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Especialistas trazem dicas para identificar necessidades de restauração, hidratação ou reconstrução
“Comprei um shampoo de restauração recentemente e,
diferente do que esperava, tive o resultado oposto. Meu couro cabeludo não
parava de coçar e parecia que o produto estava grudado em minha cabeça” – esse
é o relato da jornalista Kaísa Romagnoli, que na busca por uma solução para
cuidados capilares, acabou por enfrentar os efeitos adversos dos produtos
escolhidos. A profissional conta que consegue ver a fórmula acumulada em sua
raiz, não por falta de lavagens, mas por uma razão que ainda não pôde
compreender. Ao contrário do que se imagina, situações como a de Kaísa são
extremamente comuns e não demandam tratamentos longos e caros para se
resolverem.
De acordo com Cristiano Cintra de Almeida,
cabelereiro com 30 anos de experiência, a causa do problema está na
identificação das necessidades de cada cabelo. “É comum no dia a dia sentirmos
que os fios estão mais oleosos ou ressecados, fracos ou armados, e a partir
desse diagnóstico, procuramos itens em perfumarias que se adequem a esse
cenário. Porém, os métodos que encontramos no cotidiano nem sempre são
adequados, e podem levar a consequências”, esclarece.
O especialista em colorimetria aponta que a tarefa
de identificar se inicia antes da identificação do incômodo. Ele explica que,
antes de comprar um determinado kit de produtos, é preciso saber o tipo de
cabelo com o qual se está lidando, para então poder encontrar a fórmula com os
compostos adequados e, por fim, buscar a linha compatível com as demandas das
mechas.
“Se a pessoa possui os fios naturalmente secos, por
exemplo, ela já pode refinar quais marcas não atendem tão bem as necessidades
desse tipo de cabelo. Em seguida, a partir do que é oferecido no mercado, ela
deve avaliar os compostos das fórmulas e verificar se contêm ingredientes que
proporcionam a hidratação e a nutrição necessárias. Óleos vegetais, como argan
e coco, e componentes como pantenol e glicerina, por exemplo, são ideais para
cabelos secos”, pontua. Cristiano acrescenta que o mesmo se aplica para cabelos
mistos ou oleosos – a pesquisa é essencial antes de tomar a decisão do que
aplicar nos fios.
Como identifico meu tipo de
cabelo?
“A identificação do tipo de cabelo começa pela
observação da textura, do nível de oleosidade e da forma dos fios”, explica
Marina Groke, especialista em beleza da Escova Express, rede de escovarias.
“Cabelos lisos tendem a distribuir melhor a oleosidade natural, enquanto os
cacheados e crespos apresentam maior ressecamento devido à curvatura, que
dificulta a passagem do sebo ao longo do comprimento. Além disso, fatores como
química, exposição ao sol e uso frequente de ferramentas térmicas influenciam
diretamente na saúde capilar”, aponta.
A especialista destaca que a rotina de lavagens
também ajuda a identificar as características do cabelo. “Se os fios ficam
pesados e com aspecto oleoso rapidamente, há uma tendência à oleosidade. Já
quando aparentam ressecamento, opacidade ou frizz excessivo, há uma maior
necessidade de hidratação e nutrição”, afirma. Observar como os fios reagem
após a lavagem e ao longo do dia auxilia na escolha dos produtos adequados.
Groke ressalta que, embora a autoanálise seja um
bom ponto de partida, a recomendação e orientação de um profissional fazem toda
a diferença. “Um especialista consegue avaliar a estrutura capilar com mais
precisão, indicando os tratamentos mais eficazes para cada necessidade. Isso
evita erros na escolha dos produtos e garante um cuidado mais assertivo e
personalizado”, conclui.
Restauração, reconstrução ou
hidratação?
“A escolha entre restauração, reconstrução ou
hidratação deve ser feita com base nas necessidades do cabelo”, explica Marina.
Segundo a especialista, a hidratação repõe a umidade natural dos fios, sendo
indicada para cabelos opacos e ressecados. A nutrição devolve os lipídios
essenciais, ajudando a controlar o frizz e a porosidade. Já a reconstrução
fortalece a fibra capilar com proteínas, como a queratina, sendo fundamental
para fios danificados por química ou calor excessivo.
Cristiano concorda, ressaltando que a escolha do
shampoo e do condicionador também influencia diretamente na saúde capilar. “Os
shampoos de limpeza profunda removem o acúmulo de resíduos, mas devem ser
usados com moderação para evitar o ressecamento. Já os com propriedades
hidratantes são mais suaves e ajudam a manter a umidade dos fios. O
condicionador, por sua vez, complementa a ação do shampoo, selando as cutículas
e garantindo um acabamento mais saudável e equilibrado”, explica.
Assim como no processo de reconhecimento do tipo de
cabelo, consultar um especialista antes de investir em linhas inteiras de
cosméticos para tratar um problema capilar é essencial. Além de evitar gastos
desnecessários com produtos que podem não trazer os benefícios esperados, essa
orientação profissional reduz o risco de efeitos adversos, como os enfrentados
por Kaísa.
O que fazer no caso de coceira
e outros sintomas?
O incômodo relatado por Kaísa Romagnoli, como
coceira intensa e sensação de acúmulo do produto no couro cabeludo, pode estar
relacionado a uma reação a determinados componentes da fórmula. Julinha
Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, explica que substâncias como
sulfatos agressivos, conservantes e fragrâncias artificiais desencadeiam
irritações, especialmente em pessoas com sensibilidade cutânea. “Quando há
coceira, vermelhidão ou descamação após o uso de um produto, o ideal é
interromper imediatamente a aplicação e lavar a região com um shampoo suave,
preferencialmente hipoalergênico”, orienta.
A especialista ressalta que sintomas persistentes
exigem atenção. “Se a irritação não diminuir ou piorar, é importante procurar
um dermatologista para identificar a causa e evitar complicações maiores, como
dermatites”, alerta. Vale ressaltar que, antes de adquirir um novo produto, a
realização de um teste de contato, aplicando uma pequena quantidade atrás da
orelha ou no antebraço, tende a prevenir reações adversas.
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