Lançado na década de 1960 e relançado em 1980, o desenho Os Jetsons trazia inúmeras tecnologias que, na época, julgávamos impossíveis de serem reproduzidas. A animação, que mostrava a vida em família de um casal, seus dois filhos, um cachorro e uma robô, se passava em 2062, mas nós, ainda em 2022, já usufruímos de muitas daquelas tecnologias que pareciam tão distantes.
Uma dessas grandes descobertas ainda caminha no
campo da curiosidade e exploração tanto para adultos quanto para crianças. O
novo ambiente — ou podemos chamar de mundo virtual — traz diversas
oportunidades para o desenvolvimento e, por que não, para a educação infantil.
Tal tecnologia promete possibilitar grandes avanços para nossas crianças e
jovens, pois explicar conceitos abstratos pode se tornar muito mais fácil com o
metaverso.
Passeios virtuais para mostrar planícies em uma
aula de geografia, visitas em cidades históricas ou dentro das pirâmides do
Egito, nas aulas de história, ou até mesmo visitar bibliotecas para estudar um
pouco mais sobre literatura, são algumas das infinitas possibilidades que podem
ser vivenciadas praticamente in loco e com uma experiência quase real entre
alunos e professores.
Em alguns ambientes educacionais, essa ideia começa
a ser colocada em prática e com boa aceitação, oferecendo novas possibilidades
e experiências para estudantes, professores, gestores educacionais e famílias.
Uma das formas de exploração desse metaverso será com as aulas especiais ou
espaços ambientados para estudos de literatura, por exemplo, onde os livros
poderão ser apresentados como um jogo diferente; ou ainda salas para
seminários, palestras e outros momentos educacionais interativos.
A iniciativa pioneira visa recuperar a sensação
interativa de uma sala de aula e resgata o propósito da escola, por ser um
ambiente completamente voltado à educação. Além disso, a própria estética da
experiência imersiva remete aos games, que tantas vezes competem pela atenção
de crianças e adolescentes, facilitando assim a adesão e permanência dos jovens
que, passando mais tempo na plataforma, acabam expostos ao conteúdo educacional
com curadoria pedagógica por mais horas no dia.
Outra grande
vantagem está na socialização — uma das atuais preocupações de pais com filhos
que passam muito tempo nos computadores e videogames. No metaverso, a ideia é
que as interações sejam muito mais dinâmicas, por meio de avatares
personalizados e em mundos virtuais tecnicamente seguros e controlados, que
podem se tornar ambientes saudáveis para estimular a criatividade e a
convivência em sociedade. A ideia é oferecer experiências interativas e
gamificadas no segmento educacional brasileiro de forma aberta e gratuita.
Minecraft e
Roblox_ são exemplos de jogos que já organizam momentos de educação e
entretenimento entre os jovens fora do ambiente educacional. Porém, é preciso
sim ficar atento. Os riscos de violação dos direitos das crianças são muito
elevados e alguns especialistas ainda temem os efeitos do metaverso sobre os
pequenos. É importante lembrar que o espaço on-line é propício para crimes,
inclusive contra crianças. Por isso, o acompanhamento da escola e dos pais
segue sendo indispensável nesses casos.
No ano passado, a
Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu a privacidade, proteção, educação e
diversão no mundo digital como direitos das crianças. Ou seja, é preciso
acompanhar a evolução virtual para garantir que elas estejam protegidas e
seguras. Esse é um terreno ainda muito novo, que promete uma gama incrível de
oportunidades, mas ainda necessita de cuidados especiais.
Roberta Perazzo Campanini -
diretora adjunta de Marketing, Produtos e Experiência do Cliente da FTD
Educação do Grupo Marista.
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