Especialista do CEJAM destaca importância da conscientização sobre a
gravidade do problema e explica como distinguir a
doença de crises de tosses ou alergias comunsShutterstock
Enquanto o mundo avança no combate à
Covid-19, as mortes por tuberculose apresentaram, pela primeira vez em mais de
uma década, aumento em 2020, primeiro ano da pandemia. As informações são do
relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2021.
No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado em
24 de março, o CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João
Amorim" destaca a importância de conscientizar a população sobre a doença,
que é infecciosa e transmissível e afeta, prioritariamente, os pulmões. Ela tem
cinco principais fatores de risco, segundo a OMS: desnutrição, infecção por
HIV, transtornos relacionados ao uso de álcool, tabagismo e diabetes.
O documento da organização indica que
cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência da tuberculose em 2020
(214 mil delas HIV positivo). O Brasil está entre os 30 países com a maior
carga da doença, tendo registrado mais de 66 mil novos casos no ano do
relatório divulgado.
Conforme a OMS, o aumento se deve ao
isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 e a consequente diminuição da
procura por serviços de saúde durante o período, além da redução na oferta de
tratamento preventivo e nos recursos à tuberculose.
Apenas cerca de 2,8 milhões de pessoas acessaram os
serviços devido à doença em 2020, uma redução de 21% em relação a 2019. Além
disso, o número de pessoas tratadas para tuberculose multirresistente --
resistente aos medicamentos -- caiu 15%, de 177 mil em 2019 para 150 mil em
2020. Os países que mais contribuíram para a redução global das notificações no
período foram Índia (41%), Indonésia (14%), Filipinas (12%) e China (8%).
De acordo com a médica Denise Eri Onodera Vieira,
pneumologista do Hospital Dia Campo Limpo e AMA Especialidades Capão Redondo,
gerenciados pelo CEJAM, os riscos de morte pela doença aumentam quando ela não
é diagnosticada e tratada rápida e adequadamente.
“As chances de adoecer dependem de fatores do próprio
indivíduo, especialmente da integridade do sistema de defesa do organismo,
estando os portadores de HIV entre os principais atingidos”, afirma.
Crianças menores de 2 anos ou adultos com mais de 60;
pessoas com determinadas condições clínicas, como doenças autoimunes e/ou
tratamentos imunossupressores; grupos com maior vulnerabilidade, como os em
situação de rua ou privados de liberdade; e população indígena também
apresentam maior predisposição à doença.
Como diferenciar a tuberculose de uma crise de tosse ou
alergia comum?
Conforme a especialista, a tosse decorrente da
tuberculose vem associada a sintomas gerais e um quadro clínico mais
prolongado. Ou seja, de forma traiçoeira e por mais tempo.
“Isso não ocorre, por exemplo, na tosse decorrente de
resfriados ou quadros gripais. Na asma e na rinossinusite, a tosse não vem
acompanhada de sintomas gerais, como febre ou perda do apetite. O sinal aparece
de forma nem sempre contínua, intercalando períodos de melhora e piora”,
explica.
Entre os sintomas gerais, Dra. Denise destaca a
febre, perda do apetite e de peso, sudorese, cansaço e fadiga. Já os
específicos podem variar de acordo com o órgão acometido pela doença, uma vez
que ela pode acontecer de forma extrapulmonar, atingindo ossos, articulações,
fígado, baço, sistema nervoso central e até pele.
A tuberculose pulmonar, no entanto, é a mais
frequente e seu sintoma específico é a tosse, que pode ser seca ou com
expectoração.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da tuberculose pode ser feito por meio
do histórico clínico do paciente e com o apoio de exames complementares, como raio-X
de tórax. Porém, o resultado definitivo se dá pela detecção do bacilo da
tuberculose, feito através de um exame de escarro ou de amostras do órgão
acometido pela lesão característica da doença.
O tratamento completo é oferecido pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) de forma gratuita, e é composto por um conjunto de medicamentos
que devem ser administrados diariamente, durante seis meses.
Neste período, o paciente é acompanhado pela equipe
de saúde, que verifica sua evolução clínica, solicita exames para avaliar a
eficácia do tratamento e monitora a presença de eventuais efeitos colaterais.
“É necessário manter-se atento aos sinais e sintomas
da doença. O tratamento precoce e adequado garante uma alta taxa de cura e
contribui para proteger a sociedade e diminuir a incidência da doença”, reitera
a especialista.
Dra. Denise ressalta que a principal medida
preventiva contra a tuberculose é a vacina BCG, que protege das formas mais
graves da doença e é aplicada logo após o nascimento.
“No entanto, ao longo da vida, também é importante
manter hábitos saudáveis e boas condições de habitação, com o ambiente limpo e
arejado, evitando permanecer em locais com suspeitas de pessoas infectadas”,
finaliza a médica.
CEJAM - Centro de
Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
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