Cálculos da consultoria Volt Robotics,
encomendados pela ABSOLAR, apontam que a geração própria solar reduz custos com
termelétricas, custos de operação do sistema, encargos de serviços do sistema e
perdas elétricas em R$ 403,90 por megawatt-hora
A geração própria
solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos ajuda a reduzir custos para
todos os consumidores de energia elétrica no País. Ao calcular os custos e
benefícios da chamada geração distribuída (GD), estudo da consultoria
especializada Volt Robotics, encomendado pela Associação Brasileira de Energia
Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), concluiu que a economia líquida na conta de luz
de todos os brasileiros é de mais de R$ 84,9 bilhões até 2031.
De acordo com o estudo, os benefícios líquidos da geração distribuída equivalem
a um valor médio de R$ 403,9 por megawatt-hora (MWh) na estrutura do sistema
elétrico nacional (fonte: Volt Robotics, 2023), ante a uma tarifa média
residencial de R$ 729 por MWh (fonte: Aneel, 2023) no País.
O objetivo do estudo foi calcular os custos e benefícios da microgeração e da
minigeração distribuída, de acordo com o artigo 17 da Lei nº 14.300, de 6 de
janeiro de 2022, que estabeleceu o marco legal do segmento. Foram identificadas
sete dimensões de avaliação: Energia, Encargos, Risco Financeiro, Perdas,
Segurança Energética, Meio Ambiente e Socioeconômica, com análises qualitativas
e qualitativas, subdividida em mais de duas dezenas de variáveis.
Os cálculos foram feitos com base no cenário oficial de crescimento projetado
para a geração distribuída no Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 (PDE
2031), de autoria do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE).
A própria Lei nº 14.300/2022 determina que todos os benefícios da GD sejam
corretamente identificados, calculados e incorporados no segmento. A lei
estabelece que as diretrizes destas contas sejam definidas e oficializadas pelo
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a partir das quais a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizará os cálculos, para posterior
auditoria da sociedade e incorporação no setor.
Na sexta-feira, 27 de outubro, a ABSOLAR e a Volt Robotics se reuniram com a
Aneel, para apresentar os resultados do estudo com os cálculos de custos e
benefícios da geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil. O trabalho
concluiu que os benefícios do crescimento da geração própria solar na matriz
elétrica brasileira superam, em muito, os custos, trazendo relevantes ganhos
líquidos para os consumidores e a sociedade. A reunião, realizada na sede do
órgão regulador, buscou sensibilizar as equipes técnicas e especialistas da
Aneel, para que os cálculos sejam realizados de forma completa, justa e
transparente, bem como para que sejam finalizados com agilidade, dada sua
importância para o mercado.
Veja os cálculos
Em dez das principais variáveis avaliadas minuciosamente para calcular os
custos e benefícios da modalidade, como operação, expansão da geração,
transmissão e distribuição, energia de reserva, encargos de serviços, risco
hidrológico, sobrecontratação, variação cambial e de preço de combustível e
perdas em distribuição e transmissão, sete ficaram com saldo positivo,
principalmente na dimensão de energia (operação e expansão do sistema
elétrico), com total de R$ 70,3 bilhões em benefícios nesta dimensão. Apenas
três das dez variáveis apresentam saldo levemente negativo, como energia de
reserva, risco hidrológico e sobrecontratação, com déficit acumulado de menos
de R$ 4,3 bilhões.
Fonte: Estudo Volt Robotics/ABSOLAR, 2023 (em R$ bilhões). |
Fonte: Estudo Volt Robotics/ABSOLAR, 2023 (em R$/MWh). |
Para Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, depois de mais de um ano e meio de minucioso trabalho técnico de alta qualidade feito pela Volt Robotics, é possível afirmar, com segurança e confiança, que os benefícios da geração distribuída solar são cruciais para a sociedade brasileira. Adicionalmente, o avanço da fonte solar fortalece a transição energética sustentável do Brasil, dando aos consumidores mais poder de escolha, autonomia e independência energética.
“Quando se analisa os ganhos socioeconômicos e ambientais da geração própria
solar, como atração de investimentos, geração de empregos, aumento da renda,
aumento do poder de compra da população, redução de emissões de gases poluentes
e avanços na transição energética e sustentabilidade do País, benefícios estratégicos
ao Brasil, o saldo é ainda mais positivo para uma nação que pode ser
protagonista na geopolítica global do século XXI”, acrescenta.
Já Guilherme Susteras, conselheiro e coordenador do grupo de trabalho de
geração distribuída da ABSOLAR reforça que, com o estudo realizado a partir de
dados e ferramentas computacionais oficiais de planejamento, a entidade cumpre
seu compromisso de entregar contribuições valiosas e auditáveis à Aneel, para
ajudar no trabalho de definição da metodologia tarifária a ser aplicada aos
consumidores que geram sua própria energia, a partir de 2029.
“Desta forma, a ABSOLAR trabalha para garantir que a geração própria solar seja
tratada de forma justa e equilibrada, conforme determina a Lei nº 14.300/2022,
e que os benefícios da modalidade sejam corretamente identificados, valorados e
incorporados nas políticas públicas em benefício da sociedade”, conclui
Susteras.
Mais Indicadores
A geração própria solar acaba de ultrapassar a marca de 24 gigawatts (GW) de
potência instalada em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e
prédios públicos no Brasil, com mais de 3,1 milhões de unidades consumidoras
atendidas pela tecnologia fotovoltaica, segundo mapeamento da ABSOLAR.
De acordo com a entidade, o País possui mais de 2,1 milhões de sistemas solares
fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Desde 2012,
foram cerca de R$ 121,0 bilhões em novos investimentos, que geraram mais de
720,7 mil empregos acumulados no período, espalhados em todas as regiões do
Brasil, e representam uma arrecadação aos cofres públicos de R$ 30,8 bilhões. A
tecnologia fotovoltaica já está presente em 5.539 municípios e em todos os
estados brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário