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terça-feira, 3 de outubro de 2023

“Nem sempre é possível reconstruir a mama no momento da mastectomia”

A tendência é que o tratamento cirúrgico do câncer de mama seja cada vez ser menos invasivo 

   Cirurgião plástico responde à principais dúvidas que recebe em seu consultório

 

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025, segundo informações publicadas na Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil.

No entanto, o diagnóstico precoce aumenta significativamente as taxas de cura. Os exames regulares, como autoexame de mama (palpação), mamografia e ultrassonografia de mama, aliados ao conhecimento dos fatores de risco, são fundamentais na prevenção da doença.

 

A mastectomia, que consiste na remoção total da mama, tem sido uma abordagem padrão no tratamento do câncer de mama por muitos anos. “Tradicionalmente, era vista como a única forma de remover completamente o câncer e evitar a sua disseminação. Contudo, a técnica, embora eficaz, deixa cicatrizes visíveis e impactava significativamente a autoestima das pacientes”, comenta o cirurgião plástico Dr. Fernando Amato.

 

O especialista, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que, em alguns casos, é possível colocar o implante de silicone no momento da mastectomia, porém, é preciso analisar o tratamento oncológico proposto, já que nem sempre a reconstrução da mama com prótese de silicone pode ser realizada de imediato, principalmente, nos casos em que se retira muita pele ou mesmo precedem um tratamento complementar com radioterapia.

 

“Dependendo do estadiamento da doença (determinado pelo tamanho da lesão, localização, comprometimento de linfonodos e presença de metástase), a mastectomia (retirada da mama) pode ser indicada e é nesse momento que a reconstrução mamária pode fazer a diferença para o resgate da autoestima e confiança feminina, contribuindo até mesmo para o fortalecimento da batalha contra a doença”, explica Dr. Amato.

 

Segundo o cirurgião plástico, a tendência é que o tratamento cirúrgico do câncer de mama seja cada vez ser menos invasivo. “Serão ressecções menores, preservando mais tecido mamário, o que possibilita reconstruções com resultados mais próximos de cirurgias estéticas”, detalha o especialista.

 

Abaixo, o cirurgião plástico responde algumas das perguntas mais feitas por pacientes em seu consultório:

 

Próteses de silicone aumentam o risco de desenvolver câncer de mama?


Não há evidências científicas que comprovem uma relação direta entre implantes de silicone e o desenvolvimento de câncer de mama. Portanto, não é necessário entrar em pânico ou evitar a colocação de próteses mamárias por medo do câncer. Além disso, o uso de implantes de silicone não impede a realização da mamografia, um dos principais exames de rastreamento para o câncer de mama. Existem técnicas específicas para realizar a mamografia em mulheres com próteses, e é importante informar ao médico sobre a presença das próteses antes do exame.

 

Quem tem câncer de mama pode reconstruir as mamas na mesma cirurgia de tratamento?


Sim, o médico e o paciente devem discutir a possibilidade de realizar a reconstrução das mamas na mesma cirurgia de tratamento do câncer. Diversos fatores, como o estágio do câncer, a preferência da paciente e a avaliação do cirurgião, devem ser levados em consideração ao fazer essa escolha. A reconstrução mamária pode ajudar a restaurar a autoestima e a qualidade de vida das mulheres que passaram por tratamento para o câncer de mama.

 

Convénios cobrem cirurgias de reconstrução de mama?


Sim, a Lei nº 10.223, de 15/05/2001, alterou a Lei nº 9.656/98, estabelecendo a obrigatoriedade da cobertura de cirurgia plástica reparadora de mama por planos e seguros privados de assistência à saúde nos casos de mutilação decorrente de tratamento de câncer.

 

Os convênios médicos devem fornecer cobertura para a cirurgia de reconstrução mamária nos casos em que essa intervenção seja indicada como parte do tratamento do câncer de mama.

 

Dr. Fernando C. M. Amato – Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
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