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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Acessibilidade digital está longe de ser realidade diária

Imagem de wirestock no Freepik
Fábio Futigami, head de CX do Grupo Take 5, alerta para a importância de o mercado se preparar para tornar o aprendizado contínuo mais acessível


Apesar de ter 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que equivale a 8,9% da população, o Brasil ainda engatinha no quesito acessibilidade digital. O estudo “Panorama da Acessibilidade Digital”, produzido pela startup Hand Talk, em parceria com o Movimento Web para Todos, mostra que menos de 1% dos sites do país oferecem serviços de acessibilidade voltados para pessoas com deficiência (PCDs). 

O mesmo estudo revela que 61% das empresas não realizam cursos sobre iniciativas de acessibilidade digital para PCDs e somente 42% têm profissional especialista em diversidade e inclusão. Fábio Futigami, head de CX no Grupo Take 5, diz que um passo importante para garantir maior igualdade no ambiente corporativo é permitir que todos tenham as mesmas condições de se capacitar e crescer profissionalmente. 

Parece algo tão simples, mas se os treinamentos que estão à disposição dos colaboradores , fornecedores e parceiros não seguem o princípio da acessibilidade digital, este objetivo não será atingido. “Nos últimos meses, estudamos bastante sobre o tema, e percebemos que algumas funcionalidades adicionadas ao sistema de aprendizagem que disponibilizamos aos nossos clientes poderiam facilitar significativamente o acesso aos treinamentos, tão indispensáveis ao engajamento dos times e ao alcance de metas estabelecidas pelas empresas, inclusive quando se fala de vendas. Esse tipo de situação é muito mais comum do que pensamos, por exemplo, quantas pessoas do nosso dia a dia que precisam usar óculos pois possuem dificuldade de enxergar de perto?”, diz. 

Para tornar o Take 5 LMS uma plataforma acessível, Futigami diz que a empresa contou com a consultoria do Movimento Web para Todos, que ajudou a entender o que seria necessário para atender, por exemplo, a pessoas com dislexia ou deficiências visuais e auditivas. “Sem acessibilidade na web, muitas dessas pessoas perdem autonomia e precisam contar com a boa vontade de terceiros para executarem tarefas simples e essenciais. Pensando nisso, estamos dando mais um passo com a implementação de uma ferramenta de acessibilidade que, por meio de um ícone, permite ajustes de conteúdo, ajustes de cor, aumento da fonte, opção por um contraste mais escuro ou por um cursor maior, e escolha de um entre inúmeros idiomas”, exemplifica.

 

“Inclusão, equidade e acessibilidade são pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa”, diz embaixador de Diversidade e Inclusão

Futigami acrescenta que empresas que estão atentas a essas oportunidades são beneficiadas com a ampliação e diversificação do seu público, e com inovação em seu conteúdo, com uma comunicação moderna, colaborativa e empática. “A acessibilidade traz inúmeros benefícios principalmente para as pessoas com alguma deficiência, mobilidade reduzida, idosas, dificuldade no uso de computador e com baixo letramento”, acrescenta. 

A AkzoNobel, multinacional holandesa de tintas e revestimentos, é uma dessas empresas que busca a inclusão. Sites como a Academia Coral, com foco em pintores de tintas decorativas, e Academia de Repintura, dedicado a profissionais de pintura automotiva, contam com importantes ferramentas de acessibilidade. 

Luciano Ruggi, especialista em Marketing Digital e embaixador de D&I (Diversidade e Inclusão) na AkzoNobel, compartilha que recebe funcionalidades como essas, focadas em proporcionar maior acessibilidade, com grande entusiasmo. 

Pessoa com Deficiência e Especialista em Equidade, Acessibilidade e Inclusão, Ruggi diz que suas experiências pessoais e profissionais permitem analisar essas melhorias nas plataformas digitais da empresa como extremamente valiosas. “Elas poderão ampliar a inclusão de pintores e lojistas nos treinamentos desenvolvidos por nossas marcas e garantir que todos possam participar plenamente e beneficiar-se das capacitações oferecidas. Isso enriquece a experiência de aprendizado e promove um ambiente mais inclusivo e diversificado, essencial para o sucesso contínuo da nossa empresa”, afirma. 

Na Academia Coral, por exemplo, Ruggi comenta que já foi implementada também a utilização de um intérprete de LIBRAS, para levar acessibilidade, mas também alcançar e incentivar os parceiros e outras empresas a terem um olhar voltado para a inclusão. 

Atualmente, a Academia Coral, plataforma de treinamentos da AkzoNobel focada no desenvolvimento técnico dos pintores, soma mais de 220 cursos no ar, com quase nove mil usuários ativos e somando mais de 240 mil certificados emitidos. Já a Academia Repintura, lançada em 2023, já acumula mais de 40 treinamentos, nos formatos de vídeo-aulas, e-learning e ATC Online, com dicas rápidas para todo profissional ou oficina interessados em aperfeiçoar o conhecimento e a mão de obra produtiva do segmento com qualidade e inovação digital.

“A inclusão, equidade e acessibilidade são pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa. Mesmo após nove anos de vigência da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), ainda observamos que seu impacto e reconhecimento não se firmaram plenamente em nosso país. Por isso, iniciativas que promovam essas causas são mais do que bem-vindas: são essenciais. Elas são fundamentais para fortalecer a LBI e garantir que se torne uma realidade tangível na vida de todos os brasileiros. Juntos, podemos construir um futuro onde a inclusão não seja apenas um conceito, mas uma prática diária”, acrescenta Ruggi.


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