Por ser assintomática,
doença pode se desenvolver e causar problemas graves
A
sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), tem cura, porém traz
riscos graves para a saúde, se não for diagnosticada e tratada. O alerta é da
dra. Dagmar Maia Kistemann, clínica geral do Seconci-SP (Serviço Social da
Construção), por ocasião do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis
Congênita (terceiro sábado de outubro, dia 19 em 2024).
“A sífilis é causada pela
bactéria Treponema pallidum. Por ser assintomática, pode ser transmitida
sem o paciente saber. A forma mais comum de transmissão é de uma pessoa
infectada para outra, durante o ato sexual sem preservativo. Também pode
ocorrer por transmissão vertical, da mãe infectada para o bebê durante a
gestação ou o parto, e por transfusão de sangue, esta muito rara devido aos
testes realizados nos doadores antes de disponibilizar o sangue para doação”.
Os números são alarmantes e
justificam a preocupação da campanha. No Brasil, foram detectados 1,1 milhão de
casos de sífilis entre 2011 e 2022, segundo o Ministério da Saúde. A sífilis
congênita foi detectada em cerca de 300 mil bebês com até 1 ano de idade, entre
1998 e 2022. O Ministério tem como meta eliminar a sífilis congênita até 2030,
certificando Estados e Municípios que tenham boas práticas de combate à doença.
O que observar
A dra. Dagmar explica que a
doença tem quatro estágios: sífilis primária, secundária, latente e terciária.
Na fase primária, surge uma
única ferida, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva ou vagina), que
aparece entre três a oito semanas após o contágio. Essa lesão, rica em
bactérias, é denominada cancro duro, sendo indolor. A ferida acaba sumindo após
algumas semanas, com ou sem tratamento.
Já os sinais e sintomas da
sífilis secundária surgem entre seis semanas e seis meses após o aparecimento e
cicatrização da ferida inicial. Podem ocorrer manchas pelo corpo que,
geralmente, não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Outros
sintomas comuns são febre, mal-estar, inapetência e ínguas pelo corpo. Todos
eles também desaparecem com ou sem tratamento, o que acaba dando uma falsa impressão
de cura, afirma a dra. Dagmar.
A médica diz que a sífilis
latente não apresenta sintoma e é classificada como recente, quando aparece
menos de um ano da infecção inicial ou tardia, quando se manifesta mais de um
ano depois da primeira infecção.
E a fase terciária pode se
manifestar na pessoa entre um ano e 40 anos depois do início da infecção. “Esta
é a forma mais grave e pode provocar lesões na pele, ossos e afetar o sistema
nervoso e cardiovascular”, destaca a clínica geral.
A dra. Dagmar ainda alerta
sobre os riscos da sífilis congênita, quando a infecção é transmitida da
gestante para o feto. “Se não for tratada precocemente e corretamente, pode
causar má formação do feto, aborto espontâneo, parto prematuro e cegueira,
surdez ou comprometer o desenvolvimento mental do bebê”.
Diagnóstico e tratamento
“O diagnóstico da sífilis é
feito pela avaliação clínica e confirmado por exames de sangue. O tratamento é
à base de penicilina benzatina e a quantidade de doses da medicação irá
depender do estágio da doença. Os parceiros sexuais também têm de ser testados
e tratados, para que não haja reinfecção”, destaca a médica.
O acompanhamento do paciente
é feito por um ano e o exame de sangue repetido a cada trimestre. No caso das
gestantes, o recomendado é refazer o exame todo mês.
“A maneira mais segura de prevenir a doença é usar preservativo em todas as relações sexuais, pois evita a sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis. No caso das gestantes, é primordial que seja feito o exame pré-natal, desde o início da gravidez, com a testagem do parceiro”.
Diante da gravidade da doença, a dra. Dagmar recomenda consultar o médico quando aparecerem feridas, ínguas (nódulos ou caroços sob a pele) ou manchas pelo corpo, para o correto diagnóstico e tratamento, evitando que essa doença, curável, evolua e gere complicações graves, podendo até mesmo levar à morte.
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