Mediante os perigos da automedicação, obter informações sobre o tema é crucial no combate a essa prática. Recentemente, um estudo realizado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) constatou que, no Brasil, a prática da automedicação é comum a 77% da população.
Tal pesquisa objetivou a avaliação do comportamento dos brasileiros quanto ao
uso indiscriminado de remédios. Além disso, esses dados também serviram para
subsidiar a campanha nacional de conscientização do Dia Nacional do Uso
Racional de Medicamentos.
Nessa perspectiva, a Farmacêutica Responsável do Hospital Santa Mônica, Mônica
Breves Baruffaldi Clemonte, irá abordar os riscos da automedicação e a
importância do uso racional de medicamentos para manter a saúde em dia. Veja a
relevância desta data para a reversão dos prejuízos resultantes do uso
inadequado de diferentes tipos
de remédio. Acompanhe!!
Qual é a origem do Dia Nacional do
Uso Racional de Medicamentos?
Comemorado em 5 de maio, o Dia
Nacional do Uso Racional de Medicamentos objetiva alertar a população quanto
aos riscos da automedicação para a saúde. O objetivo é ressaltar o perigo que
essa prática representa para quem cultiva tal hábito.
Um dos fatores mais relevantes é utilizar a data para chamar a atenção sobre os
altos índices de intoxicação por remédios entre a população brasileira. Essa
rotina está relacionada aos aspectos culturais e à dinâmica da assistência
oferecida pelos serviços de saúde, tanto na esfera pública quanto na privada.
Há, portanto, riscos potenciais de consequências adversas ao organismo de quem
consome remédios por conta própria. Nessas circunstâncias, o mais comum é que
ocorram reações como dependência, toxicidade e até a morte.
Assim, a criação dessa data visa à divulgação de dados e informações sobre os
perigos da automedicação ou de não seguir as orientações médicas. É necessário
esclarecer a população sobre os riscos da ingestão inadequada dessas substâncias,
principalmente, no que se refere aos efeitos colaterais de remédios sem
prescrição médica.
Por que é importante que haja
conscientização sobre o assunto?
Um estudo
publicado no Scielo apresentou os resultados do uso indevido de medicamentos
entre crianças
e adolescentes brasileiros. Nesse grupo, foi constatado que a prevalência da
automedicação é de 56,6%. Os remédios mais utilizados por conta própria são
anti-inflamatórios, analgésicos e as chamadas smart
drugs.
Logo, priorizar campanhas de educação preventiva é crucial para estimular a
mudança de comportamento em relação ao uso indiscriminado de medicamentos. Isso
porque o consumo correto dos remédios é uma das formas mais seguras de melhorar
a saúde, reduzir a evolução de doenças e salvar vidas.
Entretanto, para evitar o risco desse tipo de complicações ao organismo, o uso
de remédios deve ser feito conforme as orientações médicas. Fora isso, os
medicamentos podem se tornar verdadeiros venenos, já que um dos maiores perigos
da automedicação é a ameaça aumentada de intoxicação.
Mesmo que uma pessoa consiga se restabelecer após a intoxicação por remédios,
os danos ao fígado e aos rins serão permanentes. Isso acontece porque tais
órgãos são responsáveis pela metabolização das drogas presentes na composição
dos medicamentos. Logo, quando há excesso dessas substâncias, as células
hepáticas e renais são lesionadas ou mortas.
Portanto, ainda que pareça uma solução imediata, o uso indiscriminado de
remédios pode fazer mais mal do que bem ao organismo. Isso reafirma a
importância de campanhas como a do Dia Nacional do Uso Racional de
Medicamentos, cuja proposta é induzir à reflexão sobre essa problemática.
Qual é a relação entre o uso racional de remédios e a saúde mental?
Quanto ao consumo de remédios por conta própria, o uso excessivo
dessas drogas e a falta de adesão às recomendações médicas colocam a saúde em
risco. Além disso, de acordo com o tipo de automedicação, ainda podem surgir
graves consequências para o organismo.
Considerando a intrínseca relação entre mente e corpo, os efeitos desse ato não
se limitam apenas ao aspecto físico. Além de provocar maior resistência a
bactérias — devido ao uso inadequado de antibióticos — e reduzir a defesa
imunológica, há o risco de causar dependência também.
Um artigo publicado pela Revista Médica da USP relacionou o uso indiscriminado
de remédios com o desenvolvimento de lesões cerebrais que provocam danos
cognitivos na terceira idade, grupo com maior costume de automedicação. O
material alerta para
a prevalência geral de comprometimento cognitivo leve (CCL) na população de
idosos brasileiros, que é de 15 a 20%.
Quais são os perigos da automedicação?
Diversas são as razões que desestimulam o consumo de drogas medicamentosas sem prescrição. No entanto, é necessário conhecer os perigos da automedicação para assegurar o bem-estar e evitar prejuízos à saúde:
- a utilização de remédios sem prescrição médica
pode mascarar os sintomas, dificultar o diagnóstico e gerar complicações
irreversíveis;
- os efeitos colaterais dos medicamentos podem
agravar outros problemas pré-existentes;
- a ingestão indiscriminada de remédios sem
receita médica eleva o risco de alergias e reduz a defesa imunológica;
- sem acompanhamento médico, há maior risco de
conflito com outras drogas, pois um medicamento pode anular o efeito do
outro;
- a automedicação aumenta a resistência de microrganismos causadores de doenças virais e bacterianas.
Por tal razão, independentemente dos sintomas, o uso indevido de remédios não é recomendável em hipótese alguma. Vale destacar que as razões não se limitam apenas aos efeitos colaterais. Ou seja, além de proteger a sua saúde, ter esses cuidados também evita o acúmulo de remédios em casa, e diminui o risco de incidentes, como a ingestão de medicações vencidas.
Outro aspecto relevante e que envolve essa prática não recomendada é o vício
em remédios. Alguns pacientes — principalmente, os que utilizam
antidepressivos e ansiolíticos — tendem a praticar a automedicação. Casos assim
devem ser acompanhados por profissionais que tenham expertise em terapias
centradas na recuperação da saúde mental.
Portanto, antes de consumir qualquer medicamento, a orientação é realizar uma
consulta médica e seguir as determinações do profissional. Para os casos que se
configuram vício em remédio, e que elevam os perigos da automedicação, o ideal
é contar com o suporte profissional do Hospital
Santa Mônica, instituição especializada em saúde mental.
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