Como priorizar iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em tempos de escassez?
Em tempos de crise, quando o dinheiro está curto e
cada decisão de investimento passa pela lente da urgência e da eficiência,
priorizar Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) torna-se um exercício de
resiliência estratégica. A pressão por resultados imediatos muitas vezes
empurra as iniciativas alinhadas a essa pauta para um canto vulnerável das
planilhas orçamentárias, mas o impacto da negligência reverbera muito além dos
números. Por outro lado, se feito direito, pode ser justamente o que salva uma
empresa no longo prazo. Vamos descomplicar isso e ver como priorizar DEI, mesmo
quando o orçamento está apertado?
Primeiro, vamos tirar o elefante da sala: DEI não é
só sobre "fazer o bem". É sobre resultados. Estudos mostram que
empresas diversas são mais inovadoras, tomam decisões melhores e têm maior
retenção de talentos. E, em um mundo onde a Geração Z (aquela galera que já
está dominando o mercado de consumo) valoriza empresas que praticam o que
pregam, ignorar DEI é um tiro no pé. Ou seja, não é lucrativo ser um
negacionista da inclusão.
Saibam que, segundo o relatório Consumidor
do Futuro 2025, 67% dos jovens entre 16 e 34 anos no Reino Unido
procuram empresas que promovam uma economia mais justa; e 75% fazem a conexão
entre a crise climática e os sistemas capitalistas. Para essas pessoas, a
inclusão não é um detalhe; antes, é uma exigência. Empresas que ignoram essas expectativas
arriscam perder relevância – e mercado.
Mas, e quando o dinheiro está curto? Aí é que entra
o pulo do gato: priorizar DEI não significa gastar mais, mas gastar melhor. É
sobre focar no que realmente gera impacto. E, olha só, os dados mostram que, em
tempos de crise, os grupos mais marginalizados – como pessoas trans – são os
primeiros a sentir o baque. Os relatórios da TransEmpregos mostram que, desde 2023,
houve uma queda na oferta de empregos para pessoas trans. Isso é um alerta de
que estamos retrocedendo.
Precisamos colocar no radar as iniciativas que
geraram impacto real no passado, e quais têm potencial para moldar o futuro da
organização. Sem metas claras, a DEI corre o risco de se dissolver na abstração,
quando deveria ser uma âncora em momentos de incerteza.
Aqui vão algumas dicas práticas e que cabem no
bolso.
- Treinamentos
para Inclusão da Diversidade: contratar um curso focado em preparar as
pessoas colaboradoras para as novas demandas da diversidade, melhorar a
retenção de talentos diversos e adotar uma cultura de colaboração e
crescimento organizacional já fazem uma diferença enorme. E o melhor:
muitos desses treinamentos podem ser feitos on-line, com
custos reduzidos.
- Grupos
de Afinidade (GA): adotar rodas de conversas e programas de
mentorias para acelerar e desenvolver habilidades de forma colaborativa;
esses espaços são essenciais para nutrir a comunidade e para fazer com que
as pessoas se sintam acolhidas e tenham voz ativa na empresa.
- Voluntariado
corporativo com ONGs e Coletivos: investir em programas do terceiro setor,
tendo em contrapartida a oportunidade de engajar as pessoas colaboradoras
em atividades voluntárias. Essas parcerias podem ajudar a identificar
talentos e trazer insights valiosos para resolver
problemas internos. E, de quebra, é uma excelente forma de fortalecer a
imagem da empresa como socialmente responsável.
- Programas
de empoderamento e desenvolvimento de lideranças LGBTI+: contratar programas
específicos para desenvolver lideranças da comunidade LGBTI+, incluindo
pessoas trans. Isso não só ajuda a construir uma cultura de inclusão, mas
também prepara a empresa para ter líderes diversos e representativos. E,
claro, isso pode ser feito com mentorias internas e em parceria com
consultoria especializada.
- Agregar
DEI a todas as áreas: integrar em todas as áreas da empresa os
conhecimentos e os valores da DEI – do recrutamento até o marketing,
passando pela gestão de pessoas e todas as tomadas de decisões. Isso pode
ser feito criando regulamentos, comunicados semanais e induzindo na
cultura o comportamento inclusivo.
Essas práticas vão ajudar as organizações a navegar
pelas complexidades de um mercado que exige, cada vez mais, responsabilidade
social e inclusão óbvia. Então, a próxima vez que alguém disser que DEI pode
esperar, lembre-se: inclusão não é um gasto, é um investimento. E, em um mundo
que está mudando rapidamente, quem não investir nisso vai ficar para trás.
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