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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Semana de 4 dias: o que é e como funciona?

A semana de trabalho de 4 dias refere-se a uma estrutura na qual os empregados trabalham um total de quatro dias por semana, em vez dos tradicionais 5. Em alguns casos, significa trabalhar 4 dias mais longos, enquanto em outros envolve a redução do total de horas trabalhadas semanalmente para 32 horas, ao invés das tradicionais 44 horas. 

Em tese, a ideia da semana é tornar a hora trabalhada mais cara, porém mais produtiva. Um bom exemplo é pensar num empresário que possui 10 colaboradores e gasta R$100.000,00 mensais com salários e benefícios. Dessa forma, ele adquire 1.760 horas trabalhadas por mês, por esse valor, pagando R$56,82 pela hora trabalhada.

 

Nessa mesma empresa, sua produção mensal é de 1000 peças. Assim, só de mão de obra, sua peça terá um custo de 100 reais. Dessa forma, se a equipe conseguir produzir as mesmas peças, mas trabalhando apenas 4 dias, o aumento de produtividade compensaria o maior valor pago por hora trabalhada. Analisando em um parágrafo, parece simples, concorda, caro leitor?


 

Como surgiu o conceito?


As discussões sobre a redução da jornada de trabalho não são novas. No início do século XX, à medida que a Revolução Industrial avançava e a mecanização aumentava, houve movimentos para reduzir as jornadas. Naquela época, elas podiam ser extremamente longas, frequentemente durando 10-16 horas por dia.

 

Em meados do século XX, muitos países industrializados adotaram a jornada de trabalho de 40 horas como padrão. Isso foi o resultado de anos de campanhas de sindicatos e trabalhadores para melhores condições aos profissionais. No entanto, mesmo após a adoção da semana de 40 horas, a ideia de reduzir ainda mais essa carga permaneceu. No Brasil, a jornada foi estabelecida em lei pela Constituição Federal, em seu art. 7.º, como sendo de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Este é o limite máximo para o trabalho normal.

 

Nas últimas décadas, com o avanço da tecnologia e a automação, surgiram debates sobre a possibilidade de reduzir ainda mais a semana de trabalho. Estudos sugerem que trabalhar menos horas pode aumentar a produtividade, reduzir o estresse e melhorar a saúde mental e física dos trabalhadores.

 

Em vários lugares ao redor do mundo, empresas e até mesmo governos locais começaram a experimentar a semana de trabalho de 4 dias. Por exemplo, a Nova Zelândia realizou um experimento em que os funcionários trabalhavam 4 dias por semana, mas recebiam o salário de 5. O experimento foi considerado um sucesso, pois a produtividade se manteve e os trabalhadores relataram melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.


 

Qual o desafio para o conceito pegar?


O problema começa quando vamos para os aspectos práticos da vida. Empresa em que a demanda é constante todos os meses não existe. Como também desconheço aumento de produtividade sem investir consideráveis somas de dinheiro em equipamentos, sistemas, treinamento e automação. Além disso, há indústrias em que é vital ter colaboradores disponíveis 5 dias por semana ou mais. Implementar uma semana de 4 dias sem a devida rotação pode levar a lacunas na cobertura.

 

Além disso, para a produtividade aumentar, será necessária uma profunda revisão dos processos e dos sistemas envolvidos no dia a dia da empresa para garantir o melhor fluxo. Em uma jornada reduzida, o tempo dedicado a pausas e atividades que não agregam valor será menor. Reuniões desnecessárias terão de ser abolidas; alinhamentos e retrabalho, reduzidos, esperando-se melhor preparação e capacitação das pessoas.

 

Para concluir, acho o conceito interessante e possível, haja vista que 83% dos profissionais no país dizem fingir que trabalham para parecerem ocupados. Se quem finge diz que o faz quase metade do tempo, temos um universo de 22 horas disponíveis para aumentar a produtividade. Para isso, a gestão terá de mudar a forma dos colaboradores trabalharem e fazer algo mais desafiador: mudar o mindset. Possível chegar na semana de 4 dias? Sim. Fácil? Não, pois se fosse, já estaríamos nela.

 

Virgilio Marques dos Santos - sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria



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