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terça-feira, 16 de julho de 2024

Porque o tratamento da Síndrome do Ovário Policístico com anticoncepcionais tem se tornado controverso?

Ginecologista Ricardo Bruno explica quando é indicado o uso, quando não é e quais os tipos de anticoncepcionais são mais aconselhados

 

Um dos tratamentos mais indicados para a Síndrome do Ovário Policístico é o anticoncepcional, porém, recentemente, esse tratamento tem sido tema de debate entre médicos, tanto que foi um dos assuntos abordados durante o Congresso Europeu de Contracepção (um dos mais importantes eventos do segmento). O ginecologista Ricardo Bruno, Diretor Médico da Exeltis Brasil, participou do evento e, com base em sua experiência e no que ouviu no congresso, explica o porquê alguns anticoncepcionais atualmente não são muito indicados.

Segundo o especialista, que é Mestre e Doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Chefe do Serviço de Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ, essa síndrome é distúrbio hormonal, que têm três características principais:

  • Hiperandrogenismo, ou seja, um excesso de hormônios masculinos na mulher, que pode causar o crescimento de pêlos em lugares que a mulher não tem ou de aspectos mais masculinos e, também, acne. É possível também identificar de forma laboratorial, quando dosamos a testosterona e os hormônios androgênicos estão elevados.
  • A irregularidade menstrual. Mulheres com essa síndrome, geralmente, têm a ausência de menstruação ou um ciclo menstrual irregular.
  • Ovários com características policísticas, ou seja, com vários cistos pequenos, que podem ser identificados através de ultrassonografia. 

Por ser uma síndrome hiperandrogênica, o tratamento indicado são remédios que sejam anti androgênicos. “Normalmente a pílula anticoncepcional é indicada devido aos progestagénios anti-androgênicos, como a ciproterona, a clormadinona, a drospirenona e o dienogeste”, diz o ginecologista. Porém, o doutor explica que a ciproterona, um dos mais utilizados com esse fim, não tem mais sido recomendado, devido ao fato de que seu uso em pílulas resulta em um anticoncepcional de dosagem estrogênica maior, de 35 microgramas, que traz um risco tromboembólico alto, além de já existirem estudos mostrando aumento de meningioma (tumor que atinge as meninges) nessas pacientes. 

Para Bruno, apesar de ser um bom tratamento para a Síndrome dos Ovários Policísticos, é preciso cuidado no momento de receitar as pílulas anticoncepcionais. “Esse tratamento tem vários pontos positivos, inclusive a regularização da menstruação, porém muito tem se discutido sobre o uso de pílulas combinadas no geral (com estrogênio e progestogênio), não só a ciproterona, já que elas também aumentam o risco de desenvolver trombose”, conta Ricardo. 

O especialista explica que essas pacientes têm um distúrbio metabólico, sendo que grande parte é obesa, pré diabética, diabética ou hipertensas, com isso elas não podem usar anticoncepcionais com estrogênio. “Por isso, hoje vem sendo repensado a utilização desses tratamentos com anticoncepcionais combinados, por conta do risco tromboembólico maior. Pensando nisso, uma opção interessante é o uso de pílulas de drospirenona isolada, que não traz esse risco”, conta. “Vale ressaltar também que, como essas mulheres ficam anovulatórias por muito tempo, se não tratamos com anticoncepcional e elas não menstruarem por um período prolongado, há aumento do risco de câncer de útero e câncer de endométrio”, conclui o doutor
 

Exeltis


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