Estudo da Unifesp revela
penalidade pela maternidade no mercado de trabalho brasileiro
Ao contrário do que ocorre com as mulheres que se
tornaram mães, o nascimento do primeiro filho não apresenta nenhum efeito sobre
a condição ou posição na ocupação dos homens no mercado de trabalho
A
existência de uma penalidade às mulheres que se tornam mães é uma realidade em
diversos países. A penalidade pela maternidade corresponde aos diferenciais
salariais entre mulheres que compartilham características pessoais e
profissionais semelhantes, mas que diferem apenas pela presença ou ausência de
um filho.
Esses
diferenciais ocorrem, sobretudo, após o nascimento do primeiro filho, um
período no qual as mulheres começam a ficar para trás em termos de condição ou
posição ocupacional devido à flexibilidade requerida para lidar com a dupla
jornada de responsabilidades.
Com
base nisso, foi defendida em junho de 2022 uma dissertação de mestrado na
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o objetivo de verificar se as
mulheres brasileiras sofrem uma penalidade em termos de condição e posição de
ocupação no mercado de trabalho brasileiro após o nascimento do primeiro filho
por meio dos microdados da PNAD Contínua (PNADC/IBGE) entre os anos de 2012 e
2019.
O
estudo, de autoria de Isabela Fernandes Matos Lima, foi realizado junto ao
Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento da Escola Paulista de
Política, Economia e Negócios (EPPEN), campus Osasco da Unifesp.
Os
resultados mostram que a probabilidade estimada da inatividade das mulheres
mães de um bebê varia entre 1,87 e 2,87 vezes a probabilidade de estar ocupada
no setor formal, a depender da amostra e modelagem utilizada. Os resultados
também indicam que essa penalidade já é observada no curto prazo. “A proporção
de mulheres inativas atinge maiores níveis imediatamente após o nascimento do
primeiro filho”, explica Isabela.
A pesquisadora revela ainda que, no que tange à posição ocupacional, encontra-se uma diminuição grande na proporção de ocupadas no setor formal logo após o evento. “Ao contrário do que ocorre com as mulheres que se tornaram mães, o nascimento do primeiro filho não apresenta nenhum efeito sobre a condição ou posição na ocupação dos homens no mercado de trabalho”, compara Isabela.
Na pesquisa, para analisar o impacto de ser mãe sobre as probabilidades de
desocupação, inatividade e ocupação na informalidade, foram adotados modelos
logit multinomial e logit binário com efeitos fixos. Para verificar se a
penalidade pela maternidade era de curto prazo foi adotado o método de
Diferença em Diferenças (DiD). A dissertação de mestrado foi orientada por
Daniela Verzola Vaz, professora do Departamento de Ciências Econômicas da
EPPEN/Unifesp.
Para
a orientadora, o estudo mostra “como a divisão sexual do trabalho, que atribui
às mulheres a responsabilidade principal pelo cuidado com a família e a casa,
molda a inserção feminina no mercado de trabalho".
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