André
Coura, advogado criminalista e especialista em crimes de alta complexidade,
aborda riscos muitas vezes ignorados por influenciadores e profissionais do
marketing digital
Ao longo das últimas
semanas, tornaram-se cada vez mais frequentes as notícias sobre a investigação,
denúncia e, às vezes, prisão de influenciadores digitais envolvidos na
divulgação de jogos de azar, como o ‘jogo do tigrinho’, rifas e sorteios. As
investigações, lideradas por órgãos como o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) e a Polícia Federal, costumam resultar em acusações de
crimes como lavagem de dinheiro, estelionato e pirâmide financeira.
Com a ascensão do marketing de influência, a
profissão de influenciador digital vem atraindo cada vez mais interessados, em
especial os jovens. Esse fenômeno, impulsionado pela possibilidade de altos ganhos
imediatos, vem chamando a atenção para a necessidade de profissionalização das
atividades de divulgação de forma segura, a fim de evitar problemas futuros.
Nos estágios iniciais dessa nova profissão, muitos
influenciadores enfrentam desafios devido à falta de assessoria jurídica
especializada. “Esses profissionais muitas vezes não têm conhecimento dos
riscos jurídicos aos quais estão expostos”, pontua André Coura, advogado
criminalista e sócio do Coura e Silvério Neto Advogados. “A ausência de suporte
jurídico adequado resulta em diversas complicações para esses profissionais,
evidenciando a importância de contar com uma equipe experiente para atender às
demandas específicas do setor”, reforça.
Esse tipo de cuidado se mostra fundamental ao
proteger o influenciador contra possíveis penalidades, além de fortalecer a
confiança de seus seguidores e das marcas parceiras. Abaixo, André indica cinco
dicas para quem atua nesse meio:
1. Informe-se sobre as leis e regras vigentes:
- Familiarize-se com as leis que
regulamentam jogos e sorteios. No Brasil, por exemplo, a realização de
sorteios apostas são regulamentadas pelas Leis nº 13.756/2018 e
14.790/2023 (dispõe sobre a modalidade de "apostas de quota
fixa") e outras normativas, como a Portaria SPA/MF n.º 827/2024, que
regulamenta as diretrizes do mercado de apostas;
- Assegure-se de que qualquer
promoção de jogos ou sorteios está em conformidade com as leis aplicáveis,
incluindo a obtenção de licenças necessárias e a transparência nas regras
e condições.
2.
Mantenha um registro de todas as comunicações e acordos com
parceiros
- Documente todas as interações e
acordos feitos com marcas e parceiros. Guarde e-mails, mensagens e
quaisquer documentos relevantes que possam servir como prova em caso de
disputas jurídicas.
3.
Estabeleça contratos claros e detalhados
·
Ao firmar parcerias, é crucial ter
contratos que detalhem claramente as responsabilidades de ambas as partes.
Inclua cláusulas sobre conformidade legal, proteção ao consumidor e uso
responsável da plataforma;
·
Certifique-se de que as obrigações
de divulgação, transparência e conformidade com a legislação são explicitamente
abordadas no contrato.
4. Seja transparente
·
Sempre divulgue de forma clara que a
promoção ou sorteio é patrocinado. Utilize hashtags e “avisos” para
garantir que os seguidores entendam que se trata de uma parceria comercial;
·
Forneça todas as informações
relevantes sobre as regras do sorteio ou jogo, incluindo elegibilidade,
prêmios, datas e termos e condições completas.
5. Consulte um advogado especializado em direito digital
·
Contar com a orientação de um
advogado especializado em direito digital é essencial. O profissional pode
ajudar a revisar contratos, fornecer conselhos sobre conformidade legal e
representar o influenciador em caso de litígios;
·
Um advogado pode também ajudar a
navegar pelas complexas leis de proteção de dados, privacidade e outras
regulamentações aplicáveis ao ambiente digital. Além disso, é esse profissional
que está apto a realizar um trabalho preventivo, para evitar que o
influenciador tenha problemas com a justiça no futuro.
André destaca ainda que, ao assessorar influenciadores
digitais e outros profissionais de grande projeção junto ao público, o advogado
não pode focar apenas em questões processuais. “É preciso cuidar do cliente em
diversas frentes, incluindo um contingenciamento em relação à sua imagem, que é
pública. Assim, é possível evitar repercussões tanto na esfera patrimonial
quanto na processual”, pontua.
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