Fomos criados e
herdamos uma concepção de masculino no qual clichês de virilidade absoluta
reinam em detrimento de tudo que não é a representação máxima do masculino
“heterotop”, ou seja, o pênis.
O machismo
“heterotópico" ignora o homem como um todo, como um ser que não apenas
conquista, mas também vive, sente, sofre, ama, se entrega e é vulnerável e
frágil.
A fragilidade e a
vulnerabilidade do masculino precisam ser acolhidas e revisitadas por toda a
sociedade, homens ou mulheres, seres humanos que se entrelaçam e que
irremediavelmente se encontram. Sejam esses encontros gentis e positivos, ou
polarizados e tóxicos.
Em novembro, temos a campanha do Novembro Azul, através da qual a medicina convida os homens a fazerem os exames de próstata. Simples? Muito. Rápido? Super! Então por que tantos homens morrem de câncer de próstata no Brasil? Eles morrem porque acreditaram que precisam ignorar qualquer parte do corpo que não seja o falo, o pênis. São homens que têm medo do seu próprio corpo, de suas reações, de suas emoções ou que não aceitam que sua masculinidade talvez seja mais frágil do que imaginam, ao ponto de achar que ela possa ser invadida, ameaçada e massacrada por uma mísera dedada. E não, não é engraçado. Ao deixarem de ir ao médico, somam mais de 10 mil casos de câncer de pênis nos últimos cinco anos sendo que, em 25% desses casos, são necessárias amputações do membro.
O câncer de próstata é o segundo câncer que mais mata os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele. Precisamos parar de fazer piada com o exame de próstata. Precisamos levar a sério o câncer de próstata.
Machismo mata. E mata homens e mulheres. Já é hora de repensarmos
nossa relação com o masculino, com o feminino, com nossos corpos e a forma como
interagirmos com eles, sem preconceito, sem inseguranças e com
autorresponsabilidade.
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