Apesar da desaceleração em relação a 2021, Brasil lidera com folga a lista se comparado com seus vizinhos latino-americanos
No último ano, quase 30 mil proprietários de
dispositivos móveis ao redor do mundo foram vítimas de stalkerware -- um
programa que monitora as atividades de maneira oculta, sendo usado por
abusadores para rastrear suas vítimas. Esta é uma das conclusões do mais
recente relatório da Kaspersky, “O cenário do stalkerware em 2022”.
Este é um relatório anual publicado pela Kaspersky com o objetivo de ampliar o
conhecimento sobre o número de pessoas no mundo que são afetadas por essa forma
de perseguição digital. Em 2022, os dados mostraram que 29.312 indivíduos ao
redor do mundo foram vítimas de stalkerware, algo similar às 32.694 vítimas em
2021. Após uma tendência de redução nos anos anteriores a 2021, essa
estabilidade relativa destaca a perseguição digital em escala global e sugere
que ela não desaparecerá por conta própria.
Os dados são da Kaspersky Security Network e, em 2022, Rússia, Brasil, Índia,
Irã e Estados Unidos formam os países mais afetados pelo stalkerware. Na lista
do top10, ainda aparecem Turquia, Alemanha, Arábia Saudita, Iêmen e México. Se
comparado a América Latina, além dos países que figuram na lista global, há
também o Equador, Colômbia e Peru -- sendo que o Brasil apresenta uma liderança
com 10 vezes mais vítimas que o segundo colocado.
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Tabela 1 -- Top10
países mais afetados por stalkerware no mundo em 2022
A violência digital e a necessidade de agir contra ela
Stalkerware é um
programa comercializado normalmente, porém ele permanece oculto no smartphone,
permitindo que quem o instalou observe cada passo e ação da vida privada da
vítima, sem o conhecimento dela. Como é necessário ter acesso físico ao
dispositivo (além da senha de desbloqueio), na maioria das vezes o stalkerware
é usado em relacionamentos abusivos. Embora os dados coletados pela Kaspersky
sejam anonimizados, outras pesquisas[1]
mostram que mulheres são as principais vítimas dessa forma de violência
digital. É importante lembrar que a violência digital
é apenas uma forma diferente da violência em si, que precisa ser
encarada como algo contínuo e tem efeitos reais e negativos sobre as vítimas.
A Kaspersky trabalha ativamente para reforçar a proteção de seus clientes e
oferece em seus produtos o Alerta de Privacidade, uma notificação caso um
stalkerware seja encontrado no dispositivo. Além de informar a pessoa sobre a
presença da ameaça, essa notificação também mostra os riscos de removê-la, pois
caso o stalkerware seja deletado, a pessoa que o instalou será avisada. Desde
seu lançamento em 2019, o Alerta de Privacidade faz parte de todas as soluções
de segurança para o consumidor da Kaspersky para que possa proteger os clientes
contra o stalkerware.
“Nossa pesquisa ‘Stalking
online em relacionamentos’ mostrou a relação
direta entre a ‘espiadinha’ e a violência em relações abusivas e uma
conclusão preocupante foi que a reação mais comum das vítimas seria confrontar
o agressor. Infelizmente, isso pode agravar a situação e levar a
consequências ainda mais graves. Além do risco físico, decidir o momento ideal
de remover a app indesejado ainda permite que a vítima registre as provas do
crime de stalking -- que já é previsto em lei -- para um possível processo
jurídico. Acreditamos que, ao difundir esse conhecimento, podemos indicar a
melhor linha
de ação para uma solução que seja a mais segura para a vítima”,
afirma Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da
Kaspersky para a América Latina.
A Kaspersky trabalha com especialistas e organizações de combate à violência
doméstica, como serviços de apoio às vítimas, programas de reabilitação de
agressores e até instituições de pesquisa e agências do governo, compartilhando
conhecimentos e oferecendo suporte a profissionais da área e vítimas. A
Kaspersky é um dos cofundadores da Coalition
Against Stalkerware, grupo internacional dedicado ao combate dessa ameaça e
a violência doméstica. De 2021 a 2023, a Kaspersky foi parceira associada ao
projeto europeu DeStalk,
cofinanciado pelo programa Rights, Equality, e ao Citizenship Program da União
Europeia. Em junho de 2022, a Kaspersky lançou um site para compartilhar mais
informações sobre o TinyCheck,
uma ferramenta segura, simples e gratuita voltada para organizações de apoio às
vítimas para auxiliar a identificação de stalkerware ou aplicativos de
monitoramento em dispositivos.
Leia o relatório completo de 2022 está disponível em Securelist.
Kaspersky
[1]
“Cyber
Violence against Women and Girls: Key Terms and Concepts” (Violência
cibernética contra mulheres e meninas: termos e conceitos principais, 2022)
European Institute for Gender Equality
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