Um exame de sangue
desenvolvido na Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis,
provou ser altamente preciso na detecção de sinais precoces da doença de
Alzheimer em um estudo (disponível na revista Neurology) envolvendo cerca de 500 pacientes de três
continentes.
De acordo com o autor Randall J.
Bateman, o estudo mostra que o exame de sangue fornece uma medida robusta para
detectar placas amilóides associadas à doença de Alzheimer, mesmo entre
pacientes que ainda não apresentam declínios cognitivos.
"Um exame de sangue para a doença
de Alzheimer fornece um grande impulso para a pesquisa e o diagnóstico da
doença, reduzindo drasticamente o tempo e o custo da identificação de pacientes
para ensaios clínicos e estimulando o desenvolvimento de novas opções de
tratamento", disse Bateman. “À medida que novos medicamentos se tornam
disponíveis, um exame de sangue pode determinar quem pode se beneficiar do
tratamento, incluindo aqueles em estágios muito iniciais da doença”.
Desenvolvido por Bateman e colegas, o
exame de sangue avalia se as placas amilóides começaram a se acumular no
cérebro com base na proporção dos níveis das proteínas beta amilóides Aβ42 e
Aβ40 no sangue.
Os pesquisadores há muito buscam um
exame de sangue de baixo custo e de fácil acesso para a doença de Alzheimer
como uma alternativa aos exames de imagem cerebrais e às punções lombares
invasivas usadas para avaliar a presença e a progressão da doença no cérebro.
Este estudo estima que a pré-triagem com um exame de sangue de US$
500 poderia reduzir pela metade tanto o custo quanto o tempo necessário para
inscrever pacientes em ensaios clínicos que usam exames de PET.
O estudo atual mostra que o exame de sangue
permanece altamente preciso, mesmo quando realizado em diferentes laboratórios,
seguindo protocolos diferentes e em diferentes cortes em três continentes.
Os cientistas não sabiam se pequenas
diferenças nos métodos de amostragem, como se o sangue é coletado após o jejum
ou o tipo de anticoagulante usado no processamento do sangue, poderiam ter um
grande impacto na precisão do teste, porque os resultados são baseados em
mudanças sutis na beta-amiloide, níveis de proteínas no sangue. Diferenças que interferem
na medição precisa dessas proporções de proteína amilóide podem ter
desencadeado um resultado falso negativo ou positivo.
Para confirmar a precisão do teste, os
pesquisadores o aplicaram a amostras de sangue de indivíduos inscritos em
estudos de Alzheimer em andamento nos Estados Unidos, Austrália e Suécia, cada
um dos quais usa protocolos diferentes para o processamento de amostras de
sangue e imagens cerebrais relacionadas.
Quando os níveis de amiloide no sangue
foram combinados com outro importante fator de risco de Alzheimer -- a presença
da variante genética APOE4 -- a precisão do exame foi de 88% quando comparada à
imagem cerebral e 93% quando comparada à punção lombar.
Rubens de Fraga Júnior é professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica
Mackenzie do Paraná e é médico especialista em geriatria e gerontologia pela
SBGG.
Fonte: Yan Li et al, Validation of Plasma Amyloid-β 42/40 for Detecting
Alzheimer Disease Amyloid Plaques, Neurology (2021). DOI: 10.1212/WNL.0000000000013211
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