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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Prejuízos empresariais podem ser evitados com boas práticas financeiras

Segundo a especialista Karol Dapousa, organização e planejamento financeiro são fundamentais evitar perdas significativas e fortalecer o crescimento sustentável das empresas


Manter o equilíbrio financeiro de uma empresa é um dos grandes desafios enfrentados por empresários, especialmente em tempos de crise econômica. A falta de controle sobre as finanças, a ausência de planejamento estratégico e a ineficiência no uso de ferramentas de gestão são fatores que podem levar uma empresa a enfrentar prejuízos recorrentes.  Problemas como a ausência de um fluxo de caixa bem estruturado, a precificação inadequada e a falta de acompanhamento de indicadores financeiros são comuns e comprometem a saúde do negócio, correndo inclusive o risco de fechar.
 

No Brasil, segundo o Sebrae, os MEIs têm a maior taxa de mortalidade entre os Pequenos Negócios, 29% fecham após 5 anos de atividade. Já as MEs têm taxa de mortalidade intermediária entre os Pequenos Negócios, 21,6% fecham após 5 anos de atividade. As EPPs têm a menor taxa de mortalidade entre os Pequenos Negócios, 17% fecham após 5 anos de atividade. A maior taxa de mortalidade é verificada no comércio (30,2% fecham em 5 anos) e a menor na indústria extrativa (14,3% fecham em 5 anos). 

Em momentos de instabilidade, a gestão financeira eficiente se torna ainda mais crucial. Empresas que utilizam boas práticas de controle financeiro, separando corretamente custos fixos e variáveis, e que investem em relatórios estratégicos para definir suas metas têm mais chances de evitar erros que podem resultar em perdas consideráveis. Um acompanhamento financeiro cuidadoso permite ajustes rápidos e decisivos, evitando que os prejuízos cresçam de forma descontrolada. A chave está em olhar com atenção para o financeiro e não se limitar apenas ao foco em vendas ou marketing. 

Karol Dapousa, Contadora Especialista em Estratégia Financeira, destaca que muitos prejuízos podem ser evitados com uma gestão mais cuidadosa. Segundo ela, um dos principais erros é a falta de organização financeira. "A ausência de um fluxo de caixa detalhado e categorizado, onde os custos fixos e variáveis são corretamente separados, acaba levando ao descontrole. Muitas vezes, o empresário foca todas as suas energias em vendas ou marketing e se esquece de olhar para o financeiro com o devido cuidado", explica Karol. Esse descuido leva a problemas como a precificação inadequada, feita com base na concorrência e não nos custos reais, e à ausência de relatórios estratégicos que auxiliem na definição de novos passos para o crescimento da empresa. 

Karol também ressalta que práticas simples, como alimentar o fluxo de caixa e manter um histórico de fornecedores, são essenciais para uma gestão eficiente. "Essa informação faz com que o empresário tenha argumentos para negociar melhores condições e aumentar o capital de giro da empresa", afirma. Ela explica que o fluxo de caixa deve estar sempre conectado ao DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), o que dá uma visão estratégica importante para elaborar novas metas de vendas, reduzir perdas financeiras e planejar novos investimentos, como a compra de máquinas, mudanças de imóveis ou até contratações de equipe. 

Além do fluxo de caixa, o acompanhamento dos indicadores financeiros é outro fator fundamental para evitar prejuízos. "Os relatórios financeiros mostram de onde o dinheiro vem e para onde ele vai, permitindo ao empresário enxergar se as vendas realmente geraram lucro. Com esses dados, ele pode decidir onde investir o lucro e como fazer a empresa crescer, além de ter uma visão clara de quanto pode tirar como pró-labore mensal", acrescenta Karol. Ela também alerta que contar com recebíveis que ainda não ocorreram e parcelar vendas sem analisar a capacidade de capital de giro são erros comuns que comprometem a estabilidade financeira da empresa. 

Em momentos de crise econômica, a estratégia financeira pode fazer a diferença na sobrevivência de um negócio. Karol sugere que, antes de pensar em cortes drásticos, como demissões, o empresário deve buscar soluções que não comprometam o operacional. "É preciso analisar o tamanho do estoque, por exemplo. Muitas vezes, o estoque está acima da demanda atual, o que significa dinheiro parado. Reduzir o estoque e renegociar contratos de fornecedores podem ser soluções eficazes para aumentar o capital de giro", recomenda. Ela também aconselha que se revise contratos de taxas de cartão, verificando se não há cobrança de antecipação de recebíveis, o que pode dobrar os custos. 

Por fim, Karol enfatiza que o maior erro na gestão financeira é a falta de controle e planejamento. "Empresas que não pagam impostos em dia, atrasam pagamentos e fazem empréstimos desordenados para cobrir dívidas acabam afundando em uma bola de neve de prejuízos. Sem controle, qualquer crise pode se tornar fatal para o negócio." A solução, segundo ela, é simples: uma estratégia financeira eficiente começa com a organização e o uso das ferramentas adequadas para identificar problemas antes que se tornem críticos. "Quando o empresário olha para os números com carinho e faz uma gestão ativa, ele ganha tempo e espaço para se ajustar, minimizar perdas e, mais importante, crescer com segurança", conclui.

 

Anna Karolina Dapousa Pinto - formada em Ciências Contábeis pela Universidade Metropolitana de Santos em 2009, especializada em Perícia Judicial e Extrajudicial em 2011 e Mestre em Administração Empresarial com foco em Controladoria em 2019. Possui vasto conhecimento na área financeira, administrativa e RH.


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