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sexta-feira, 21 de março de 2025

Melatonina em excesso prejudica ou é aliada ao sono?

 Lincoln Cardoso, coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, explica a função da suplementação e os limites

 
O sono é um estado fisiológico natural e essencial para o organismo humano, caracterizado por uma redução temporária da consciência, com diminuição da atividade sensorial e motora, mas mantendo a capacidade de despertar. Ele ocorre em ciclos regulados pelo ritmo circadiano e é fundamental para a recuperação física, consolidação da memória e equilíbrio metabólico. Alterações no sono podem impactar a saúde cardiovascular, imunológica e neurológica. 

O ciclo circadiano é o ritmo biológico que regula as funções essenciais do corpo humano, controlando o sono, a temperatura corporal e a liberação de hormônios. "Esse ciclo é regulado pelo nosso 'relógio biológico', localizado no cérebro, e responde aos estímulos de luz e escuridão", explica o farmacêutico e coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, Lincoln Cardoso. Durante o dia, a exposição à luz estimula a liberação de cortisol, hormônio que promove energia e estado de alerta. "Já à noite, com a redução da luz, o organismo começa a produzir melatonina, que é essencial para induzir o sono", complementa o especialista. 

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal e exerce papel fundamental na regulação do ciclo sono-vigília. "Sua principal função é sincronizar o ciclo circadiano, promovendo um sono profundo e restaurador. Além disso, também apresenta ação antioxidante, imunomoduladora e neuroprotetora", explica Cardoso. A redução dos níveis desse hormônio pode estar associada a insônia, fadiga, alterações de humor e risco aumentado de doenças metabólicas e cardiovasculares. 

A suplementação de melatonina pode ser benéfica em alguns casos, como para idosos, trabalhadores noturnos ou pessoas com distúrbios do ritmo circadiano, como jet lag. "Nessas situações, a melatonina pode ajudar a regular o ciclo do sono e melhorar a qualidade do descanso", esclarece o professor. No entanto, o uso indiscriminado pode trazer prejuízos. "Doses excessivas podem levar à desregulação do ciclo circadiano, causando insônia de rebote, sonolência diurna e dependência psicológica da suplementação", alerta Cardoso. 

O especialista também destaca que altas doses de melatonina podem interferir na função da tireoide, afetar a produção de neurotransmissores e impactar o sistema imunológico. "Há ainda o risco de agravar transtornos do humor, como ansiedade e depressão, e, em alguns casos, aumentar a possibilidade de síndrome serotoninérgica em pacientes que utilizam antidepressivos", reforça. 

Para manter um sono de qualidade, Cardoso recomenda algumas medidas simples: "Manter uma rotina regular, evitar luzes artificiais antes de dormir e criar um ambiente escuro e silencioso no quarto são práticas fundamentais para a higiene do sono". Ele também enfatiza a importância de evitar a automedicação: "O uso de melatonina deve ser orientado por um profissional de saúde qualificado."


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