Pesquisas descobrem que a radiação UV é mais eficaz na formação de tumores em temperaturas mais altas; especialista explica como os diferentes tipos de pele podem ser afetados e quais outros problemas de pele também são impactados pelo calor
O calor é uma presença constante em nossas vidas,
seja na forma de sol radiante, como nos dias quentes de verão, ou em ambientes
aquecidos artificialmente. E embora essa sensação de calor seja, muitas vezes,
reconfortante, é importante considerar os impactos que ela pode ter na nossa pele,
o maior órgão do corpo humano.
Aumento da temperatura x risco
de câncer de pele
Segundo uma pesquisa recente da Dra. Eva Parker,
professora assistente de dermatologia no Vanderbilt University Medical Center e
presidente da Sociedade Dermatológica de Nashville, nos Estados Unidos, além do
perigo de desenvolver câncer de pele pela radiação UV, problema já bastante
conhecido pela população, as temperaturas mais elevadas também podem aumentar o
risco de desenvolver a doença. “Foram feitos experimentos que apontaram que o
risco câncer de pele não-melanoma, ou seja, aquele que ocorre com mais
frequência nas áreas do corpo expostas ao sol e que se apresenta como manchas
ou feridas na pele que não cicatrizam, cresce em 5% por cada grau Celsius de
aumento da temperatura”, explica Dr. Maurizio Pupo, farmacêutico e professor
especialista em Cosmetologia.
“Pesquisas anteriores, mostraram que a radiação UV
é mais eficaz na formação de tumores em temperaturas mais altas. Desta forma, à
medida que o planeta segue aquecendo, existe a possibilidade de que o aumento
das temperaturas possa amplificar a indução do câncer da pele pela radiação UV,
aumentando as taxas de pessoas que poderão sofrer com este problema”, ressalta
o especialista.
O farmacêutico ainda explica que, com a alta
radiação solar, outras consequências (além do câncer de pele) também devem
ocorrer, como: aumento de rugas, flacidez, manchas, pigmentação irregular,
melasma, entre outros. “De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia
(SBD), estima-se que o melasma atinja cerca de 35% das mulheres no Brasil. E
este é um problema que acomete mais mulheres com fototipos intermediários. Nem
tão branca, nem tão preta. Por essa razão, vemos muito melasma num país
miscigenado como o Brasil, local em que vivemos uma epidemia de melasma e, o
segredo para evitar este problema, é a proteção solar de qualidade”, diz Dr.
Maurizio.
“Segundo cientistas e pesquisadores, nos próximos
anos, o planeta superaquecido deverá ultrapassar um marco histórico de
temperatura. Os dados dessas pesquisas apontam que há 66% de chance de
passarmos do limite de 1,5°C de aquecimento global entre os dias atuais e
2027”, destaca o especialista.
Tipos de pele mais afetados
A pesquisa ainda apontou que os casos de câncer de
pele têm aumentado de 4% a 5% anualmente em todo o mundo, especialmente entre
as populações de pele clara. “Neste sentido, ainda vale reforçar sobre os
riscos de melanoma para pessoas de pele negra, que também devem ser afetadas
com o aumento das temperaturas. Segundo um estudo apresentado pelo Congresso
Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, pessoas de pele negra costumam
desenvolver a forma mais grave e com maior intensidade do câncer de pele”,
explica o farmacêutico.
A população indígena, pessoas com albinismo e
vitiligo também estão entre as que terão o risco aumentado. “Por mais que a
população de pele clara tenha, historicamente, uma probabilidade maior de
desenvolver a doença – no Brasil, por exemplo, o índice mais alto está na
região Sudeste por descentes de europeus –, precisamos estar atentos ao impacto
do aumento das temperaturas em todos os tipos de pele e em como minorias e
populações menos favorecidas, com menor acesso à prevenção, também podem ser
afetadas”, diz Dr. Maurizio.
Outros impactos do calor na
pele humana
Além da descoberta de que o aumento das
temperaturas também é prejudicial à saúde da pele, também é necessário estar
atento a outros problemas resultantes do excesso de exposição solar ou de altas
temperaturas, como:
- Desidratação
cutânea: O
calor pode levar à desidratação da pele, resultando em ressecamento e
descamação. A exposição prolongada ao sol, especialmente sem a devida
proteção, pode retirar a umidade da pele, tornando-a áspera e suscetível a
irritações. Por isso, a utilização de hidratantes é essencial para repor a
umidade perdida, mantendo a pele saudável e flexível.
- Queimaduras
solares: A
exposição excessiva ao sol, sem proteção adequada, pode resultar em
queimaduras solares. Estas, não só causam dor e desconforto imediatos, mas
também aumentam o risco de danos a longo prazo, como envelhecimento
precoce e o desenvolvimento de câncer de pele. O uso regular de protetor
solar é fundamental para prevenir esses efeitos nocivos.
- Hiperpigmentação
e manchas: O
calor pode desencadear o aumento da produção de melanina, levando a
problemas de hiperpigmentação e manchas na pele. Isso é especialmente
comum em áreas mais expostas, como o rosto, braços, mãos e pernas. O uso
de protetor solar, além de prevenir queimaduras, ajuda a controlar a
pigmentação e a manter um tom de pele uniforme.
- Agravamento
de condições dermatológicas: Pessoas que sofrem de condições
dermatológicas, como eczema e psoríase, muitas vezes experimentam
agravamento dos sintomas durante períodos de calor intenso. A pele
sensível pode reagir de maneira adversa, resultando em coceira,
vermelhidão e inflamação. O cuidado regular, como o uso de
dermocosméticos, especialmente as opções com vitamina B12, que acalmam a
vermelhidão e coceira da pele, deve ser intensificado durante períodos de
calor extremo.
- Envelhecimento
precoce: O
excesso de exposição ao calor e à radiação UV pode acelerar o
envelhecimento da pele, causando rugas, linhas finas e perda de
elasticidade. Além do uso de protetor solar, ter práticas saudáveis, como
uma dieta balanceada e a ingestão adequada de água, pode contribuir para
retardar esse processo.
“Como vimos, os impactos do calor na pele são
variados e podem ter consequências significativas se não forem devidamente
abordados. A conscientização sobre a importância dos cuidados com a pele, a
proteção solar regular e a adoção de hábitos saudáveis são passos cruciais para
manter a integridade e a vitalidade da pele, mesmo diante das adversidades
climáticas”, finaliza o farmacêutico.
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