Pesquisa mostra
que mais de 65% dos brasileiros dormem mal e podem ter problemas de saúde
relacionados ao tema
Os brasileiros estão dormindo cada vez pior, é o
que aponta o estudo realizado pela USP e pela Unifesp em 2022, que mostrou que
65,5% da população do país têm algum tipo de problema relacionado ao sono. A
pesquisa também aponta que as mulheres sofrem mais com o problema, assim como
pessoas viciadas em celular e redes sociais.
Em busca de conscientizar a população sobre a
importância do sono de qualidade, é celebrado, no dia 17 de março, o Dia Mundial
do Sono, data de grande relevância para o tema, segundo a médica
otorrinolaringologista e especialista em saúde da família, Caroline Beal.
“Dormir bem é fundamental para a reparação do organismo humano, sendo que
algumas pessoas, por vezes, nem percebem o quanto isso as afeta. É muito
relevante trazer esse tema para próximo da população brasileira”, explica a
médica.
Caroline afirma que os distúrbios de sono mais
comuns são a insônia, a apneia obstrutiva do sono, a síndrome das pernas
inquietas, narcolepsia e o sono insuficiente e com atrasos de
fases. “É muito importante identificar as razões da má qualidade do sono,
que podem ser diversas, indicando fatores relacionados à saúde como a apneia e
a narcolepsia, questões sociais como dormir ao lado de uma pessoa que ronca ou
em lugares com muito barulho, ou mesmo depressão e ansiedade. Identificando o
problema fica mais fácil buscar uma solução”, conta a médica.
Entre os motivos para distúrbios de sono, a apneia
obstrutiva do sono é indicada como uma das razões mais graves, já que, segundo
estimativas, ela atinge mais de 900 milhões de pessoas no mundo, levando ao
desenvolvimento de diversas outras doenças. “A apnéia obstrutiva do sono é uma
condição onde ocorre a interrupção da respiração por alguns segundos, levando a
pessoa a acordar diversas vezes ao longo da noite. Ela é considerada grave,
pois pode ajudar no desenvolvimento de outras doenças como hipertensão, doenças
cardíacas, diabetes tipo 2, depressão, ansiedade e cansaço diurno”, afirma
Caroline.
Caroline indica que algumas mudanças
comportamentais podem ajudar com os distúrbios do sono, como dormir de
lado, a adoção de hábitos alimentares saudáveis principalmente à noite, perda
de peso e evitar tomar café em excesso. “Cuidar da higiene do sono também é
muito importante, inserindo hábitos como apagar as luzes, reduzir o consumo de
alimentos à noite, evitar a exposição às telas antes de dormir e reduzir os
ruídos. Com isso, o corpo e a cabeça se preparam para relaxar”.
Indícios de problemas com o sono
Caroline reforça sobre a importância de consultar
um médico especializado em distúrbios do sono para que seja possível
identificar assertivamente o problema, porém a médica dá algumas dicas de
quando o alerta deve ser ligado:
- Dificuldade
em pegar no sono ou dormir a noite inteira: esses são sinais clássicos de
insônia, algo definido pela Classificação Internacional de Distúrbios do
Sono como uma dificuldade repetida de início, duração, consolidação ou
qualidade de sono.
- Hipersonia:
dormir demais também é um indicativo de distúrbio de sono, então caso a
pessoa perceba que há a incidência de sono extra, com frequência e sem
explicação, também é importante consultar um médico.
- Sonolência
diurna em excesso: pode ser indicativo de Narcolepsia, apnéia obstrutiva
do sono ou Síndrome de Kleine-Levin, onde a pessoa pode dormir por até 22
horas seguidas e mesmo assim continuar com sono, podendo inclusive dormir
sem perceber ao longo do dia e em situações como ao dirigir o carro.
- Ronco
frequente e alto: pode ser sinal de apneia obstrutiva do sono ou pode ter
relação com consumo de álcool, tabaco, cafeína, obesidade, algum tipo de
alergia ou mesmo com a posição de dormir. Lembrando que nem todas as
pessoas que roncam têm apnéia, mas todos que têm apneia roncam.
- Movimentação
em excesso das pernas e braços: conhecida como a Síndrome das Pernas
Inquietas (SPI) é caracterizada pela vontade incontrolável e involuntária
de mexer as pernas e os braços na cama. Pode vir acompanhada de sensações
de formigamento, queimação e fisgadas, que atrapalham a qualidade do
sono.
- Depressão
e ansiedade: ter dificuldade para dormir ou ter vontade de dormir em
excesso podem ser indícios de distúrbios psicológicos, assim como a falta
de sono pode desencadear depressão e ansiedade.
- Problemas
de saúde sem origem identificável: o sono faz parte do tripé da saúde,
junto com a alimentação e a prática de exercícios físicos, sendo assim, a
falta dele pode desencadear problemas de saúde que não apresentem uma
origem específica e vice e versa.
- Falta
de memória: esse é um indicativo clássico, já que o sono tem relação com a
consolidação das memórias no nosso cérebro. Pessoas que dormem pouco ou
mal, certamente irão apresentar problemas na memorização.
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