Estima-se que 80% da população sexualmente ativa terá contato com o HPV em algum momento da vida
A vacina contra o papilomavírus humano, conhecido
pela sigla em inglês HPV, pode evitar o desenvolvimento de cânceres de colo de
útero, ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe relacionados ao vírus do HPV.
Porém, é deixada de lado devida à desinformação sobre a essencialidade do
imunizante e pelo preconceito pela escolha de público-alvo para o esquema
vacinal no SUS. Indicada a crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, há quem
classifique erroneamente a vacinação como um modo de estimular o início precoce
da vida sexual.
Para começar a discussão, precisa-se pontuar que
20% dos cânceres são causados por vírus e metade desse número é consequência do
HPV. A situação é ainda pior quando se trata do câncer de colo de útero. Nesses
casos, a relação com o papilomavírus humano se apresenta em aproximadamente 97%
das investigações.
Porém, a solução para os problemas causados pelo
HPV é deixada de lado. Em, 2022, o Ministério da Saúde informou que 75,91% das
meninas da população-alvo tomaram a primeira dose da vacina e 57,44% a segunda.
O percentual é ainda mais baixo entre os garotos, na primeira aplicação foram
52,26% imunizados e na última apenas 36,59%.
A baixa adesão está relacionada principalmente à
desinformação sobre os efeitos colaterais do imunizante, que são em sua maioria
vermelhidão, inchaço ou dor no braço. Porém, os boatos de outros problemas de
saúde impactaram nos índices de aplicações, apesar de terem sido desmentidos
por instituições científicas de altíssima confiabilidade no Brasil e em outros
países.
Também atrapalha nas taxas de imunização, o estigma
das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O vírus do HPV é transmitido
principalmente pelo sexo, porém, também pode ser passado pelo contato físico
direto e indireto com as verrugas e lesões causadas pela doença.
A pasta federal de Saúde identificou que o índice
de HPV nas regiões genitais é de 54,4% nas mulheres, que já iniciaram a vida
sexual, e de 41,6% nos homens.
Além disso, estima-se que 80% da
população sexualmente ativa terá contato com o papilomavírus humano em algum
momento da vida, ou seja, o HPV é um problema comum na maturidade.
Por isso, a importância da vacinação daqueles que
ainda não iniciaram a vida sexual, principalmente, também, pela quantidade de
variantes do vírus. Existem mais de 100 tipos diferentes de papilomavírus
humano e estão associados principalmente ao câncer de colo de útero as
variantes 16 e 18 e ao condiloma acuminado – as verrugas – principalmente as 6
e o 11.
É importante destacar que o HPV e suas variantes
podem permanecer no corpo humano sem apresentar nenhum sinal, o que torna ainda
mais propicia a prática do sexo desprotegido e a transmissão do vírus para
diferentes parceiros.
Sendo assim, a adesão à vacinação contra o
papilomavírus humano deve ser incentivada e a desinformação o preconceito
contra a imunização combatidos. Atualmente, as vacinas disponíveis protegem
contra as principais variantes do vírus.
No SUS é possível se imunizar com a quadrivalente e
no sistema particular com a nonavalente.
Podem receber o imunizante: a população-alvo - a
crianças e adolescentes de 9 a 14 anos - e pessoas com idades de 9 a 45 anos
nas condições de: transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia
e radioterapia, pessoas vivendo com HIV/Aids e vítimas de violência sexual.
Lembre-se: O HPV é um problema
comum e precisa da atenção e do empenho de todos! Vacine-se!
Dr. Ilzo Vianna Júnior é ginecologista do Instituto
de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) e encarregado pelo
Setor de Patologia do Trato Genital Inferior no Hospital do Servidor Público
Estadual (HSPE).
Instituto de Assistência
Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo - Iamspe
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