Lincoln Cardoso, coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, explica a função da suplementação e os limites
O sono é um estado fisiológico natural e essencial para o organismo humano,
caracterizado por uma redução temporária da consciência, com diminuição da
atividade sensorial e motora, mas mantendo a capacidade de despertar. Ele
ocorre em ciclos regulados pelo ritmo circadiano e é fundamental para a recuperação
física, consolidação da memória e equilíbrio metabólico. Alterações no sono
podem impactar a saúde cardiovascular, imunológica e neurológica.
O
ciclo circadiano é o ritmo biológico que regula as funções essenciais do corpo
humano, controlando o sono, a temperatura corporal e a liberação de hormônios.
"Esse ciclo é regulado pelo nosso 'relógio biológico', localizado no
cérebro, e responde aos estímulos de luz e escuridão", explica o
farmacêutico e coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera,
Lincoln Cardoso. Durante o dia, a exposição à luz estimula a liberação de
cortisol, hormônio que promove energia e estado de alerta. "Já à noite,
com a redução da luz, o organismo começa a produzir melatonina, que é essencial
para induzir o sono", complementa o especialista.
A
melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal e exerce papel
fundamental na regulação do ciclo sono-vigília. "Sua principal função é
sincronizar o ciclo circadiano, promovendo um sono profundo e restaurador. Além
disso, também apresenta ação antioxidante, imunomoduladora e
neuroprotetora", explica Cardoso. A redução dos níveis desse hormônio pode
estar associada a insônia, fadiga, alterações de humor e risco aumentado de
doenças metabólicas e cardiovasculares.
A
suplementação de melatonina pode ser benéfica em alguns casos, como para
idosos, trabalhadores noturnos ou pessoas com distúrbios do ritmo circadiano,
como jet lag. "Nessas situações, a melatonina pode ajudar a regular o
ciclo do sono e melhorar a qualidade do descanso", esclarece o professor.
No entanto, o uso indiscriminado pode trazer prejuízos. "Doses excessivas
podem levar à desregulação do ciclo circadiano, causando insônia de rebote,
sonolência diurna e dependência psicológica da suplementação", alerta
Cardoso.
O
especialista também destaca que altas doses de melatonina podem interferir na
função da tireoide, afetar a produção de neurotransmissores e impactar o
sistema imunológico. "Há ainda o risco de agravar transtornos do humor,
como ansiedade e depressão, e, em alguns casos, aumentar a possibilidade de
síndrome serotoninérgica em pacientes que utilizam antidepressivos",
reforça.
Para
manter um sono de qualidade, Cardoso recomenda algumas medidas simples:
"Manter uma rotina regular, evitar luzes artificiais antes de dormir e
criar um ambiente escuro e silencioso no quarto são práticas fundamentais para
a higiene do sono". Ele também enfatiza a importância de evitar a
automedicação: "O uso de melatonina deve ser orientado por um profissional
de saúde qualificado."
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