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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

O aumento dos casos de AVC até 2050: uma perspectiva de saúde global


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é reconhecido mundialmente como uma das principais causas de morte e incapacidade. Estudos recentes apontam para uma preocupante tendência: espera-se que o número de casos de AVC aumente em 50% até o ano de 2050, com média de 9,7 milhões de óbitos ao ano.  

Vários fatores contribuem para essa projeção, os quais devem ser examinados atentamente para que possamos entender as razões por trás deste aumento e buscar soluções eficazes para mitigá-lo. No Brasil, o AVC é uma das principais causas de morte, tendo ocorrido um total de 101.965 óbitos em 2019 e 102.812 óbitos em 2020. O AVC é, igualmente, uma das mais importantes causas de incapacidade no país.  

Apesar de sua gravidade, é fundamental saber que o rápido atendimento do paciente com AVC permite o emprego de tratamentos que possibilitam o retorno a uma vida normal ou com menos sequelas, principalmente com o uso de medicação trombolítica.  

Um dos fatores determinantes para o aumento dos casos de AVC é o envelhecimento da população global. À medida que as pessoas vivem mais, graças aos avanços médicos e melhores condições de vida, aumenta-se o número de indivíduos na faixa etária de maior risco para o AVC. O envelhecimento está associado a diversas alterações vasculares que tornam o organismo mais suscetível a eventos cerebrovasculares. 

Da mesma forma, o aumento da prevalência de doenças crônicas, tais como hipertensão, diabetes e obesidade, são fatores de risco diretos para o AVC. Estilos de vida sedentários, dietas pouco saudáveis e outros hábitos nocivos estão crescendo em muitas regiões, impulsionando a incidência dessas condições. O ritmo acelerado de urbanização, que causa declínio nas atividades físicas e uma crescente dependência de dietas processadas, também contribui para o aumento no risco de AVC.  

O tabagismo é um outro grande problema. Apesar das campanhas antitabagismo, em algumas regiões, especialmente em países em desenvolvimento, o uso do tabaco continua a crescer, representando um relevante fator de risco para o AVC. 

Deve-se ainda considerar que, apesar dos avanços tecnológicos da medicina, o acesso a cuidados de saúde de qualidade continua a ser desigual em muitas regiões do mundo. Pessoas em áreas desfavorecidas ou em países com sistemas de saúde menos robustos tendem a ter menor acesso a tratamentos preventivos e intervenções para o AVC. Além disso, muitos indivíduos não estão cientes dos fatores de risco do AVC ou não têm acesso à informação e recursos para prevenção. Isso reforça a necessidade de intensificar os esforços educacionais e campanhas de conscientização. 

Diante desse cenário, torna-se imperativo que governos, organizações de saúde e comunidades, em conjunto, trabalhem para abordar as causas subjacentes do aumento previsto nos casos de AVC. Estratégias de prevenção, melhorias no acesso à saúde, campanhas educativas e a promoção de estilos de vida saudáveis são essenciais para reverter essa tendência e garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações.

 

Carlos Roberto Caron  - Professor de Neurologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).


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