Qual é a missão de um professor atualmente? Atividades e conteúdos envolvendo questões comportamentais e emocionais também podem ser incluídos no plano de ensino em sala de aula. Além disso, é importante que o professor observe os aspectos da saúde mental nos alunos, tanto quanto, as pessoas do círculo familiar. Mas, ao testemunhar este quadro, como o educador deve agir?
“É
importante que o professor fique atento ao desempenho acadêmico do aluno e,
também, às mudanças de comportamento para identificar sinais de inadaptação.
Estes indícios podem apontar dificuldades emocionais que merecem maior atenção
dos educadores na inserção destes estudantes no espaço escolar e possíveis
encaminhamentos para profissionais da saúde mental”, alerta a neuropsicóloga e
professora do Centro Universitário IBMR, Cláudia Capitão.
A
professora do IBMR, que integra o Ecossistema Ânima de ensino no Rio de
Janeiro, enumera cinco passos básicos para encaminhar o caso à direção da
escola e à família, de maneira profissional e respeitosa e reforça: “o
professor deve apresentar a situação para a coordenação para que sejam
acionadas as medidas dos setores de orientação educacional e psicopedagógica”.
As sugestões para iniciar este processo são:
1
- Não aja sozinho. Busque auxílio dos setores competentes da escola que possam
lhe dar suporte.
2
- Ofereça acolhimento e evite medidas punitivas, pois o aluno pode estar em
sofrimento psíquico.
3
- Evite julgamentos ou resoluções, sem estar ciente sobre o que está acontecendo
com o estudante. Por isso, é importante estar alinhado com os profissionais da
área psicopedagógica.
4
- Fique atento às reações e atitudes dos demais colegas de classe.
5
- Disponibilize-se para participar de reuniões com os responsáveis, junto a
equipe de apoio escolar, pois as medidas mais adequadas exigem uma ação em
conjunto. Por mais que tenha a melhor intenção, não tente resolver ou auxiliar
o estudante sem respaldo institucional.
Intervindo na “zueira”
O
comportamento dos colegas da turma também pede atenção e ação do professor
neste processo de acolhimento da pessoa com sofrimento psíquico. Bullying e
outras investidas negativas dos demais NÃO podem ser ignorados.
“O
professor deve intervir imediatamente para que sejam cessados os comentários
inadequados. Como mediador da turma, o professor pode trazer temas sobre saúde
mental, bullying, entre outros, que possam ser discutidos em rodas de conversa,
mas sempre se atentando para faixa etária dos alunos e as condições de
compreensão dos mesmos”, sugere Cláudia Capitão.
Independentemente
da presença ou não de problemas em sala de aula, o professor deve estar atento
ao desenvolvimento de habilidades afetivas e sociais da turma. Textos, vídeos e
discussões sobre estes temas podem ser adotados em atividades acadêmicas. “A
escola exerce uma contribuição muito importante para o desenvolvimento das
relações afetivas e interação social. Não se trata apenas de conteúdo
acadêmico, mas sim do desenvolvimento integral do aluno, e neste sentido, o
professor é fundamental”, frisa a professora do IBMR.
Família: outro passo
Identificada
a situação é hora de levar a questão aos pais ou responsáveis. E aqui, as
reações destes podem ser as mais variadas: desde a gratidão pelo amparo ao
adolescente ou jovem, até a negação do quadro pelo qual ele passa. Antes de
tudo, o importante é esclarecer que a indiferença da família não vai resolver a
questão e pode até aumentar o sofrimento dele.
“Ofereça
esclarecimentos e orientações aos familiares. Converse bastante, dê exemplos de
outros casos que foram tratados e que tiveram bons resultados e enfatize que
está percebendo a necessidade de um acompanhamento profissional. Outra
possibilidade seria oferecer palestras às famílias com profissionais
especializados, sobre os temas que têm demandado atenção à saúde mental de
crianças e adolescentes”, sugere.
Mais informação, mais auxílio
Formada
em Magistério, no Ensino Médio, no Instituto de Educação de Niterói, antes de
ingressar na Neuropsicologia e na licenciatura, Cláudia Capitão enfatiza a
importância do professor para acolhimento de alunos e dos colegas, em diversos
aspectos de urgência na saúde, especialmente, no que se refere aos aspectos
emocionais.
“Atualmente
os educadores têm contado com maiores estudos e recursos para se conscientizar
e se instrumentalizar sobre a importância dos aspectos emocionais no contexto
escolar, tanto no que diz respeito ao corpo discente quanto ao corpo docente”,
observa.
A
neuropsicóloga acredita que este novo cenário tem impactado positivamente na
promoção de conhecimento e na implantação de dispositivos nas escolas para
“identificação e encaminhamentos e adequados às conduções dos casos que se
apresentam no espaço escolar”.
Assim,
finaliza, “as iniciativas e os manejos se tornam mais eficazes quando há maior
interesse e atenção sobre os aspectos psíquicos envolvidos no desenvolvimento
das crianças e adolescentes inseridos nas instituições de ensino”.
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