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sexta-feira, 10 de março de 2023

Herpes zoster oftálmico tem alta de 57% no Brasi

Levantamento indica que a região Sudeste concentra o maior número de casos e no  Sul o crescimento foi maior.

 

Dados do Ministério da Saúde revelam que os olhos respondem por metade das infecções por herpes zoster. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, levantamento realizado pelo hospital no Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) da Pasta, aponta um aumento médio dos diagnósticos no País de 57% do início da pandemia de covid-19 até dezembro de 2022.  Neste período, o número de infecções causadas pela cepa passou de 10,6 mil para 16,7 mil casos. Na região Sul o número de casos aumentou 80%, passando de 1,74 mil para 3,14 mil. O Sudeste concentrou 10,58 mil pessoas contaminadas no último ano.

 

Outras complicações

O oftalmologista alerta que embora não se trate de uma epidemia, a maioria dos brasileiros tem risco de contrair o herpes zoster oftálmico porque a vacina imunizante só começou a ser fabricada em 1990. O problema, comenta é que o vírus pode causar complicações graves no olho, entre elas a ceratite, inflamação da córnea, e a uveite, inflamação da úvea formada pela íris, parte colorida do olho, corpo ciliar e coroide. “Estes tecidos são adjacentes à retina e nervo óptico que também podem ser afetados. Por isso, o herpes zoster oftálmico pode levar à perda da visão”, avisa. A recomendação é consultar um oftalmologista aos primeiros sinais da doença: formigamento ao redor do olho, coceira e vermelhidão que podem ser confundidos com conjuntivite antes do surgimento das primeiras erupções na pele.

 

Cepas que podem atingir os olhos

Neste período da pandemia fomos expostos ao consumo excessivo de medicamentos para nos livrarmos do coronavírus, falta de exercícios físicos, confinamento e pouco contato com o sol, condições que podem ter ‘acordado’ o vírus, comenta.

O oftalmologista ressalta que o olho pode ser atingido por duas cepas diferentes da família herpes. Uma dela é o vírus varicela zoster (VVZ) que causa o herpes zoster oftálmico.  A outra é o   herpes simplex (VHS) que causa o herpes ocular, lesões genitais e na boca. A única semelhança entre as duas cepas é que ambas ficam alojadas numa terminação nervosa. O herpes zoster, dificilmente reaparece no olho e o VHS provoca inflamações repetidas de tempos em tempos tendo como principal gatilho o stress.

 

Sintomas e grupos de risco

Queiroz Neto afirma a exposição ao vírus da covid-19 pode ter reativado o vírus varicela zoster – o mesmo da catapora – que estava hibernado nas terminações nervosas de quem teve catapora na infância e se manifestou agora no olho. “O herpes zoster surge quando nossa imunidade está baixa. Uma evidência disso é que o vírus se manifesta com mais frequência em maiores de 60 anos e pessoas imunodeprimidas pelos tratamentos de câncer, aids e outras doenças”, pontua. Conforme a doença ocular evolui, surgem erupções e vesículas cheias de líquido que deixam a pele ao redor dos olhos, bochecha, testa e nariz avermelhada. As erupções sempre ficam localizadas do mesmo lado porque seguem a raiz do nervo em que o vírus se alojou e são caracterizadas por coceira intensa. Por se tratar de uma inflamação do nervo a dor pode ser intensa e prolongada quanto maior for a idade da pessoa afetada.

 

Tratamento

O oftalmologista afirma que o tratamento do herpes zoster e feito com imunossupressores que devem ser utilizados sempre sob supervisão médica e colírio de corticoide que também deve ter o acompanhamento de um oftalmologista, para evitar a formação de cicatrizes na córnea e garantir que a dosagem seja reduzida de forma segura. Para aliviar o desconforto na pele, orienta lavar com água fria várias vezes ao dia e fazer compressas frias com gaze e água filtrada. O contágio não é comum, mas pode ocorrer caso outra pessoa tenha contato com o líquido que transborda das vesículas. Por isso, Queiroz Neto recomenda separar toalhas e fronhas que devem ser trocadas, pelo menos, uma vez ao dia.

 

Prevenção

Queiroz Neto afirma que as crianças e jovens que ainda não tiveram catapora podem ser imunizados em clínicas particulares porque a vacina ainda não está disponível no SUS. Por prevenção recomenda que os mais velhos também recorram à imunização para diminuir o risco de possíveis complicações nos olhos e nevralgia intensa que pode se prolongar por até um ano, caso o vírus encubado se manifeste.

 

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