Estudo apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) 2024 afirma que 130 milhões de brasileiros deverão estar acima do peso em 2044. Profissional do Hospital Santa Catarina - Paulista explica sobre os riscos da doença e possíveis tratamentos.
De acordo com monitoramento do Ministério da Saúde, 1 a cada 4
pessoas vive com obesidade no Brasil, a doença já atinge mais de 1 bilhão de
pessoas no mundo. O sobrepeso e a obesidade entre os adultos no Brasil têm
crescido de forma acelerada ao longo dos anos. A porcentagem de adultos obesos
quase dobrou entre 2006 e 2019, alcançando 20% da população.
Os hábitos alimentares dos brasileiros passaram
por uma transformação significativa, com a substituição de alimentos frescos e
naturais por produtos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras. A
praticidade e a acessibilidade desses alimentos processados, especialmente nas
grandes cidades, facilitaram essa mudança. Paralelamente, o sedentarismo
tornou-se prevalente. O uso crescente de tecnologias, como tablets e
smartphones, têm substituído atividades físicas, especialmente entre crianças,
que agora preferem jogos eletrônicos a brincadeiras ao ar livre.
Risco maior de morte súbita
"A obesidade é uma doença crônica que
encurta tanto a expectativa quanto a qualidade de vida, sendo um fator de risco
para várias doenças graves. Entre as principais complicações estão hipertensão,
diabetes, colesterol alto, apneia do sono, refluxo gastroesofágico, e doenças
hepáticas. Pessoas obesas têm uma chance 20 vezes maior de morte súbita, que
pode resultar de AVC ou infarto. Problemas ortopédicos, devido ao peso excessivo,
são comuns e contribuem para a diminuição da qualidade de vida. Em resumo, a
obesidade não só reduz a longevidade, mas também degrada a qualidade de vida”,
declara Dr. José Luis Lopes Corrêa, médico especializado em cirurgia bariátrica
e metabólica do Hospital Santa Catarina - Paulista.
Dr. José Luis Lopes Corrêa também destaca a
importância da pessoa com obesidade procurar ajuda o quanto antes. “A cirurgia
bariátrica não é a única forma de combater a obesidade. Quanto antes o paciente
buscar ajuda, com a ajuda multidisciplinar de vários médicos, como
profissionais nas áreas de endocrinologia, cardiologia, cirurgia bariátrica,
psicologia e nutrição, o paciente irá conseguir conquistar o objetivo de
emagrecer com saúde e de forma correta”, informa o médico que também faz parte
do Núcleo de Obesidade, do Hospital Santa Catarina - Paulista, que reúne
especialistas de diversas áreas para proporcionar um atendimento integrado e
eficiente.
Para a prevenção da obesidade desde cedo entre
crianças e adolescentes, recomenda-se uma abordagem multifacetada que inclua
educação nutricional, promoção de atividade física, controle da publicidade de
alimentos não saudáveis e melhoria na oferta de alimentos saudáveis nas
escolas. A atividade física deve ser incentivada desde cedo, com programas
escolares e comunitários. Além disso, é fundamental limitar a publicidade de
alimentos não saudáveis voltada para crianças e garantir que as escolas
ofereçam merendas saudáveis.
Cirurgia bariátrica: ainda pouco utilizada entre pacientes
elegíveis
Atualmente, os tratamentos para obesidade no Brasil incluem
medicamentos, mudanças nos hábitos alimentares e atividade física, além da
cirurgia bariátrica. Medicamentos como Ozempic e Mounjaro, que
atuam nos hormônios GIP e GLP-1, são promissores, mas ainda não resolvem todos
os aspectos da obesidade. A cirurgia bariátrica, recomendada para pacientes com
índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 ou acima de 35 com comorbidades,
tem se mostrado eficaz, mas é subutilizada, com menos de 2% dos pacientes
elegíveis sendo operados devido à falta de informação da população. Pacientes
que não conseguiram perder peso ou mantê-lo através de métodos convencionais,
como dieta e exercícios, também podem ser candidatos.
Em 2022, o Brasil registrou 74.738 cirurgias bariátricas, um
aumento de 22,9% em relação a 2019, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Os planos de saúde realizaram 65.256 desses
procedimentos, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) fez apenas 5.923
cirurgias, representando uma queda de 54,8% em comparação com 2019, quando o
SUS atendeu 12.568 pacientes.
“A busca por tratamentos como a cirurgia bariátrica aumentou,
especialmente durante a pandemia de COVID-19. A obesidade, sendo uma condição
inflamatória, aumentou os riscos associados ao COVID-19, levando mais pessoas a
procurar a cirurgia como uma solução eficaz para a obesidade severa e suas
complicações. A obesidade é uma doença crônica e, mesmo após a cirurgia
bariátrica, há riscos de recaída. O sucesso a longo prazo depende de um
acompanhamento contínuo, manutenção de hábitos alimentares saudáveis e prática
regular de atividade física. Consultas regulares com o cirurgião bariátrico e
outros profissionais de saúde são essenciais para monitorar e ajustar o
tratamento conforme necessário”, explica o médico.
A cirurgia bariátrica, atualmente, utiliza técnicas avançadas
que garantem uma perda de peso significativa e duradoura. Entre os
procedimentos mais indicados estão o bypass gástrico e a gastrectomia vertical
(sleeve). O bypass gástrico, que redireciona parte do sistema digestivo, reduz
a absorção de nutrientes e a ingestão de alimentos, enquanto a gastrectomia
vertical remove uma grande porção do estômago, limitando a quantidade de comida
que pode ser ingerida. Ambos os métodos são reconhecidos por sua eficácia na
luta contra a obesidade, principalmente em pacientes que não conseguiram resultados
satisfatórios com métodos convencionais de emagrecimento.
Além de sua eficácia, a cirurgia bariátrica tornou-se menos
invasiva ao longo dos anos, graças ao avanço das técnicas laparoscópicas, que
permitem a realização de pequenas incisões. Essa abordagem reduz o tempo de
cirurgia, que geralmente varia entre 1 a 3 horas, e também diminui o período de
internação, com os pacientes ficando, em média, de 1 a 3 dias no hospital para
monitoramento.
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