Estudo internacional fez a
descoberta, o que levanta a necessidade de mudar rotinas em casa e até mesmo
procurar ajuda especializadaDivulgação
Uma pesquisa realizada nos países mais ricos do mundo apontou uma
influência direta da crise gerada pela pandemia da Covid-19 na saúde mental das
mulheres. O levantamento “Women´s Forum”, feito pela Consultoria Ipsos,
constatou que mulheres têm sido mais afetadas do que os homens por esgotamento,
medo e sensações de desamparo na Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido,
Japão, Itália e França.
O resultado da pesquisa
não surpreende, segundo a professora Daniela Jungles, psicóloga e supervisora
do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba - instituição de ensino superior
que faz parte da Ânima, uma das principais organizações educacionais do país.
“A pesquisa está correta e as mulheres sofrem muito mais de transtornos
mentais. Isso já acontecia antes, mas a pandemia exacerbou esses comportamentos
e transtornos que nós, mulheres, infelizmente já carregávamos antes dessa
crise”, afirmou.
Preocupações extras
De acordo com a
psicóloga, várias situações comprovam que as mulheres – inclusive as mães -
estão sofrendo mais. Ela cita a influência da dupla jornada, com o trabalho
fora e em casa. Com a pandemia, essa situação se agravou.
“Em relação à pandemia,
o que sobrecarregou as mulheres? Além das demandas que já tinham, elas passaram
a fazer o acompanhamento escolar dos filhos. Com tudo isso, a última coisa que
uma mulher vai pensar neste momento é o cuidado com uma atividade física ou o
lazer”, explicou.
A pesquisa realizada nos
países mais ricos do mundo apontou que entre as mulheres, 59% disseram estar
com ansiedade, depressão ou esgotamento. Já entre os homens, no mesmo
levantamento para saber o estado emocional para enfrentar a pandemia, 46%
confirmaram as mesmas sensações. As entrevistas revelaram também que 73% das
ouvidas têm medo do futuro, contra 63% do sexo masculino.
Sensação de desamparo
O estudo quis saber em
quem a carga mental experienciada foi mais fortemente abalada. Entre as
mulheres, 46% acreditam estar fazendo mais do que outros por pessoas fragilizadas
ao redor. Nos homens, são 40%. A análise revelou que 46% das participantes
sentem que ninguém as ajuda, enquanto 39% no grupo masculino têm a mesma
percepção.
Esse conjunto de fatores observado na pesquisa e no dia a dia - como a
preocupação com familiares - afeta diretamente o lado emocional.
“Preocupando-se muito mais com a família, a gente acaba prejudicando a nossa
própria saúde mental”, alerta Daniela.
Mas existe maneira de
reagir. A psicóloga orienta que, em primeiro lugar, “temos que ter consciência
de que não vamos conseguir fazer tudo, não temos superpoderes”. Outra sugestão
é procurar se cercar de pessoas que possam ajudar de alguma forma a aliviar a
carga de trabalho.
“Precisamos de uma rede
de apoio. Mulheres que vivem numa grande cidade, sem familiares morando perto,
precisam ter formas de buscar esse suporte, nem que seja usando a tecnologia
para conversar com uma amiga para desabafar, contar que o dia foi difícil,
esvaziar esse sentimento carregado de emoção negativa.”
Criar rotinas de relaxamento
Na rotina de casa, a
psicóloga aponta ser importante criar rotinas para ter atividades de
autocuidado, com programas de lazer (“aquela série de tv favorita” que a gente
estava pensando em assistir), atividades físicas e alimentação equilibrada.
Um costume novo pode
evitar que o esgotamento evolua para uma doença que exija tratamento de
profissional especializado, com apoio de medicação. “São atividades que podem
evitar transtornos mentais. O estresse prolongado leva a transtornos de
ansiedade, que evoluem para transtornos depressivos também”, explica Daniela.
Prejuízo para todos
O prejuízo é repassado à
família; não fica só na mulher. “Uma mãe esgotada vai ser uma mãe irritada,
menos disposta a ter uma atividade prazerosa com os filhos e conviver com o
marido. Quando a mulher adoece, a família vai adoecer também”, afirma Daniela.
A ajuda de um
profissional é indicada se os sintomas persistirem, tudo para evitar um mal
ainda maior. “Sempre digo aos meus pacientes: por que sofrer tanto se existe
tratamento? É muito importante passar por uma avaliação com profissionais da
área da saúde mental.”
Atendimento
O UniCuritiba dispõe da
Clínica-Escola do curso de Psicologia. O centro de estudos pode ser uma
alternativa nestes tempos de pandemia, com tantos efeitos psicológicos. O
projeto de atendimento a pacientes é gratuito, online e pode ajudar as pessoas
que sentem a necessidade de uma orientação mais especializada no campo
emocional.
A Clínica-Escola se
destina ao desenvolvimento de atividades da prática profissional relacionadas
ao curso de Psicologia, seja por meio dos estágios curriculares, projetos de
extensão, ensino ou pesquisa.
Os atendimentos são
realizados pelos estudantes dos últimos períodos do curso de Psicologia e
supervisionados por professores capacitados em diferentes linhas de atuação. A
consulta pode ser agendada pela internet, em https://forms.gle/FVDaDeSVPC1ssHiN8, ou pelo e-mail agendepsico@unicuritiba.com.br. No primeiro semestre
de 2021, a idade mínima para atendimento é 18 anos.
“Somos pessoas diferentes e não existe receita pronta. Nada melhor do
que ir lá, consultar com o profissional certo e contar a sua história, dizer
onde dói e como é difícil carregar esse fardo”, orienta Daniela. A saúde do
corpo e da mente agradece.
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