Imagine um mundo em que a solução de determinados problemas, sejam eles matemáticos ou questões complexas de determinados setores do mercado, que levariam décadas para serem resolvidos por computadores clássicos, de repente, são solucionados em questão de minutos, acelerando o processo em milhares de vezes.
Embora pareça um cenário de ficção científica para diversas
pessoas, essa é uma realidade emergente trazida pelos avanços da Computação
Quântica, que tem sido cada vez mais explorada pelos especialistas do setor de
tecnologia.
De acordo com a IDC, os investimentos no mercado de computação
quântica devem atingir quase US$ 16,4 bilhões até o final de 2027. A corrida,
que envolve as big techs e centenas de startups, visa ir além de
acelerar cálculos complexos, mas sim transformar indústrias inteiras com sua
capacidade exponencial de processamento.
Diferente dos computadores clássicos, que processam informações em
bits binários (0 ou 1), os computadores quânticos utilizam qubits, que podem
representar ambos os estados simultaneamente graças à superposição, permitindo
realizar cálculos complexos mais rapidamente. Além disso, o entrelaçamento
desses qubits possibilita a execução eficiente de algoritmos quânticos,
prometendo avanços significativos em criptografia, simulação de materiais e
otimização logística, com soluções mais rápidas, eficazes e seguras. Mas o que
isso quer dizer na prática?
No campo da química computacional, por exemplo, processadores
quânticos já demonstraram a modelagem das interações entre átomos e moléculas
de forma extremamente precisa e rápida, permitindo o desenvolvimento de novos
medicamentos que, antes, demorariam anos para serem criados.
Outro avanço prático foi a conquista da supremacia quântica do
Google, em 2019, demonstrando que um processador quântico pode executar uma
tarefa específica, inatingível para o mais poderoso dos supercomputadores
clássicos, em um tempo razoável. O feito provou não apenas o conceito, mas
também abriu portas para futuras aplicações que podem transformar indústrias
inteiras.
Entretanto, os computadores quânticos ainda são pouco acessíveis,
se limitando apenas a um pequeno grupo de investidores no mundo. Mas, se as
empresas continuarem a cumprir suas metas de desenvolvimento, é possível que a
aplicação para uso empresarial comece a gerar valor para os negócios já em
2025, alcançando a sua estabilidade em 2035.
De acordo com um estudo realizado no último ano pela Boston
Consulting Group, intitulado "Quantum Computing Is Becoming Business
Ready", a previsão nesse novo estágio é que essa tecnologia gere entre US$
450 bilhões a US$ 850 bilhões em receita líquida para usuários por meio de uma
combinação de geração de receita a partir de novas oportunidades com o uso da
inovação e economia de custos. Porém, antes que isso aconteça, alguns desafios
significativos devem ser enfrentados.
Entre os principais está a escalabilidade. Atualmente, os
computadores quânticos com um número maior de qubits são difíceis de construir
e operar devido à complexidade de manter a coerência quântica em um sistema tão
grande. Além disso, a correção de erros quânticos ainda é um campo que precisa
de desenvolvimento para permitir operações mais longas e complexas sem perda de
informações.
Em relação à acessibilidade, estes aparelhos ainda operam em
temperaturas extremamente baixas que envolvem infraestruturas grandes e caras.
Desse modo, tornar essas máquinas menores, mais eficientes e menos dependentes
de ambientes tão controlados será essencial para atingir o público geral.
Todavia, mesmo diante a tantos desafios, a expectativa é grande em
diversos pontos do desenvolvimento quântico. Além das simulações químicas e
farmacêuticas, no médio prazo estima-se que problemas complexos de otimização
em logística e sistemas financeiros possam ser abordados de maneira mais
eficiente.
Já futuramente, a esperança é que haja revolução em campos como
Inteligência Artificial (IA) e machine learning, oferecendo novos
métodos para processar e analisar grandes volumes de dados de maneiras não
vistas hoje.
Olhando todo o cenário, o que podemos afirmar neste momento é que
a Computação Quântica, de fato, é a próxima onda tecnológica e ela vai
desencadear uma revolução sem precedentes em indústrias inteiras. À medida que
superamos desafios como a correção de erros e a miniaturização dos qubits,
aproximamo-nos de um futuro em que essa tecnologia será uma ferramenta
essencial para o salto da inovação e o avanço do progresso.
Kefreen Batista - vice-presidente de tecnologias na Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras.
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