A síndrome atinge de maneira especial as mulheres, multitarefas, que com o home office se tornaram ainda mais vulneráveis
O
home office transformou a casa, que era uma válvula de escape para o estresse
do trabalho, em escritório. A rotina profissional passou a se misturar com as
tarefas do dia a dia e descobrimos que trabalhar em casa pode não ser tão
relaxante como se parecia, mas significar morar no trabalho, ir da cama ao
computador e do computador para a cama dormir novamente.
A
síndrome de burnout é um distúrbio normalmente associado a uma exaustão extrema
relacionada ao estresse crônico no ambiente de trabalho. Informalmente, é até
chamada de “síndrome do esgotamento profissional”, mas agora a ideia de burnout
também pode adquirir novas dimensões.
As
mulheres são as mais atingidas pelo problema, por suas características
femininas ligadas ao perfeccionismo e à vocação para a proteção. Fazem o
contrário da regra passada pelas aeromoças para uso de máscara de oxigênio em
aviões: primeiro socorrem aos outros antes de pensar em si. Tomam para si
obrigações domésticas e familiares, e comumente se sentem devedoras e
insuficientes, que em alguma área estão deixando a desejar.
Exaustão,
irritabilidade e a sensação de que não se consegue dar conta de tudo estão
entre as principais características dos pacientes identificados com a síndrome
que acomete pessoas com personalidade similar. Em geral, aquelas que têm
ambição mais notória, acentuado impulso competitivo, se cobram muito, são
perfeccionistas e que consideram muito a opinião alheia.
Pessoas
muito estudiosas e apaixonadas pelo trabalho, como eu. Se superar significa
também extrapolar e, assim como tudo na minha vida, sempre quis fazer e dar
mais do que muitas vezes o meu corpo me permitia. Foi quando tive um AVC
transitório em decorrência de uma crise de burnout, que, inclusive relato em
meu capítulo no livro Mulheres do Seguro, lançado no fim do ano passado.
Minha
mãe me ensinou desde cedo que as mulheres devem trabalhar, ter o seu próprio
dinheiro e não depender do marido. Meu pai me ensinou a me posicionar
profissionalmente, me valorizando como mulher. Sempre tive a necessidade de
tentar ser a melhor em tudo o que fazia, me superando. Sempre fui extremamente
estudiosa e em cobrança comigo.
O
AVC me fez enxergar que precisamos dar mais valor para nossa saúde, para nossa
família, para o nosso entretenimento, pois o trabalho não pode nos consumir
tanto. Precisamos refletir e aproveitar os bônus o que as realizações podem nos
oferecer, e ter uma vida plenamente saudável, cuidando da mente, do corpo, da
alimentação e do sono – quem vive para trabalhar acaba negligenciando essas
áreas, mas, se for assim, de que vale tanto esforço?
Sigo
buscando pelo equilíbrio e acabei de ler um livro a respeito do tema, o “Dá um
tempo”, da jornalista Izabella Camargo. Como diz o título, é um convite à busca
por limite em um mundo sem limites. Vivemos fazendo tantas coisas por dia que
estamos sempre nos sentindo em débito com alguém. O tempo está passando muito
rápido!
É
importante criar transições do momento de trabalho para o lado pessoal,
proporcionando uma sensação de normalidade. Fundamental também é o cuidado com
o corpo e a saúde. Outro ponto chave é ter bons relacionamentos, neste momento
a tecnologia, quando utilizada com equilíbrio, pode nos favorecer. Menos tempo
para a ilusão das redes sociais e mais para a realidade de ligações por vídeo e
mensagens individuais.
Assim como o trabalho, o lazer tem que ser levado a sério. Momentos de ócio ou de atividades que nos dão prazer são indispensáveis para ativar as ideias, a criatividade, e garantir saúde mental para enfrentar este período de desafios.
Stephanie Zalcman - CPO (Chief Placement Officer) da Wiz Soluções em Seguros e embaixadora da AMMS (Associação das Mulheres no Mercado de Seguros)
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