A transformação
digital impactante tem menos a ver com a tecnologia e mais com as pessoas que a
utilizam
Indústria
4.0 não é um termo novo. Notavelmente, o agrupamento de tecnologias que ele
descreve - que inclui sistemas ciberfísicos, a Internet das Coisas (IoT),
computação em nuvem e computação cognitiva/inteligência artificial (IA) - tem
quase dez anos. E, embora avanços técnicos significativos continuem a ser
feitos quase diariamente, muitos dos desenvolvimentos mais interessantes neste
espaço têm menos a ver com a tecnologia em si e mais com a forma como essa
tecnologia é integrada e aplicada para otimizar os processos e maximizar o
impacto.
A
cobiçada transformação digital requer não apenas a arquitetura técnica, mas
também uma compreensão mais profunda de como aproveitar o potencial único das
tecnologias da Indústria 4.0. O processo começa com o reconhecimento de que a
integração contínua, a comunicação em tempo real e a capacidade de criar
ambientes de manufatura que são virtuais, intercambiáveis, mais
descentralizados e modulares têm o potencial de remodelar radicalmente o
cenário da indústria.
Com
esse quadro geral em mente, vamos dar uma olhada mais de perto em como essas
tendências estão se saindo e que tipo de avanços da Indústria 4.0 irão moldar
os próximos anos.
Mais eficiência: como e por quê?
A
incerteza geral e a falta de entendimento sobre exatamente o que é a Indústria
4.0 - e como implantá-la – postergaram a utilização do conceito e/ou atenuaram
o impacto nas primeiras organizações a utilizá-la. A tecnologia amadureceu nos
últimos anos e o mais importante: um número crescente de empresas está
reconhecendo que não basta investir grandes quantias de tempo e dinheiro na
instalação de sensores inteligentes e em novos sistemas se não dedicar,
primeiramente, tempo para garantir que essas atualizações sejam inteligentes e
estratégicas. A percepção de que a tecnologia é apenas uma peça do
quebra-cabeça foi uma evolução crucial para desbloquear todo o potencial das
transformações digitais impulsionadas pela Indústria 4.0. Mais conectividade,
transparência e rapidez são alcançáveis. Mais velocidade, flexibilidade,
customização aprimoradas e novas eficiências são possíveis, principalmente para
aqueles que passam menos tempo perguntando o quê, e mais tempo perguntando por
que e como.
Informação é poder
Um
dos elementos marcantes na mudança de jogo da Indústria 4.0 é sua capacidade de
unir tecnologia com engenharia e operações, de forma a criar sinergias valiosas
entre esferas anteriormente separadas. É por isso que a coleta de dados, o
gerenciamento e a análise deles provaram ser fundamentais quando se trata de
ajudar as empresas a dar grandes saltos à frente usando as soluções da
Indústria 4.0. Diversas organizações estão investindo na infraestrutura e no
conhecimento necessários para fazer exatamente isso. Usar métricas do mundo
real para entender quais atualizações tecnológicas terão o maior impacto e como
podem ser integradas aos sistemas existentes é uma das tendências mais
impactantes da Indústria 4.0.
Propósito pandêmico
Os
desafios históricos e sem precedentes que as empresas tiveram de enfrentar como
resultado da Covid-19 reforçaram como os avanços da Indústria 4.0 são
imprescindíveis. Modelos de trabalho virtual, cadeias de suprimentos não
confiáveis e interrupções operacionais inevitáveis destacaram o valor da
visibilidade de todo o processo. No caos e na incerteza de uma pandemia, o
acesso a informações empresariais holísticas, em tempo real, não é um luxo, mas
uma necessidade. Ironicamente, o lado positivo dos desafios impulsionados pela
pandemia é o fato de que a maioria das empresas foi forçada a passar por uma
espécie de teste de estresse involuntário, fornecendo aos tomadores de decisão
novos insights sobre seus sistemas e operações. Armados com essa nova
compreensão e autoconsciência sofisticada, eles podem tomar decisões mais
assertivas sobre as soluções de conectividade necessárias para atender suas
necessidades.
Mudanças no jogo
Entre
as tendências mais importantes da Indústria 4.0 estão as etapas que as empresas
realizam para identificar e implementar novas ferramentas tecnológicas:
•
Modelagem holística - Os tomadores de decisão estão
observando com clareza suas operações antes de investir em qualquer nova
tecnologia. Esse autoexame se estende muito além do chão de fábrica e deve
incluir, em última análise, um modelo de detalhes da funcionalidade do front, back
e middle office. Em outras palavras, não apenas arquitetura técnica, mas fluxo
de trabalho funcional. As transformações digitais de maior sucesso podem
começar no topo, mas são coesas e conectadas a todas as facetas do negócio,
desde relações com clientes, marketing e vendas até TI, manufatura e
distribuição.
•
Velocidade e agilidade - Em um espaço que continua a
evoluir com velocidade impressionante, o planejamento corporativo tradicional
de cinco e dez anos está simplesmente obsoleto. As empresas que adotam soluções
inerentes à Indústria 4.0 estão substituindo o planejamento de longo prazo por
uma visão de longo prazo. Eles estabelecem metas de longo prazo e têm uma noção
clara do quadro geral, mas também desenvolvem planos específicos de curto prazo
como parte de uma tentativa de se tornarem mais ágeis e responsivos às
tendências e tecnologias emergentes.
•
O elemento humano - Finalmente, e talvez o mais
importante, é o reconhecimento de que uma transformação digital otimizada,
contínua e impactante tem menos a ver com a tecnologia da Indústria 4.0 e mais
com as pessoas que a utilizam. De designs de interface a implementações
empresariais, as melhores ferramentas e estratégias da Indústria 4.0 são
baseadas em uma abordagem que coloca o usuário em primeiro lugar. A combinação
do potencial humano com sistemas e soluções de próxima geração é o caminho mais
eficaz para o sucesso sustentável.
Leonardo Vieira - diretor de Indústria Digital do Grupo Stefanini na América do Norte.
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