A boa notícia é que já dispomos de tratamentos eficientes para combater essa que é apontada como uma das mais incapacitante do mundo, que atinge pessoas de todas as idades
Quase uma unanimidade
nos consultórios mundo a fora, a cefaleia é um dos sintomas mais comuns na
medicina, e é apontada por especialistas como uma das causas mais frequentes de
procura por atendimento ambulatorial até serviços de emergência.
Popularmente conhecida
como dor de cabeça, a cefaleia é considerada por autoridades em saúde a sétima
doença mais incapacitante do mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), apontam que 90% da população global já teve, tem ou vai sofrer com algum
dos mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça.
O mal, que afeta mais de 140 milhões de brasileiros, atinge pessoas de todas as idades, já é responsável pelas queixas de mais de 80% das crianças e adolescentes, que chegam às consultas relatando pelo menos um episódio de cefaleia antes mesmo de completar 15 anos de idade. Dividida em dois tipos, a cefaleia nos pequenos exige maior critério de avaliação para um diagnóstico preciso e decisão clínica adequada. "Há as cefaleias primárias, que são recorrentes e não são causadas por doenças subjacentes ou problemas estruturais, podemos citar alguns exemplos clássicos que são a enxaqueca e a cefaleia tipo tensão. Há as secundárias, que são provocadas por doenças demonstráveis em exames. Exemplos de cefaleias secundárias são as decorrentes de doenças febris agudas, infecções do sistema nervoso central e de tumores" esclarece a médica pediatra Ana Paula Beltran Moschione Castro, (CRM 69748 - SP).
A doutora explica que
a cefaleia infantil primária pode impactar diretamente a rotina das crianças quando
se manifesta de forma recorrente. "As dores costumam ser frequentes, mas
em muitos casos as crianças não conseguem expor a dimensão do problema, que,
sem uma observação mais dedicada, acaba sendo associado a outras doenças. Por
isso, com os menores a atenção deve ser redobrada. Um olhar mais atento dos
pais e mães sobre o comportamento e a frequência das queixas ajuda a
identificar o problema. É importante avaliar como estas dores mudam o cotidiano
das crianças. Se ela deixar, por exemplo, de fazer alguma atividade que gosta
muito, é hora de acender o alerta", orienta.
Enxaqueca, um capítulo
à parte
Entre as causas mais
comuns da cefaleia, está a enxaqueca que atinge nada menos que 15% da população
global, segundo levantamento da OMS. No Brasil, são mais de 30 milhões de
pessoas afetadas pela doença, sendo 6% dos pacientes ocupando a ala pediátrica.
"A enxaqueca é uma das causas mais importantes de cefaleia primaria em
pediatria e, assim como nos adultos, o diagnóstico é baseado em critérios clínicos.
Porém, em crianças, detectar o problema requer mais cautela. A avaliação é
desafiadora, pois a história pode ser fragmentada e os sintomas variam
amplamente, de acordo com a faixa etária do paciente", orienta a pediatra.
Além disso, destaca a
especialista, algumas peculiaridades que ajudam no momento de detectar o
problema e indicar o tratamento. "É preciso observar a duração dos
episódios de dor, levar em conta a localização da dor. Também alguns pacientes
costumam apresentar dificuldades para descrever os sintomas como a foto e
fonofobia e, especialmente, a própria intensidade da dor". A médica pontua
ainda que as escalas analógicas de sintomas podem ajudar na adequada avaliação
da intensidade da dor. "Há algumas síndromes específicas da infância, como
a enxaqueca abdominal (dores abdominais e vômitos cíclicos) e a vertigem
paroxística benigna da infância (crises vertiginosas em crianças pequenas), que
podem, inclusive, ocorrer sem dor de cabeça associada". Outras queixas
comuns são vertigens, zumbidos, alterações do nível de consciência, e sintomas
visuais, sendo quase sempre resolvidas em uma hora.
Nos casos em que o
pediatra faz a suspeita do diagnóstico de enxaqueca, a criança pode ser
avaliada por um neurologista, pois pode-se fazer necessário um seguimento mais
especializado e possivelmente com medicação apropriada.
Para ajudar a reduzir
os impactos da doença, na cefaleia primária, é preciso investir em metodologias
eficazes de tratamento, assegurando o bem-estar e a qualidade de vida desde os
primeiros anos de vida. "Ter em mãos a fórmula mais indicada para tratar e
controlar as crises é fundamental. O ibuprofeno é um princípio ativo eficiente
e seguro para controlar e minimizar dores de cabeça em crianças. A substância é
estudada há pelo menos 60 anos e tem eficácia comprovada para tratar a cefaleia
e enxaqueca. Como tem ação rápida e, predominantemente analgésica, é uma das
mais recomendadas da atualidade. A medicação, na dose certa, na hora certa, é
um cuidado que evita uma corrida aos postos de saúde - ambientes que podem
oferecer riscos de exposição ao novo coronavírus - e ainda ameniza a dor de
forma rápida e eficaz", afirma.
A orientação da
especialista segue as diretrizes da Academia Americana de Neurologia, que
recomenda a terapia à base das substâncias que compõem a formulação do
ibuprofeno - hoje a medicação mais estudada para o tratamento das enxaquecas.
Além disso, algumas mudanças simples e práticas no cotidiano podem ajudar a
reduzir as crises e aliviar o sofrimento relacionado às dores. "A
orientação é adotar hábitos saudáveis, como melhorar a qualidade do sono;
praticar atividades físicas; alimentar-se corretamente; evitar situações de
estresse manter-se hidratado, bebendo a quantidade de água suficiente",
conclui.
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