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terça-feira, 25 de junho de 2024

Quase metade das mulheres do Sudeste do Brasil já sofreram violência doméstica

Menos de um terço das vítimas de violência doméstica da região declaram ter solicitado medidas protetivas de urgência
 

De acordo com a primeira atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, 49% da população feminina do Sudeste do Brasil declara ter sofrido alguma forma de violência doméstica ao longo de suas vidas. O projeto é resultado de uma parceria entre o Senado Federal, através do Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV) e do DataSenado, o Instituto Avon e a Gênero e Número. Essa é a primeira vez, desde 2005, que a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher apresenta dados estaduais. 

Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados dessa região com o maior número de mulheres que já vivenciaram alguma situação de violência doméstica e familiar, ambos com 53%, seguidos por São Paulo (45%) e Espírito Santo (44%). No recorte nacional, o índice é de 48%. 

Além disso, 68% das brasileiras afirmaram ter uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica e familiar. No Sudeste, o Rio de Janeiro (70%) lidera esse índice, com Espírito Santo (69%), Minas Gerais (68%) e São Paulo (67%) na sequência. 

“A análise de dados de violência de gênero por estado é fundamental para compreendermos, com maior profundidade, o real cenário de cada região do país. Com estes insumos, pretendemos contribuir com a gestão pública na criação e aperfeiçoamento de medidas, serviços e políticas públicas de conscientização, apoio e proteção de mulheres em situação de violência. Agora, o Mapa – uma ferramenta resultante da união entre os setores público e privado – irá facilitar o acesso a essas informações para qualquer pessoa ou instituição que deseja entender melhor a realidade da violência de gênero no Brasil”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
 

Conhecimento sobre direitos femininos previstos na lei ainda é limitado à minoria da população 

Cerca de 67% das sudestinas assumem conhecer pouco a Lei Maria da Penha. Minas Gerais é o estado do Sudeste com o maior número de mulheres que não se consideram bem-informadas sobre o tema, ficando acima da média da região, com 69%. Na sequência, estão São Paulo (67%), Rio de Janeiro (66%) e Espírito Santo (65%). 

Inclusive, é nítido o impacto que a falta de conhecimento sobre os mecanismos e serviços de proteção garantidos pela lei tem sobre as mulheres que sofrem violência, já que apenas 24% da população feminina vítima de violência do Sudeste já solicitou medidas protetivas de urgência –o menor índice do país. Rio de Janeiro e São Paulo são os estados com os menores números, ambos com 20%, seguidos de Espírito (29%) e Minas Gerais (33%). 

“Do que uma mulher que sofre violência precisa? Acredito que a análise aprofundada da pesquisa traz muitas respostas. Dentre elas, uma chave para libertar essa mulher de relações abusivas é o maior acesso à escuta qualificada e ao apoio psicológico e assistencial na fase inicial da violência, que leve informação, segurança e caminhos para essa mulher”, diz Maria Teresa Prado, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal.
 

Mapa Nacional da Violência de Gênero 

Lançado em novembro de 2023, o Mapa Nacional da Violência de Gênero é uma plataforma interativa que reúne os principais dados nacionais públicos e indicadores de violência contra as mulheres do Brasil, incluindo a Pesquisa Nacional de Violência contra as Mulheres – a mais longa série de estudos sobre o tema no país. Dos dias 21 de agosto a 25 de setembro de 2023, 21.787 mulheres de 16 anos ou mais foram entrevistadas por telefone, em amostra representativa da opinião da população feminina brasileira. 

Desde seu lançamento, o Mapa teve duas atualizações (em fevereiro e junho de 2024), foi apresentado internacionalmente na 68ª Comission on the Status of Women (CSW) na Organização das Nações Unidas (ONU), e recebeu o prêmio na categoria Impacto Global pelo Qlik Transformation Awards, um dos maiores evento de arquitetura e visualização de dados do mundo. 

"Sem dados não há políticas públicas eficazes e o papel do Mapa Nacional da Violência de Gênero é visibilizar e disponibilizar os dados de violência de gênero em todos os cantos do país. Em um país continental, o território pode trazer diferentes necessidades e perspectivas para as ações e políticas de combate à violência de gênero e os dados com um recorte local, como os disponíveis nessa nova atualização do Mapa, são fundamentais para isso", diz Vitória Régia da Silva, Presidente e diretora de conteúdo da Gênero e Número. 



Sobre o Instituto Avon
O Instituto Avon é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua na defesa de direitos fundamentais das mulheres, promovendo iniciativas em atenção ao câncer de mama e enfrentamento às violências contra as meninas e mulheres. Por meio de ações próprias e parcerias com instituições da sociedade civil, setor privado e poder público, o Instituto Avon se concentra na produção de conhecimento e no desenvolvimento de projetos que mobilizem todos os setores da sociedade para o avanço das causas. Desde a sua fundação, em 2003, o braço social da Avon no Brasil já investiu mais de R$ 207 milhões em mais de 430 projetos, beneficiando mais de 5,3 milhões de pessoas e engajando mais de 130 empresas em suas iniciativas.

Sobre Gênero e NúmeroA Gênero e Número é uma associação de mídia independente que produz, analisa e dissemina dados especializados em gênero, raça e sexualidade em diferentes formatos. Com linguagem gráfica, conteúdo audiovisual, pesquisas, relatórios e reportagens multimídia, informa uma audiência interessada no assunto. O seu propósito é impulsionar o debate sobre equidade e embasar discursos de mudança.

Sobre o Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado Federal (OMV) O Observatório da Mulher faz parte da estrutura da Secretaria de Transparência do Senado. Em parceria com o Instituto DataSenado, é responsável pela Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, que é a maior e mais longa pesquisa realizada com mulheres no país sobre o tema. O OMV tem como atribuição reunir e sistematizar as estatísticas oficiais, promover pesquisas e estudos, coletar dados primários e apoiar o trabalho de senadores e senadoras em relação à violência contra a mulher. Sua missão é contribuir para o fim da violência contra as mulheres, constituindo-se como uma plataforma de referência nacional e internacional em dados, pesquisa, análise e intercâmbio entre as principais instituições atuantes na temática de violência contra as mulheres.

 

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