativas Brasil afora ajudam a melhorar essa qualidade.
Saiba o que foi apresentado na Bett Brasil 2025, o maior evento de Inovação e
Tecnologia para a Educação na América Latina, que aconteceu de 28 de abril a 1o
de maio, em São Paulo.
1. Alfabetização em primeiro
lugar
Os dados mais recentes divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, apontam que quase 10
milhões de brasileiros com 15 anos ou mais ainda não sabem ler ou escrever.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), todo estudante deve sair do 2º
ano do Ensino Fundamental, aos sete anos de idade, alfabetizado. Para ajudar
aqueles que, por algum motivo, não atingem essa meta, a Aprende Brasil
Educação, que trabalha com soluções educacionais para escolas públicas
municipais de todo o país, desenvolveu o Letrix. O programa utiliza recursos
como avaliações diagnósticas, livros didáticos para alunos e professores,
orientações em vídeo, leitura guiada e manual digital do professor para um
processo de alfabetização eficaz. “O Letrix trabalha respeitando a fase de cada
criança e apresenta atividades direcionadas para que elas se sintam seguras e
acolhidas ao longo do processo”, explica a gerente de marketing e produto da
Aprende Brasil Educação, Damila Bonato.
2. Arranjos de Desenvolvimento
da Educação
Uma das formas de aperfeiçoar a educação é criar
espaços para que os gestores e educadores troquem experiências e conheçam
propostas desenvolvidas por seus pares. Os Arranjos de Desenvolvimento da
Educação (ADEs) são uma das soluções para permitir essa troca. A colaboração
está amplamente prevista na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), em Resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e no
Plano Nacional de Educação (PNE). O modelo incentiva o trabalho em rede entre
municípios geograficamente próximos uns dos outros, com características sociais
e culturais semelhantes. Assim, o trabalho conjunto ajuda na adoção de
estratégias conjuntas de políticas educacionais. “Isso assegura aos estudantes
o direito constitucional a uma educação de qualidade. Além disso, também
promove o desenvolvimento territorial”, detalha Maíra. Atuando de forma
conjunta e implementando metas comuns, os municípios conseguem desenvolver o
processo de ensino e aprendizagem na rede pública, sem interromper os projetos
a cada troca de gestão.
3. Investimento em formação
docente
Garantir que os educadores estejam sempre
atualizados quanto a métodos e conteúdos é fundamental. Para isso, a realização
de cursos de formação continuada e acompanhamento pedagógico precisa ser
constante. “Temos um olhar atento para as equipes educacionais dos municípios
parceiros e acompanhamos muito de perto esse trabalho, para permitir que elas
definam intervenções pedagógicas com base nas avaliações diagnósticas e,
portanto, nos dados reais do município”, pontua Damila.
4. Incentivo à leitura
“Estudos científicos têm demonstrado que o tempo
dedicado à leitura pelas crianças, jovens e adultos tem diminuído em todo o
mundo, em contraposição ao uso recreativo das telas. Esse declínio representa
um impacto na qualidade da linguagem, no domínio da ortografia, na compreensão
de texto e no desempenho escolar das novas gerações”, afirma Maíra. Por isso, o
Instituto Positivo está lançando, em 2025, um programa de incentivo à leitura
literária que irá atuar em diversas frentes, tanto para o público interno
quanto externo. A estratégia contemplará ações para os colaboradores,
professores das redes municipais de ensino e comunidade.
5. Avaliações diagnósticas
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) é o principal indicador sobre a qualidade da educação no Brasil. No
entanto, como o Saeb é realizado somente a cada biênio, contar somente com seus
resultados para desenhar políticas públicas pode gerar defasagem nas
abordagens. A Aprende Brasil Educação conta com dois instrumentos de avaliação
diagnóstica para auxiliar as redes públicas municipais na compreensão do
cenário de aprendizagem em tempo real. “O Hábile é uma avaliação em larga escala
que permite fazer um raio-x da rede de ensino e, assim, preparar os alunos para
os exames oficiais. Por sua vez, o Sondar é um instrumento que permite uma
avaliação mais frequente e mais rápida, sempre com foco na correção de rota,
quando necessário. Por meio deles, a equipe pedagógica pode acompanhar de perto
o desempenho dos estudantes e identificar os pontos de melhoria”, conta Damila.
6. Parceria público-privada
Celebrar parcerias entre o setor público e empresas
privadas também pode ser uma boa saída para melhorar áreas específicas do
ensino. No Paraná, por exemplo, o programa Parceiro da Escola, que levou a
gestão administrativa de empresas privadas a escolas estaduais do Paraná, zerou
aulas vagas, reduziu burocracias, acelerou reformas e deixou o tempo dos
diretores livres para se dedicarem à melhoria do ensino. “A gestão pedagógica —
currículo, materiais, formação de professores — continua sob responsabilidade
do Estado, assim como a merenda. Os diretores são profissionais efetivos do
quadro da Secretaria e os principais responsáveis pela gestão da escola, com
foco nas questões pedagógicas", explica Cesar Cunha, diretor-geral da Tom
Educação, responsável pela gestão de 32 das 82 escolas participantes do
programa. A iniciativa é avaliada ao fim de cada ciclo contratual por meio de
indicadores como frequência e aprendizagem dos alunos, conservação das
instalações e nível de satisfação da comunidade escolar.

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