Doença neurológica atinge pessoas em plena fase
produtiva e reforça a importância do cuidado com a saúde do cérebro
Celebrado
em 30 de maio, o Dia Mundial da Esclerose Múltipla é um alerta global para a
conscientização sobre uma das condições neurológicas mais desafiadoras da
atualidade. Estima-se que a doença afete mais de 2,8 milhões de pessoas no
mundo, segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, sendo cerca de
40 mil no Brasil, conforme dados da Associação Brasileira de Esclerose
Múltipla.
A
esclerose múltipla é uma condição neurodegenerativa e autoimune que afeta
cronicamente o sistema nervoso central. Durante os períodos de atividade da
doença — conhecidos como “crises” — as células de defesa do próprio organismo
atacam a bainha de mielina, um componente essencial do sistema nervoso.
“A
bainha de mielina é uma espécie de ‘capa de gordura’ que envolve os nervos e
funciona como um isolante elétrico que acelera a transmissão dos sinais entre o
sistema nervoso e o restante do corpo. Quando essa estrutura é danificada, há
prejuízo na condução dos impulsos nervosos entre os neurônios e outras células,
o que está diretamente relacionado ao surgimento dos sintomas da doença. Esses
sintomas podem variar bastante, dependendo da região comprometida”, explica a Dra. Rafaela Silva, médica da Lundbeck
Brasil, empresa global especializada em saúde do cérebro.
As
manifestações clínicas mais comuns são: fadiga com cansaço intenso, sobretudo
após exposição ao calor ou esforço físico intenso; alterações na fala como
palavras arrastadas, voz trêmula, dificuldade em pronunciar palavras ou
sílabas; distúrbios visuais como visão embaçada e dupla; problemas de
equilíbrio e coordenação motora como instabilidade ao caminhar, vertigens,
rigidez dos membros ao movimentar-se; sensações não definidas como dores
musculares e queimação ou formigamento em partes do corpo. O paciente pode
apresentar também sintomas do humor e cognitivos em qualquer momento da doença,
independentemente da presença de sintomas físicos ou motores, como depressão,
ansiedade e prejuízo na memória.
“Os sintomas
iniciais podem ser mais alarmantes, como perda temporária da visão, o que
costuma levar o paciente a buscar ajuda médica com maior urgência. No entanto,
outros sinais podem passar despercebidos como algo corriqueiro, por exemplo uma
fraqueza geral inespecífica, o que pode atrasar o diagnóstico em meses ou até
anos.”, comenta Dra. Rafaela.
A
maioria dos diagnósticos ocorre entre os 20 e 40 anos, período em que as
pessoas estão construindo carreiras, formando famílias e projetando o futuro.
Neste contexto, o diagnóstico pode impactar também a autoestima e bem-estar
emocional, o planejamento de vida e mesmo a aceitação da sua condição. A
necessidade de amenizar o estigma sobre doenças neurológicas e ampliar o
conhecimento sobre os sinais de alerta da Esclerose Múltipla através de
iniciativas de conscientização tornam-se ainda mais importantes.
“Os
tratamentos medicamentosos disponíveis para Esclerose Múltipla buscam reduzir a
agudização da doença ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo
de incapacidades durante a vida do paciente. Aliada à terapia medicamentosa,
suporte multidisciplinar e terapias de reabilitação e apoio contribuem para um
plano de cuidado verdadeiramente humanizado e completo. Não há cura, mas o
tratamento pode modificar o curso da doença”, completa a médica.
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