Macronutriente é
digerido em açúcar, que em excesso no sangue é responsável por doenças como
diabetes tipo 2 e síndrome metabólica
Todo carboidrato é digerido em glicose (açúcar) no
corpo humano. Robustas evidências científicas já demonstraram os efeitos
deletérios ocasionados na saúde das pessoas pelo excesso de açúcar no sangue.
Logo, de acordo com médico, diretor-presidente da Associação Brasileira Low
Carb (ABLC), José Carlos Souto, uma dieta que tenha como diretriz a redução do
consumo de carboidratos é altamente benéfica para o tratamento de diabetes tipo
2, obesidade e síndrome metabólica – uma junção das outras duas doenças,
combinada com diversos outros males, como a esteatose hepática (gordura no
fígado).
No que se refere ao diabetes tipo 2, uma estratégia
alimentar que reduza a ingestão de carboidratos é positiva à saúde porque tal
doença é caracterizada pelo excesso de glicose no organismo humano. Souto
explica que no diabetes tipo 2 as células se tornam resistentes à insulina,
hormônio responsável pelo controle do açúcar no sangue. Devido à importância da
substância, o corpo reage aumentando sua produção, o que acaba por prejudicar
ainda mais o seu funcionamento, contribuindo para o descontrole da glicose e
seu consequente acúmulo no organismo.
A redução da insulina pela diminuição do consumo de
carboidratos também está atrelada ao emagrecimento e tratamento da obesidade.
Isto porque outra função do hormônio é sinalizar o armazenamento de gordura no
corpo. Nesse sentido, de acordo com Souto, quando a insulina aumenta, o tecido
adiposo também tende a aumentar; quando seu estímulo diminui, favorece a
redução do estoque de gordura do organismo.
A relevância da dieta com menos carboidratos no
tratamento da obesidade se dá ainda por conta do aumento do consumo de proteína
e gordura que passam a ser compensadores – principalmente a gordura – nesse
tipo de dieta no sentido de gerarem energia para o metabolismo das células. “A
preferência por tais macronutrientes, que são fontes mais ricas de nutrição do
que carboidratos, acarreta uma maior saciedade, fazendo com que se coma menos,
gerando, por sua vez, manutenção ou perda de peso”, explica Souto.
Mais uma condição cujo tratamento pode ser feito
através de uma estratégia alimentar com diminuição de consumo de carboidratos é
a síndrome metabólica. Conforme Souto, a síndrome se caracteriza quando a
pessoa apresenta três ou mais das seguintes alterações: obesidade abdominal;
triglicerídeos e pressão arterial elevados; colesterol HDL baixo; glicose em
jejum elevada; e diabetes tipo 2. “Dificilmente uma pessoa é apenas obesa. Ou
apenas hipertensa. Ou tem apenas triglicerídeos elevados. Normalmente, estas e
outras anormalidades ocorrem em conjunto, constituindo para a síndrome”, diz
Outras doenças associadas à síndrome metabólica
são: esteatose hepática, ácido úrico elevado, gota, cálculos renais, cálculos
de vesícula biliar, Alzheimer, transtornos psiquiátricos, doenças autoimunes
tais como artrite reumatoide e psoríase etc.
A maioria delas, de acordo com Souto, tem como
causa reconhecidamente a resistência à insulina e os níveis consequentemente
elevados desta substância no organismo. “Se o problema é a insulina elevada,
para tratá-las, basta reduzir o hormônio. E, de fato, uma dieta de baixo
carboidrato é capaz de melhorar e mesmo eliminar completamente a síndrome
metabólica em sua totalidade”, argumenta.
Evidências científicas recentes corroboram a
eficácia da estratégia alimentar com restrição de carboidratos no combate à
síndrome metabólica. Estudo clínico realizado pela Universidade de Ohio, nos
Estados Unidos, publicado no Journal of Clinical Investigation Insight mostrou
o que ocorre com pessoas obesas portadoras doença quando aderem a uma dieta com
baixa quantidade do macronutriente.
Ao todo foram pesquisados 16 pacientes (10 homens e
6 mulheres) portadores da doença, que durante quatro semanas se alimentaram com
dietas que restringiram o consumo de carboidratos em níveis baixos, moderado e
alto. Durante esse intervalo, suas dietas contiveram calorias objetivando
manter o peso estável. O resultado foi que após o período de estudo mais da
metade dos pesquisados (cinco homens e quatro mulheres) apresentou reversão do
quadro de síndrome metabólica.
O que consumir
Conforme Souto, uma estratégia alimentar que se
defina pela restrição de carboidratos deve priorizar a ingestão da chamada
“comida de verdade” (alimentos naturais ou minimamente processados) e evitar o consumo
de açúcar, alimentos processados e ultraprocessados. “Assim, coma carne,
peixes, ovos, vegetais e frutas de baixo amido e cozinhe com gorduras naturais
como banha, manteiga, óleo de coco ou azeite de oliva. Evite o consumo de
açúcar e alimentos ricos em amido.”
Entre os tipos de alimentos que devem ser evitados,
Souto destaca os refrigerantes açucarados, doces, sucos de frutas doces,
bebidas energéticas, bolos, tortas, sorvetes e cereais. Além disso, restringir
carboidratos significa evitar farináceos como pães, biscoitos e massas.
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