Data é uma oportunidade de discutir a importância da escola para a formação de cidadãos melhores e mais conscientes
No dia 15 de março, é comemorado no Brasil o Dia da Escola, uma data que
reforça a importância dessa instituição educacional na formação de indivíduos e
no desenvolvimento de uma sociedade mais justa, democrática e evoluída. A data
faz referência à primeira escola criada no país, fundada na cidade de Salvador
em 1549 pelos jesuítas, e destaca a relevância do ambiente escolar na
transmissão de conhecimento, na socialização e na construção da cidadania.
A
educação escolar tem evoluído ao longo dos séculos. Se na Antiguidade grega as
escolas eram destinadas à formação de governantes, e na Idade Média o
conhecimento era restrito aos mosteiros; hoje a escola assume um papel central
na preparação dos cidadãos para um mundo dinâmico, tecnológico e globalizado.
Com o avanço das tecnologias, metodologias inovadoras passaram a integrar os
currículos, enquanto a função do professor se ressignificou, indo além da
transmissão de informações para atuar como facilitador do aprendizado.
Para
refletir sobre a data e os desafios da escola no século XXI, marcado por
transformações e instabilidades, três especialistas em educação apontam
diferentes aspectos da escola na sociedade atual.
ESCOLA DEVE FORMAR CIDADÃOS ÉTICOS
Para
Ana Claudia Favano, gestora da Escola
Internacional de Alphaville, de Barueri, a escola tem papel fundamental na
promoção da formação ética, moral e social dos estudantes. "O ambiente escolar
é o espaço onde a convivência, o respeito à diversidade e os valores
fundamentais são trabalhados no dia a dia”, diz.
E
para alcançar esse objetivo, é essencial que a escola capacite a comunidade
para lidar com os desafios da era digital, promovendo um uso equilibrado da
tecnologia na educação. Nesse contexto, segundo a especialista, a recente
proibição do uso de celulares nas escolas é uma medida necessária para
restaurar o foco na aprendizagem e nas interações sociais saudáveis.
"O
excesso de uso de telas tem impactado negativamente o desenvolvimento
emocional, cognitivo e cerebral das crianças e jovens. Nos últimos anos,
observamos um aumento preocupante de problemas como distração excessiva, queda
no desempenho acadêmico e dificuldades emocionais ligadas ao uso indiscriminado
da tecnologia. A escola precisa ser um espaço de concentração, desenvolvimento
cognitivo e troca humana", afirma Ana Claudia.
Ana
Claudia também ressalta que a escola deve oferecer não apenas conteúdo
acadêmico, mas também estratégias para desenvolver habilidades sociais e
emocionais nos estudantes. "A interação presencial e a mediação do
professor sempre serão fundamentais para a educação de qualidade, mesmo em um
mundo altamente digitalizado", conclui.
FORMAÇÃO COM FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
Já
Audrey Taguti, diretora pedagógica do Brazilian
International School - BIS, de São Paulo, reforça que a escola também deve
preparar os alunos para o mercado de trabalho. "As profissões e negócios
do futuro ainda nem foram criadas, e as escolas têm o desafio de desenvolver
habilidades técnicas e socioemocionais nos alunos. É fundamental ensinar não
apenas conteúdo acadêmico, mas também criatividade, pensamento crítico,
colaboração e resiliência para que os jovens estejam aptos a enfrentar um mundo
em constante transformação", explica.
Audrey
enfatiza que a tecnologia pode ser uma aliada no ensino, mas precisa ser
integrada de forma consciente e pedagógica. "Ferramentas como inteligência
artificial e aprendizado baseado em projetos podem potencializar a educação,
mas nunca substituirão a interação humana e o papel fundamental dos professores
como mediadores e fomentadores do conhecimento", ressalta Audrey.
A
educadora destaca ainda que o papel do professor tem se transformado ao longo
dos anos. "O professor não é mais apenas um transmissor de conhecimento,
mas um facilitador que incentiva o pensamento crítico e a autonomia dos alunos.
No futuro, metodologias centradas no aluno, como a sala de aula invertida e o design
thinking, ganharão ainda mais espaço", opina.
ESCOLA É PORTA PARA MUNDO DE POSSIBILIDADES
Por
sua vez, Fátima Lopes, diretora-geral da Escola
Bilíngue Aubrick, de São Paulo, destaca a necessidade de a escola formar
cidadãos globais. "A educação precisa transcender as fronteiras locais e
preparar os alunos para um mundo interconectado. A aprendizagem de idiomas
estrangeiros, a valorização da diversidade cultural e a abordagem de temas
globais como sustentabilidade e direitos humanos são essenciais para que os
estudantes desenvolvam uma mentalidade global e possam atuar de forma
responsável e inovadora em suas trajetórias", afirma.
A
educadora acredita que as escolas devem investir na abordagem integrada de
temas globais, como mudanças climáticas e desigualdades econômicas, para que os
alunos compreendam o impacto de suas ações no mundo. "Mais do que preparar
para carreiras, precisamos formar cidadãos conscientes, capazes de atuar com
responsabilidade social", explica.
Fátima defende que o internacionalismo na educação deve ir além do ensino de idiomas, promovendo experiências imersivas e intercâmbios culturais. "O internacionalismo na educação vai além do ensino de idiomas e das experiências no exterior. Ele pode ser vivido também sem sair do país, por meio de práticas pedagógicas que trazem o mundo para a sala de aula. A exposição a diferentes culturas amplia a visão de mundo dos alunos, estimula a empatia e os prepara para interagir em cenários multiculturais, seja por meio de intercâmbios presenciais, seja por projetos colaborativos com escolas estrangeiras, atividades interdisciplinares com perspectivas globais e o convívio com uma comunidade escolar multicultural", conclui Fátima.
Ana Claudia Favano - gestora da Escola Internacional de Alphaville. É psicóloga; pedagoga; educadora parental pela Positive Discipline Association/PDA, dos Estados Unidos; e certificada em Strength Coach pela Gallup. Especialista em Psicologia da Moralidade, Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização, Educação Emocional Positiva e Convivência Ética. Dedicada à leitura e interessada por questões morais, éticas, políticas, e mobiliza grande parte de sua energia para contribuir com a formação de gerações comprometidas e responsáveis.
Audrey Taguti - acumula 41 anos de experiência e trabalho em Educação. É formada em Magistério e Pedagogia, possui pós-graduações em Psicopedagogia e Bilinguismo e é especialista em Alfabetização. É diretora pedagógica do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP desde a fundação do colégio, em 2000.
Fatima Lopes - pós-graduada em Gestão Escolar, especialista em Bilinguismo e apaixonada pela área da Educação. De sua primeira formação, em Enfermagem, ela mantém o dom de cuidar das pessoas: gosta de se relacionar com alunos, pais e colegas, promovendo um ambiente de aprendizado colaborativo e acolhedor. Diz ter como missão contribuir para a formação integral dos estudantes, formando cidadãos mais conscientes e preparados para o futuro. É fundadora e diretora geral da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo.
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