Muitas vezes confundida com
obesidade, o lipedema causa dor e fadiga nas pernas
Data que representa a luta por igualdade de gênero e pelos
direitos das mulheres, o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é também uma
oportunidade de reforçar a importância dos cuidados com a saúde feminina.
As mulheres possuem maior risco de desenvolver algumas doenças
venosas, como o lipedema, pelo fato de estarem mais propensas a problemas
genéticos que levam à condição. Isso porque os hormônios femininos contribuem
para o desenvolvimento de distúrbios de coagulação sanguínea e a presença de
varizes.
O lipedema é uma doença que afeta cerca de 11% das mulheres. Essa condição crônica é caracterizada pelo acúmulo de gordura, especialmente nos membros inferiores. Ao contrário da gordura comum, caso não haja um acompanhamento, com o tempo, o lipedema pode aumentar em diferentes estágios.
Um dos principais sintomas é o surgimento de depósitos de gordura
simétricos em ambas as pernas (que eventualmente podem se transformar em
grandes dobras sobrepostas), sem afetar os pés. O acúmulo de gordura ocorre
gradualmente e, nos estágios iniciais, os sinais visíveis incluem uma aparência
de "casca de laranja" na pele e possíveis lipomas subcutâneos.
Além disso, a doença geralmente causa dor nos tecidos moles, tanto
em repouso quanto durante o movimento, perda de elasticidade da pele e fadiga.
Embora haja uma tendência de acumular gordura da cintura para baixo, formando
uma espécie de ‘anel’ no tornozelo, muitos pacientes com lipedema também
apresentam acúmulo de gordura nos braços.
O lipedema é classificado em diferentes níveis. No nível 1, ainda
não há alterações na pele, apenas inchaço nas pernas que pode diminuir com a
elevação dos membros. No nível 2, ocorre o surgimento de relevos visíveis na
pele, bem como a presença de lipomas, eczema e erisipela. Nesse estágio também
é perceptível o inchaço ao longo do dia, mas melhora apenas parcialmente com
repouso. O nível 3 caracteriza um estágio mais avançado do lipedema, com tecido
adiposo endurecido, fibroso, edema evidente e grandes dobras de pele
sobrepostas. No quarto e último nível, as dobras são ainda maiores, pode haver
comprometimento do sistema linfático (linfedema) e o acometimento não se limita
apenas às pernas, mas também aos braços, peito e tronco.
É importante diferenciar o lipedema, o linfedema e a obesidade,
pois eles apresentam características distintas. Enquanto o lipedema envolve
depósitos de gordura e edema nas pernas e braços, sem afetar mãos e pés de
forma bilateral, o linfedema inclui mãos e pés no quadro clínico, não
necessariamente de forma bilateral. Já a obesidade é caracterizada
por um acúmulo generalizado de gordura.
Embora as causas do lipedema ainda não sejam totalmente
conhecidas, suspeita-se que a condição tenha uma base genética, ainda que a
doença também pode estar relacionada a questões metabólicas, inflamatórias ou
hormonais.
O diagnóstico do lipedema é feito por meio de exame físico. Ao palpitar o tecido adiposo, o médico pode identificar a presença de nódulos e avaliar sua consistência, considerando o lipedema como uma possibilidade. Exames como ultrassonografia, ressonância magnética e linfografia podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico.
O lipedema pode causar complicações, como dor crônica,
comprometimento progressivo da mobilidade e problemas linfáticos, devido ao
inchaço. Além disso, em estágios avançados, pode estar associado ao surgimento
de quadros psicológicos, como depressão, devido ao impacto na qualidade de
vida.
Embora não haja cura para o lipedema, o tratamento pode reduzir os
danos progressivos, especialmente quando identificado nos estágios iniciais.
Recomenda-se o controle de peso por meio de uma alimentação equilibrada e
exercícios físicos, pois, embora isso não afete a gordura específica causada
pela condição, ajuda a reduzir a gordura não relacionada ao lipedema, prevenindo
o aumento da parte inferior do corpo.
Medicamentos e procedimentos, como drenagem linfática e terapia de
compressão, podem ser utilizados. O uso de roupas de compressão ajuda a reduzir
o inchaço e a sensação dolorosa.
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