Em tempos em que os números de mortes por Covid-19, anunciados diariamente, preocupam e assustam a todos, estimativas reveladas recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação às mortes causadas pelo sedentarismo nos fazem pensar que além da batalha contra o coronavírus, devemos nos entrincheirar para combater também os maus hábitos que ameaçam a saúde e a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
De acordo com estimativa da OMS, até 5 milhões de
mortes por ano poderiam ser evitadas, em todo o mundo, se tivéssemos um aumento
na prática de atividade física regular. Considerada como a doença do século, o
sedentarismo está associado ao comportamento ou acomodação decorrente dos
confortos que a vida moderna trouxe à boa parte da população. Os riscos desse
mau hábito para o nosso corpo são inúmeros, entre eles doenças
cardiovasculares, osteoporose, diabetes, obesidade, aumento do colesterol,
hipertensão arterial, infarto do miocárdio, entre outros. O risco de um infarto
é, em média, 54% maior em pessoas sedentárias; e o de derrame cerebral, 50%
maior.
Ainda de acordo com dados da OMS, um em cada quatro
adultos não pratica exercício físico suficiente. O mesmo acontece com quatro de
cada cinco adolescentes. Além dos prejuízos para a saúde, estima-se que, em
todo mundo, o sedentarismo custe US$ 54 bilhões em cuidados diretos de saúde,
além de outros US$ 14 bilhões em perda de produtividade. Para mudar este
cenário, devemos combater o sedentarismo em todas as idades e circunstâncias,
até mesmo em situações de pessoas que vivem com limitações físicas ou condições
crônicas. As novas diretrizes da OMS sugerem que devem ser destinadas pelo
menos duas horas e meia a cinco horas, por semana, para atividade aeróbica
moderada a vigorosa, no caso dos adultos. Para crianças e adolescentes, a média
recomendada é de uma hora por dia.
A Covid-19 fez com que muitas pessoas se isolassem
em casa, reduzindo drasticamente a movimentação e a atividade física. Novas
recomendações da agência de saúde mundial afirmam que, apesar do cenário
pandêmico e da necessidade de ainda mantermos o distanciamento social, as
pessoas, em todas as faixas etárias, devem se manter ativas fisicamente.
Devemos nos mover todos os dias, encontrando dentro da realidade de cada um as
condições ideais de segurança para tanto, seja com a prática de desportos ou
até mesmo mantendo a regularidade em práticas como caminhada, dança e
atividades domésticas, como a limpeza.
As novas diretrizes contra o sedentarismo incluem
ainda o incentivo às mulheres a manter a atividade física regular durante a
gravidez e após o parto. Entre os muitos benefícios da prática regular de
atividade física estão a prevenção e o controle de doenças cardíacas, diabetes
tipo 2 e câncer. O exercício físico regular ajuda também a diminuir os sintomas
da depressão e ansiedade, reduzindo o declínio cognitivo e melhorando a memória
e a saúde do cérebro. Ser fisicamente ativo pode prolongar a nossa vida e até
mesmo garantir a qualidade de vida nos anos finais da nossa existência. No caso
dos idosos, deve haver o cuidado de incluir na rotina atividades que estimulem
o equilíbrio e a coordenação, além do fortalecimento muscular, o que ajuda na
prevenção de quedas e melhora da condição física.
Por tudo isso, o conselho a ser dado é
movimentar-se regularmente. Cuidar para manter hábitos saudáveis de vida onde o
sedentarismo não encontre brecha para se estabelecer. Porque para essa doença
não existe vacina.
Fabiano Lago - endocrinologista
da Estância do Lago - Spa & Wellness.
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