A exposição
coletiva “Monólogo Interior” com curadoria de Jurandy Valença. Com cerca de 45
obras de 18 artistas, a mostra celebra os cem anos do lançamento do livro “Mrs.
Dalloway”, de Virginia Woolf (1882–1941).
“Monólogo
Interior” une as artes visuais e a literatura, partindo do livro da escritora
inglesa, autora e crítica feminista que apresenta em sua obra o cotidiano
feminino em uma sociedade patriarcal. Misturando estas duas linguagens, a
exposição tem um léxico próprio, e Virginia juntamente com as artistas
apresentadas, trazem uma nova interpretação e percepção às suas obras, de modo
que os espectadores presenciem a consciência e pensamento desses monólogos
interiores das artistas e respectivos trabalhos.
O livro “Mrs.
Dalloway” narra um dia da vida da protagonista Clarissa Dalloway, uma mulher da
alta sociedade de Londres cuja rotina é permeada com reflexões de memória, vida
e morte, acompanhando também o dia de Septimus Warren Smith, um veterano da
Primeira Guerra Mundial. Sua narrativa transita entre o presente e o passado,
ressaltando diálogos internos dos personagens sobre vida, solidão,
envelhecimento, loucura e relações humanas, em um arco temporal que permite ao
leitor acesso a todos esses pensamentos. O fluxo de consciência é o que dá a
habilidade omnisciente ao texto e auxilia na desconstrução formal do conteúdo
de gênero no qual o livro se enquadra: o romance.
Habilmente,
Jurandy Valença cumpre a função do curador em uma exposição que é semelhante à
de um autor literário: criar uma narrativa visual subjetiva, alinhando diversas
obras em um monólogo interior intrínseco ao fazer artístico. Essa intersecção
se dá pelo envolvimento da criação artística com interpretações e reflexões que
partem de experiências e observações cotidianas, ao mesmo tempo que comuns,
extraordinárias em sua característica individual.
A partir de uma
seleção dentro da narrativa, são apresentadas obras em diversas técnicas como
desenhos, esculturas, fotografias, instalações, objetos, pinturas e vídeos, com
protagonismo do papel e do carvão, derivado do carbono assim como o grafite, materiais
de escrita. O curador propõe uma conexão entre o universo da escritora e o das
artistas participantes: Állisson Opitz, Aun Helden, Claudia Tostes, Edith
Derdyk, Fabiola e Christian Pentagna, Gabriela Fontes, Gabriela Greeb, Giselle
Beiguelman, Luiza Mazzetto, Karen de Picciotto, Marcia Tiburi, Mayara Ferrão,
Nelly Gutmacher, Nicole Mouracade, Paty Wolff, San Bertini, Thix e Waleska
Reuter.
Na mostra é
possível observar o entrelaçar do corpo, história e memória mediante um diálogo
entre o ler e ver as criações, reforçando a posição do feminino na sociedade e
o pioneirismo de Virginia Woolf no século XX. “Mulheres são ensinadas a pedir
licença. Ela não pediu”.
SERVIÇO
Local: Rua Simpatia 23, Vila Madalena
– São Paulo/SP
Período: até 21/06 de 2025
Visitação: Terça a Sexta | 10h às
19h.
Sábado | 10h às 18h
ENTRADA GRATUITA

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