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quinta-feira, 9 de março de 2023

MULHER

 

Estudo da Unifesp revela penalidade pela maternidade no mercado de trabalho brasileiro

Ao contrário do que ocorre com as mulheres que se tornaram mães, o nascimento do primeiro filho não apresenta nenhum efeito sobre a condição ou posição na ocupação dos homens no mercado de trabalho

 

A existência de uma penalidade às mulheres que se tornam mães é uma realidade em diversos países. A penalidade pela maternidade corresponde aos diferenciais salariais entre mulheres que compartilham características pessoais e profissionais semelhantes, mas que diferem apenas pela presença ou ausência de um filho. 

Esses diferenciais ocorrem, sobretudo, após o nascimento do primeiro filho, um período no qual as mulheres começam a ficar para trás em termos de condição ou posição ocupacional devido à flexibilidade requerida para lidar com a dupla jornada de responsabilidades. 

Com base nisso, foi defendida em junho de 2022 uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o objetivo de verificar se as mulheres brasileiras sofrem uma penalidade em termos de condição e posição de ocupação no mercado de trabalho brasileiro após o nascimento do primeiro filho por meio dos microdados da PNAD Contínua (PNADC/IBGE) entre os anos de 2012 e 2019. 

O estudo, de autoria de Isabela Fernandes Matos Lima, foi realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN), campus Osasco da Unifesp. 

Os resultados mostram que a probabilidade estimada da inatividade das mulheres mães de um bebê varia entre 1,87 e 2,87 vezes a probabilidade de estar ocupada no setor formal, a depender da amostra e modelagem utilizada. Os resultados também indicam que essa penalidade já é observada no curto prazo. “A proporção de mulheres inativas atinge maiores níveis imediatamente após o nascimento do primeiro filho”, explica Isabela. 

A pesquisadora revela ainda que, no que tange à posição ocupacional, encontra-se uma diminuição grande na proporção de ocupadas no setor formal logo após o evento. “Ao contrário do que ocorre com as mulheres que se tornaram mães, o nascimento do primeiro filho não apresenta nenhum efeito sobre a condição ou posição na ocupação dos homens no mercado de trabalho”, compara Isabela.

Na pesquisa, para analisar o impacto de ser mãe sobre as probabilidades de desocupação, inatividade e ocupação na informalidade, foram adotados modelos logit multinomial e logit binário com efeitos fixos. Para verificar se a penalidade pela maternidade era de curto prazo foi adotado o método de Diferença em Diferenças (DiD). A dissertação de mestrado foi orientada por Daniela Verzola Vaz, professora do Departamento de Ciências Econômicas da EPPEN/Unifesp. 

Para a orientadora, o estudo mostra “como a divisão sexual do trabalho, que atribui às mulheres a responsabilidade principal pelo cuidado com a família e a casa, molda a inserção feminina no mercado de trabalho".


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