Além de melhorar a taxa de cura, investimentos em prevenção reduzem significativamente os recursos utilizados na assistência oncológica
Os custos do tratamento do câncer no Brasil apresentam uma
complexa relação entre os estágios da doença e os gastos associados, tanto no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar. Conforme a
doença avança, os valores necessários para a assistência oncológica aumentam
significativamente, chegando em alguns casos até 504% de aumento.
O diagnóstico tardio é um dos principais fatores que elevam os
custos do tratamento oncológico. Pacientes diagnosticados em estágios avançados
(3 e 4) requerem tratamentos mais complexos e prolongados, aumentando os gastos
para o sistema de saúde. Além disso, a incorporação de novas tecnologias e
medicamentos, embora melhorem as chances de sobrevivência, também contribui
para o aumento dos custos.
Entre 2018 e 2022 o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo,
registrou um aumento de 400% no custo médio dos procedimentos de tratamento do
câncer. Uma intervenção que custava R$ 151,33 em 2018 passou para R$ 758,93 em
2022, segundo o estudo “Quanto custa o câncer?”, produzido pelo Observatório de
Oncologia, o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE) e o Movimento
Todos Juntos Contra o Câncer. Esse aumento é atribuído, em parte, ao
diagnóstico tardio de alguns tipos de neoplasias, à incorporação de novos
medicamentos e ao impacto da pandemia de COVID-19 no sistema de saúde.
“Investimentos em prevenção, detecção precoce e estratégias de
tratamento mais eficazes contra o câncer são essenciais para controlar esses
custos e melhorar os resultados para os pacientes. A conscientização sobre a
importância do diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos de qualidade são
fundamentais para enfrentar os desafios financeiros e de saúde associados ao
câncer”, afirma a médica Diandra Karpinski, gerente médica da Paraná Clínicas,
um dos principais planos de saúde corporativos do país.
De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), aproximadamente 17% dos óbitos no Brasil ocorrem em decorrência do câncer, uma média anual de 200 mil mortes. A doença é a principal causa de morte em 606 municípios do país. A estimativa do INCA é que, entre 2023 e 2025, a média anual de pessoas acometidas pela doença será de 704 mil por ano.
Custos por estágio do câncer
O estágio do câncer no momento do diagnóstico influencia
diretamente os custos de tratamento. Segundo dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS), para cada 1 dólar investido em políticas públicas e medidas de
prevenção, poderia gerar uma economia de 230 bilhões de dólares nos próximos
nove anos. O mesmo estudo aponta que em cada R$ 1,00 gasto com prevenção contra
o câncer, outros R$ 4,00 deixam de ser gastos com tratamento
Uma das diferenças mais evidentes está no caso do câncer de mama, onde o custo médio de uma sessão de quimioterapia no estágio inicial é de R$ 134,17. Esse valor aumenta para R$ 809,56 em estágios avançados, representando um acréscimo de 504%.
Para o câncer de pulmão, o custo médio de internação hospitalar é de R$ 924,33, enquanto uma internação em UTI custa R$ 3.423,15, e uma cirurgia relacionada à doença tem um custo médio de R$ 5.292,19.
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