A Conexa,
ecossistema digital de saúde integral, realizou uma pesquisa pela plataforma da
startup com 1.174 colaboradores de clientes entre janeiro e abril deste ano, e
verificou que 76,3% (896) deles acreditam que o seu gestor influencia a forma
que ele se sente no trabalho. Destas 896 pessoas, 37,5% disseram que o
sentimento mais despertado pela liderança no colaborador é a ansiedade, seguido
pela calma (19,3%), estresse (17,5%), orgulho (16,5%) e inferioridade (9,2%).
De acordo com
Rui Brandão, vice-presidente de Saúde Mental da Conexa, a alta porcentagem de
ansiedade e estresse citada na pesquisa indica que muitos funcionários
enfrentam dificuldades emocionais no ambiente de trabalho, possivelmente devido
a pressões excessivas ou falta de suporte adequado. Os possíveis fatores que podem
causar os sentimentos mencionados são:
- Ansiedade:
falta de clareza e transparência; sobrecarga de trabalho; comunicação ineficaz;
insegurança no emprego; microgerenciamento.
- Estresse:
pressão constante; falta de controle; má comunicação; reconhecimento
insuficiente; ambiente tóxico.
“Gestores que
entendem seu impacto emocional podem adotar estratégias para promover um
ambiente de trabalho mais positivo e produtivo, onde os colaboradores se sentem
valorizados, motivados e engajados,” diz Brandão.
Outro ponto a
ser destacado é que a sobrecarga de trabalho e a urgência constante na execução
das tarefas podem aumentar os níveis de estresse, resultando em burnout. Na
pesquisa, 54,7% dos entrevistados afirmaram que sofrem estresse, por exemplo,
quando o gestor repassa a pressão que ele recebe para os seus subordinados.
A pressão
excessiva tende a ser contraproducente, prejudicando o desempenho e o bem-estar
dos funcionários. Um total de 49,7% das pessoas ouvidas não considera que ser
pressionado ou ter um pouco de estresse vai aumentar sua produtividade. “Essa
opinião pode ter sido indicada no levantamento devido ao fato de que a pressão
excessiva pode levar a estresse, ansiedade e burnout, resultando em uma queda
na eficiência e qualidade do trabalho”, avalia Brandão. No entanto, 36,7%
acreditam que, às vezes, a pressão ou estresse influenciam no aumento da
produtividade. Apenas 11,8% acham que a pressão aumenta a produtividade.
Outra questão
avaliada pelos colaboradores foi o ato de delegar: apenas 44,2% deles acreditam
que seus gestores sabem delegar de maneira eficaz. Isso significa que menos da
metade da equipe tem confiança plena na capacidade do gestor de distribuir
tarefas adequadamente.
Além disso, quase
um terço dos colaboradores (31,8%) sente que os gestores às vezes delegam bem.
Isso sugere que a eficácia da delegação é percebida como inconsistente,
possivelmente, variando com a situação ou a carga de trabalho. Um quinto dos
colaboradores (21,3%) acredita que seus gestores não sabem delegar. “Esta
percepção pode indicar problemas significativos na gestão de tarefas e
responsabilidades, levando a uma sobrecarga de trabalho para os gestores e uma
subutilização das habilidades da equipe”, explica Brandão.
Tom
de voz
A coordenadora de saúde mental da Conexa, a psicóloga Carolina Porfírio, avaliou o tom de voz e a socialização dos colaboradores que responderam a pesquisa.
O estudo
identificou que a maioria dos gestores (69,2%) não eleva o tom de voz ou ameaça
subordinados, o que é um sinal positivo de comportamentos gerenciais
respeitosos, segundo Carolina. No entanto, 14,1% dos respondentes ainda
experimentam esse tipo de comportamento frequentemente, indicando que há espaço
para melhorias em termos de comunicação e resolução de conflitos.
As reações dos
funcionários a um gestor que eleva o tom de voz variam significativamente,
revelando diferentes níveis de resiliência e impacto emocional. Entre os
colaboradores, 37% relataram que mantêm a serenidade quando o chefe eleva o tom
de voz, enquanto 31,1% ficam estressados ou nervosos. “Isso reflete a
capacidade de resiliência de parte da força de trabalho, mas também destaca a
necessidade de estratégias de apoio para aqueles que se sentem vulneráveis ao
estresse”, analisa a psicóloga.
Um total de
22,9% respondeu que já se acostumou com o gestor, o que, segundo Carolina,
indica uma forma de aceitação ou ressignificação, mas não necessariamente um
ambiente saudável. A psicóloga ainda alerta para os 8,5% que se sentem
assustados com as reações do gestor. “Embora seja uma proporção menor de
colaboradores que se sente intimidado, isso pode levar a um ambiente tóxico e a
problemas de saúde mental”, diz ela.
Socialização
A pesquisa
também avaliou a socialização entre gestores e colaboradores e verificou que há
momentos de socialização entre eles, segundo 49,4% dos funcionários ouvidos. A
participação ativa de gestores em momentos sociais como almoços, cafés e
eventos de lazer tem o potencial de fortalecer os laços de equipe e promover um
ambiente de trabalho mais coeso e agradável. No entanto, há espaço para
melhorias, especialmente para os 23.9% que não participam dessas interações
sociais.
A maioria dos
colaboradores (56,1%) acha que seu gestor contribui para o bom ambiente do
trabalho. Apenas, 15,5% acha que não. Esse resultado mostra que a maioria dos
funcionários sente que seus gestores estão ativamente contribuindo para um
ambiente de trabalho saudável e produtivo. Esse comportamento geralmente
inclui: Comunicação clara e aberta, apoio e reconhecimento do trabalho da
equipe, criação de uma atmosfera colaborativa.
Segundo a psicóloga da Conexa, a pesquisa destaca a influência crucial dos gestores no bem-estar emocional e na produtividade dos funcionários. “Embora haja aspectos positivos, como a participação em atividades sociais e a ausência de comportamentos agressivos em muitos casos, áreas como a gestão de pressão, delegação eficaz e comunicação respeitosa precisam de atenção. Investir no desenvolvimento das habilidades de liderança dos gestores pode resultar em um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e satisfatório para todos”, analisa.
Conexa
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