Falamos em recente artigo sobre a necessidade de o Brasil superar a inércia do atual governo e assumir um papel de destaque nas discussões sobre sustentabilidade, entendendo que essa se encontra não apenas na raiz da preservação do planeta, mas também na luta pela redução da desigualdade. Agora, vamos tratar das alternativas que se apresentam para superarmos nosso impasse econômico-ambiental, de forma que tenhamos emprego, renda e consumo sustentável.
Entre muitos movimentos que devem ser
sincronizados, precisamos de um Estado capaz de gerar confiança interna e
credibilidade lá fora. A impressão geral reinante, e absolutamente real, é a de
que temos aqui uma debilidade operacional no enfrentamento dos problemas, o que
de fato gera insegurança, tristeza e vergonha.
Precisamos reagir rapidamente no intuito de
fortalecer a percepção mais ampla da sociedade civil em torno de um melhor
funcionamento da economia, respeitando as orientações das autoridades
sanitárias, com suporte às famílias e negócios mais vulneráveis. Esse cuidado
nos impele a termos reaberturas para a circulação de pessoas com segurança, que
não tragam mais mortes e descontrole.
O aumento do consumo deve ser planejado,
considerando os limites dos recursos naturais locais e globais. Isso demanda um
olhar mais apurado, que possa contemplar o futuro com profundidade.
Uma ferramenta importante para alavancar esse novo
tempo consiste na geração de mais polos de desenvolvimento científico e
tecnológico no país e o apoio aos que hoje já existem. As instituições de
pesquisas são um instrumento que habilita o país a deixar o papel de colônia do
mundo e evoluir para a estratégica posição de parceiro de respeito. Devemos
exigir que aqui possamos desenvolver técnicas e soluções diferentes – muito
diferentes – dessa acomodação criminosa que nos mantêm alheios do melhor da
ciência, regredindo em vez de caminharmos firmes para um porvir que pode ser de
excelentes oportunidades. Esse esforço requer também o incentivo consistente às
nossas universidades, públicas ou privadas.
Queremos, enfim, um novo modelo de nação, em que
não sejamos condenados a exportar comodities. É muito estéril nos conformarmos
com essa única aspiração.
O resgate dessa grandeza passa, por exemplo, com a
reativação de nossos trilhos, com ferrovias para todos, não somente para levar
grãos e minério de ferro para os nossos portos, mas produtos com valor agregado
resultado de um processo forte de reindustrialização; e ainda, e não menos
importante, que a malha ferroviária seja um vetor de integração nacional,
transportando passageiros em deslocamentos de média e longas distâncias.
Cuidar do meio ambiente não é um estorvo para uma
sociedade. Ao contrário, é uma dádiva a ser vivenciada a cada dia por quem
desfruta de um país continental, rico em recursos naturais e diversidade geográfica.
Vamos construir, estrategicamente, passo a passo,
essa rota para um futuro de sustentabilidade no país, priorizando parcerias
responsáveis de médio e longos prazos para transformarmos o Brasil num imenso
canteiro com obras sustentáveis, de forma a aproveitar as especificidades
regionais e suas infinitas complementariedades.
José Manoel Ferreira Gonçalves - engenheiro,
jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em Ciência Política pela
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, integrante do
Engenheiros pela Democracia e presidente da Ferrofrente – Frente Nacional pela
Volta das Ferrovias.
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